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Olhei outra vez para ter a absoluta certeza de que não estava alucinando, mas era tudo verdade e havia sido seleccionada para bolsa de estudos e meu coração quase teve uma parada e instantaneamente minha mão tocou em meu peito, pensando que poderia ter um infarto se não me acalmar.

— Seu nome também não está na lista? — Uma moça disse ao meu lado e a olhei sentindo-me trêmula pelo impacto.

— O meu nome consta na lista! — Respondi sorrindo, mas a mulher que parecia triste fechou a cara e semicerrou os olhos.

— Era de se esperar! — Ironizou com um sorriso desdenhado.

— O quê? — Perguntei confusa.

— Só foi escolhida por causa desse rosto bonito, corruptos filhos da puta! — A moça vociferou e deixou a sala irritada.

Talvez sorrir em resposta da sua pergunta não foi a melhor escolha para quem não tinha o nome anexado e ela se sentiu mal e disse o que disse. Ignorei seu comentário e deixei que outros adentrassem e fui para a recepcionista fazer a inscrição e estava com todo o meu documento para realizar a inscrição por precaução e não ter que fazer outra viagem e gastar o pouco dinheiro que tinha.

Depois de alguns minutos, já estava inserida na universidade. Deram-me o honorário e plano curricular das minhas aulas e o turno, ficando aliviada que seria em tempo diurno e assim irei conseguir cuidar do meu irmão. Me inscrevi na faculdade de Direito e percebi o quanto era eficaz a instituição. Voltei para a casa, seguindo com a rotina e quando a dona Makuala havia chegado em casa, contei tudo a ela e pulamos de tanta alegria. 

— Amanhã mesmo eu vou comprar os materiais necessários para quando começar a estudar, sei que são caros e nem vem me abrir essa boca e falar para não comprar. E algumas roupas novas também. — Minha mãe disse enquanto eu a encarava com a cara nada boa por ela me arralhar enquanto me amava do seu jeito esquisito. 

— Não é necessário comprar roupas novas mamã, o que tenho já é o suficiente. — Disse enquanto colocava seu jantar na mesa. 

— É necessário sim, você estará com muita gente fina por lá, não quero que se sinta mal por não estar igual a elas, ninguém pode te baixar por causa de suas roupas. — Disse enquanto colocava uma garfada na boca. 

— Não mamã não te preocupe com isto. Eu sei lidar com todos os tipos de olhares. Eu não me importo com esse factor material. O importante é que irei estudar. — Falei enquanto colocava a louça suja e começar a lavar. 

Minha mãe terminou de jantar, se despediu e foi para o quarto dormir depois do banho. Estranhei por ela não insistir tanto na sua ideia de comprar roupas novas. Deixei meus pensamentos para lá, e continuei com o meu trabalho até terminar e ir para a cama. Estava tão ansiosa para começar a estudar em uma universidade que não consenguir parar de sorrir.

Dois meses haviam passado, e era o primeiro dia de aula. As aulas começavam as oito da manhã e tinha que sair mais cedo se quissesse chegar mais cedo e evitar o trânsito ou perder o combóio. Acordei as quatro da manhã e fui me arrumar rápido com o céu ainda escurecido. Coloquei calças jeans escuras, era a mais preservada que tinha e uma blusa e uma sandália preta que recebi da minha mãe dois dias atrás e mesmo não gostando dela ter gastado dinheiro, me sentia feliz com as roupas.

Penteie meu cabelo e fiz duas tranças corridas, passando gel na lateral nele para não embaraçar e estava bonita de um jeito simples. Era muito cedo e todos estavam dormindo e minha mãe se encarregou de levar o meu irmão para a escolinha todas as manhãs e assim poderia ir para a universidade sem perder nenhuma aula. Peguei minha bolsa e coloquei todos os materiais que iria precisar naquele dia.

Traficada - [DEGUSTAÇÃO]- Kindle UnlimitedOnde histórias criam vida. Descubra agora