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Por um dia inteiro, havia conhecido Theodore da mesma forma que conheci o meu amigo e pela simplicidade do rapaz, eu havia passado um dia bom, esquecendo-me por algumas horas as minhas preocupações. Ele não parava de falar em nenhum momento, o seu sotaque era um pouco engraçado e algumas vezes se atrapalhava nas palavras, mas ele tinha domínio do idioma. Theo era péssimo em contar piadas, ou era eu que não entendia nada de suas piadas, mas ele parecia ser um rapaz bom e um pouco infantil.

Depois de comer, me obrigou a ficar deitada até o soro terminar. Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios, eu conseguia conversar com ele sem receio ou medo ao pensar que era igual a Ronald ou Steven ou mesmo seu irmão que parece sempre gélido quando aparecia na minha frente e era um pouco sufocante. Theo me tranquilizava garantindo que estava segura com eles e nada do que eu passei vai voltar a acontecer. 

Confessou que queria ser meu amigo, não sabia o motivo dessa vontade, mas ele parecia sincero quando contava de sua necessidade e familiaridade comigo, etnão não me restou alternativas senão aceitar seu pedido de amizade.

Ficamos no quarto enorme daquele homem frívolo esperando a o soro terminar, eu estava deitada e com o Theo ao lado falando para uma tal de Brittany no smartphone, eu não entendia o que acontecia, ele falava em seu idioma e eu não conhecia muito desse dialeto, apenas o que aprendi e alguns rascunhos do Kimbundo que ouvia minha mãe a falar quando estava chateada ou quando conversava com as vizinhas. 

Lembrar da minha mãe me causava um aperto no coração, tinha tanto medo que a sua doença voltasse e que possa a ser fatal por saber o quão longe estava de casa, ela não aguentaria duas perdas. Não sei a quanto tempo estava longe de casa, mas eu sabia que voltaria.

— O que foi? — Theodore indagou enquanto largava o seu celular.

— O quê? — Sai do meu transe quando o ouvi dizendo meu nome.

— Porquê está quase chorando? 

— Não é nada! — Murmurei limpando as lágrimas sem perceber.

— Somos amigos ou não? — Assenti como resposta.

— É só que estive pensando em casa...  e na minha mãe. — Suspirei engolido seco goela abaixo. — Ela deve estar muito mal, faz algum tempo que teve problemas de saúde, uma crise quando meu pai morreu, não tinha aguentado a perda e eu tive que apoia-la a todo o momento, agora que eu não estou mais com ela, ela não vai aguentar duas perdas em tão pouco tempo... — Não consegui terminar de falar por causa da angústia. 

Theodore me abraçou e afobava os meus cabelos trançados. Eu chorava no seus braços largos. Ele tinha a mesma áurea protetora igual ao Erick, quando sentia seus abraços e era como se  tivesse um irmão mais velho. Me afastei dele depois de me acalmar, limpei meu rosto e me olhou com um sorriso nos lábios complacente a minha dor.

— Você quer voltar para a casa? — Perguntou me deixando perplexa, quase tinha certezas que não me deixariam ir para a casa. 

— Sim, por favor! — Falei quase gaguejando. 

— Então vou te levar para a casa. E verá que a sua mãe está bem. 

Não aguentei a emoção e o abracei agradecendo repetidas vezes. Theodore sorria com a minha euforia inesperada. Não acreditava que voltaria para a casa, era o que mais queria naquele momento, estar de volta para onde nunca devia ter saído daquela maneira desumana. 

Não sabia o que estava a sentir naquele momento, era uma mistura de felicidade, de preocupação e de expectativa. Quando limpei meus olhos, sentia meu coração palpitar, com pequenos soluços calados,  olhei para Theo que me encarava piedoso pela minha situação, mas em algum momento eu desviei os olhos dele para a porta do quarto e vi Taylor parado, nos encarando.

Traficada - [DEGUSTAÇÃO]- Kindle UnlimitedOnde histórias criam vida. Descubra agora