Quando o Amor Acontece

Capítulo 14

Mais uma vez senti o gosto da bile na minha boca e saí correndo até o banheiro antes que passasse vexame.

Como assim o Brandon era meu professor? Por que ele não me disse isso ontem? Tá certo que eu nem perguntei o que ele fazia da vida. Mas eu pensei que ele fosse estudante como eu. Afinal ele disse que frequentaria o campus também. Eu entendi tudo errado.

Entrei no banheiro correndo e vomitei na primeira cabine que encontrei. Depois fui até a pia e lavei meu rosto. Minha imagem refletida no espelho não era nada boa. Por que será que saber sobre o Brandon me afetou tanto? E o Tyler? Não falo com ele desde sábado. Depois das mensagens que eu não respondi ele não me procurou mais. Será que já me esqueceu?

Não sei quanto tempo fiquei no banheiro, mas quando saí, percebi que a aula já havia acabado e as meninas estavam  me esperando sair. 

-O que deu em você? -Kim perguntou.

-Vocês lembram do cara que conheci na praia? -eu falei. Elas me olharam respondendo em silencio. -Pois é, ele é o nosso professor, Brandon. -Stefanny que estava tomando um refrigerante quase cuspiu fora.

-Puta merda. -Kim gritou. Algumas pessoas no corredor olharam pra ela, que mandou dedo de volta. Eu apenas revirei o olho e as puxei de lá. 

Não sei como vai ser a partir de agora. Eu amo desesperadamente o Tyler, mas não posso negar que o Brandon mexeu comigo. Não sei se é porque estou fragilizada por conta do que aconteceu, mas o fato é que ele despertou algo em mim.

Depois da aula, fui para a cafeteria trabalhar um pouco e esfriar a cabeça. gosto desse lugar. o cheiro de café me acalma e o movimento de entra e sai das pessoas não deixam o lugar ficar sem graça. Meu pai está no caixa quando cheguei. Eu entro e dou um beijo em seu rosto. Vou para a cozinha, pego uma tortinha de frango e quando volto para o salão, dou de cara com Tyler. Sua aparência não é das melhores. Cabelos desgrenhados, barba por fazer, olheiras. parece que não anda dormindo direito.

Ele se senta numa mesa e meu pai me manda ir até ele. Obrigada, papai!

-Quer café? -eu pergunto. Quando ele me olha meu coração dispara. Vejo sofrimento em seus olhos. Nesse momento eu percebo que sou só dele. Não tem mais ninguém nesse mundo que me faz ficar assim, de pernas bambas. 

-Só se você tomar comigo. -ele fala apontando a cadeira a sua frente. Olho no relógio e ainda falta 15 minutos pra o meu turno começar. Eu  me sento e ele pega minha mão. Eu olho assustada para ele e depois para o papai que está no caixa.

-To cansado de esconder. Que se foda! -ele fala e se levanta indo em direção ao meu pai. Eu levanto desesperada  vou atras dele tentando impedir mas percebo que é tarde demais.

-Alex, estou namorando sua filha. -ele fala. Papai o olha em silencio, depois me olha e percebo no seu olhar que a coisa não vai ser nada boa. E quando acho que a coisa não podia piorar, Mary entra na cafeteria. Ela nos olha e percebe que tem algo de errado.

-O que houve aqui? -ela pergunta mas ninguem responde. Papai então quebra o silencio.

-Esse seu filho quer namorar minha filha. Vê se pode? -Papai esbraveja. -Não vou permitir isso. Que futuro você daria a ela? Não trabalha, só vive em farra. -ele fala ainda mais irritado. Eu Fico sem ação nenhuma, apenas escuto tudo. 

-Isso não é assunto para conversarmos aqui. Vamos para casa. -Mary fala, já chamando alguns funcionários para tomarem conta da loja. Seguimos todos no mesmo carro para casa. O silencio é quase cortante. Chegando em casa o furacão realmente começou. Papai gritava de um lado, Mary gritava de outro. Tyler calado num canto da sala me olhando. Eu sentada no sofá querendo morrer. Até que meu celular apitou.

Quer fugir?

Eu olho pra ele. E sem responder me levanto do sofá e saio. Ele vem atra de mim e saímos de moto do meio daquela confusão. Meu pai vai ter que aceitar. De um jeito ou de outro. Eu amo o Tyler e não vou abrir mão dele assim tão fácil.

Fomos para o nosso lugar favorito. A praia. Ele senta na areia e me puxa para sentar no meio de suas pernas. Ficamos um tempo ali apreciando as ondas. Até que ele fala.

-Achei que fosse te perder.

-Eu amo você Tyler! Não vou deixar que nada se intrometa em nossa vida. Nem Nicolly, nem papai. Se ele não aceitar, paciencia. Já sou maior de idade e posso me virar sozinha. -eu o tranquilizo. Ele me abraça forte e nesse momento, mais do que nunca, percebo que meu lugar é nos seus braços.

Ele pega os fones de ouvi e coloca pra tocar uma das músicas mais lindas que já ouvi. More Than Words, do Extreme. E é exatamente assim. O que sentimos, é muito mais do que palavras. Não dá pra ser descrito apenas com palavras. Tyler é meu coração, meu corpo, minha alma.