Promise

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Acordo com o celular tocando. Pego-o e vejo "Morgan" escrito na tela. Ignoro. Alguns segundos depois, o celular vibra. Novamente o pego e vejo que recebi uma mensagem.

De: Morgan

Vem logo! Temos um caso.

Levanto e, lentamente, pego umas roupas e me encaminho para o banheiro. Depois de tomar banho e comer alguma coisa, saio do meu apartamento. Quase imediatamente, consigo um táxi, mas por causa do trânsito, acabo me atrasando cerca de trinta minutos. Chego no escritório e vejo minha equipe reunida já trabalhando:

- Desculpem o atraso.

- Espero que ela tenha valido a pena. - diz Morgan - Espero que seja "ela"

- Estava no cinema - respondo

- É? Por que não nos conta a história?

- Tive que sair mais cedo, então, não sei...

- Sei que é tarde e estamos cansados, mas temos dois policiais mortos. - Hotch diz - JJ.

- Certo. O morador, Andrew Sanders, 40 anos, foi morto a facadas. A filha dele, Emily, de 22, foi sequestrada, mas a encontraram morta a cinco quilômetros da cena do crime.

- A garota estava no andar de cima quando a casa foi arrombada. Ela ligou pra polícia, enquanto o pai era esfaqueado. Apenas uma viatura atendeu ao chamado. Os policiais foram mortos a tiros, e ela, arrastada, violentada e estrangulada. - Prentiss completa

- Gente - Garcia aparece na tela do computador, parecendo preocupada -, um casal foi baleado a treze quilômetros dos Sanders. A filha mais velha desapareceu.

- Mais velha?

- Sim, a mais nova conseguiu chegar a uma delegacia e prestou queixa.

- Rossi e eu vamos para a primeira cena do crime - diz Hotch, já de pé - , Morgan e Prentiss, segunda cena. Reid, você irá com a JJ falar com a garota. Garcia, nos mande os endereços.

- Sim, senhor - responde ela, batendo continência

E com isso, todos nos levantamos e vamos para nossos destinos. Assim que saímos do prédio, meu celular vibra com a mensagem da Garcia, nos dando o endereço da delegacia, que fica perto do meu apartamento.

- Se eu soubesse, te encontraria aqui. - digo pra JJ

- É, mas não sabíamos que o Hotch te mandaria vir comigo, ele sempre manda a... - responde e vira pra mim, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha - Você não estava no cinema?

- Sobre isso... - começo a me explicar, mas ela me corta

- Me conta no caminho. Vamos.

Ao chegarmos lá, nos apresentamos e somos levados à sala de interrogatório. Confuso, me viro pra policial que nos levou até ali:

- Por que ela está aqui?

- Ela pediu. - disse simples - Entrem.

Quando a policial abriu a porta, a garota deu um pulo da cadeira e encostou as costas na parede. Ela parece pequena, indefesa, apesar de ter levantado os punhos, pronta para acertar o que fosse. Morena, de olhos cinzas, com a pele levemente bronzeada. Quando percebeu que éramos policiais, abaixou os punhos e sentou em uma das cadeiras.

- Está numa delegacia. Não se preocupe, vamos te proteger! - JJ disse, gentilmente, mas a garota riu sem humor

- Não prometa o que não pode cumprir

- Por que diz isso?

- Porque, se as coisas forem como na tv, ele virá atrás de mim. Não é verdade? - pergunta, olhando minha parceira nos olhos, mas tem sua resposta quando esta quebra o contato visual. Ela parece engolir o choro - Meus pais...eles...?

- Sinto muito, querida. - com isso, percebi o motivo de Hotch me querer aqui. Sou meio antissocial. Ele quer que eu me conecte com os parentes das vítimas, para passar segurança para eles. JJ sempre consegue fazer isso, mas ela, como mãe, está claramente abalada. Também estou aqui caso ela perca o controle. - Qual é o seu nome?

- Natalie Williams.

- Natalie, sou a agente Jareau - ela aponta pra mim - Esse é o Dr. Reid. Pode nos contar do que se lembra?

- Meus pais tinham acabado de chegar do trabalho, Nicole e eu estávamos no andar de cima, assistindo Star Wars pela internet. Como sempre, eles foram nos cumprimentar, e nós começamos a arrumar as coisas na sala. É que todo sábado à noite, quando eles chegam, vemos um episódio de Game of Thrones. Mamãe pediu pizza. Quando a campainha tocou, papai abriu a porta - ela fungou e respirou fundo antes de continuar, dessa vez com a voz trêmula - Ele abriu a porta, e ouvimos dois disparos. Quando o papai caiu, mamãe gritou, e o homem entrou em casa. Nicole subiu as escadas e eu peguei meu celular e me escondi no armário perto da porta, quando ele foi na cozinha. Tentei ligar pra polícia, mas estava dando "fora de área". Foi quando ouvi outro disparo. Eu sabia que tinha sido a mamãe. Ouvi passos subindo as escadas, mentalmente pedi perdão a minha irmã, e corri. Quando estava do outro lado da rua, ouvi gritos, mas não parei. Não consegui parar - ela agora soluçava - Eu abandonei minha irmã. Eu a abandonei e agora ela sumiu - sussurrou, e senti a necessidade de protegê-la a todo e qualquer custo

- Você fez o certo - afirmo - Foi uma tragédia o que aconteceu, mas você está viva! Você sobreviveu! E eu te prometo: faremos o possível para encontrar sua irmã. Nós vamos pegar esse cara e...

- Eu o vi - me interrompe, baixinho

- O quê?

- Eu o vi. - repete com mais firmeza, agora me encarando - Quando ele entrou em casa, eu o vi. Estava de máscara, mas sei como ele é. Branco, alto como você, loiro, tatuagem subindo pelo pescoço.

- Quantos anos ele aparentava ter?

- Pelo porte físico? Vinte e pouco.

- Bom trabalho, Natalie. Muito bom mesmo.

- Por favor, achem minha irmã.

- Prometo que faremos o possível. - quando estava prestes a sair, me virei - Natalie, ele não vai te pegar. Você está segura aqui.

- Só estarei segura quando ele estiver preso... ou morto.

Me viro e saio, logo alcanço JJ.

- Não podemos prometer nada a ela, sabe disso.

- Apenas prometi que encontraríamos a irmã.

- E que ele não chegaria perto dela. Não devia ter feito isso!

- Eu fiz uma promessa, e vou cumpri-la...custe o que custar!

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