Capítulo Dois

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- Pare de assistir séries de madrugada para não se atrasar. - Minha mãe disse tirando as cobertas de mim.

- Me deixe dormir, hoje é sábado! - Disse tampando meus olhos contra a claridade vinda da janela.

- Hoje não é sábado, é sexta! - Disse minha mãe e jogou um copo de água em mim. - Levanta, você tem aula.

- Não precisava da água. 

- Com as suas notas, eu deveria jogar granizo em cima de você. - Ela disse enquanto arrumava o cabelo no espelho da sala. - Se não passasse toda noite naquele dojo com certeza teria tempo para estudar.

- Você sabe que sem o dojo, eu não estaria aqui né? - Falei e ela fez uma expressão de "tem razão". - Eu estaria morando com o papai em alguma aldeia indígena da América do Sul para mais uma pesquisa de campo dele.

- Seu pai é louco, assim como a decisão do divórcio veio dele. - Minha mãe é uma mulher incrível, trinta e sete anos de pura determinação e anos de aulas de defesa pessoal. - Vá se arrumar para a escola! Taehyung ligou mais cedo falando que te daria carona.

- Sério? Tenho medo de morrer dentro daquele carro. - Falei indo até o banheiro.

- Quando eu tinha a sua idade, sairia no tapa para sair com um garoto que tivesse um DeLorean.- Ela sorriu, era fã de Taehyung.

- Hoje eu só quero um cara que saiba gravar as coisas em CD's. - Disse antes de me trancar no banheiro e começar tudo de novo.

Acordar, tomar banho, calça jeans, blusa qualquer e minha blusa jeans por cima, all star mais velho que o carro do Tae, tomar café da manhã com a minha mãe e Rafael e, infelizmente, ir para a escola. O destaque para o dia de hoje era o DeLorean que me esperava na rua da minha casa. Taehyung sempre se vestia da mesma maneira: jeans pretos e às vezes rasgados, alguma camiseta sem estampa por baixo de uma camiseta xadrez aberta e com as mangas dobradas até a metade de seus antebraços:

- Você  parece tão hipster olhando de longe, nem parece que eu consigo te quebrar em qualquer luta que fizermos. - Ele riu encostado no capô do carro dele. - Mas só parece.

- Só não revido pois existe uma lei falando que eu não posso te bater. - Rimos.

- Então, para que ano você vai me levar, Doctor Emment Brown? - Indaguei ao entrar no banco do passageiro.

- Que tal a gente ir para daqui a dez minutos no futuro antes que você perca a sua chance de entrar para o jornal da escola. - Quase não acreditei no que Tae estava dizendo. - Não surte, ok? Você precisa dessa experiência, então eu falei com a Alice, que é editora chefe do jornal, e te ofereceu um lugar na redação, ela gostou de alguns de seus textos e acha que você tem o "Q" que o jornal da escola precisa.

- Ah! Obrigada! Obrigada! Obrigada! - Falei abraçando Taehyung ao volante.

- Pra você conseguir isso, primeiro: eu não posso bater esse carro e matar nós dois. E segundo, você tem que chegar lá 8h pontualmente. - Ri e deixei Tae dirigir.

Chegamos a South Coast High School, lar da gaivota, o mascote mais tosco que eu já vi. Como toda a escola do país e do mundo, existem aqueles alunos que se destacam entre a plebe que é o ensino médio, por aqui, o destaque se encontra no time de basquete, o cestinha de todo jogo: Park Jimin. Ele é o astro do esporte, o mais bonito e o sonho de quase todos os hormônios femininos do colégio, eu  recusaria mil vezes se algum dia Park chegasse em mim oferecendo alguns beijos, ele certamente receberia um chute em três possíveis lugares: no rosto, no estômago ou nas partes íntimas. Eu via sempre Park Jimin e sua gangue perto dos armários, sempre tagarelando e exibindo aquelas jaquetas horrorosas do time, quanto mau gosto.

Achados e Perdidos § Yoongi - BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora