Dirijo o mais rápido que o limite de velocidade e o trânsito me permitem, o que não é muito. Depois do que pareceu um século, chegamos no endereço que Garcia nos passou. Assim que estaciono, JJ e Prentiss pulam do carro. Desço também e tento correr em direção a ela, mas sou impedido por Morgan, que me segura pelo ombro e balança a cabeça. Ele me puxa leva até uma senhora e me explica que ela que ajudou a Natalie. A senhora nos conta que a minha menina bateu em sua porta, pedindo ajuda, mas que foi só isso e jurou nunca tê-la visto antes.
Morgan me arrasta até o Hotch e conta o que descobrimos. O chefe me pede para ajudar JJ e Prentiss, mas diz que devo tomar cuidado. Ele não me diz o porquê, nem Morgan, que parece saber o que ele quis dizer. Ao me aproximar, ouço Natalie falando sobre a roda e as agentes parecem confusas.
- A roda era um método de tortura muito utilizado por séculos. O condenado era amarrado e morto a marteladas ou golpes de maças. - explico e me arrependo. Devo ter assustado Natalie, pois ela estremeceu e pareceu se encolher.
Então, finalmente, a examino. Percebo que está nua por baixo do sobretudo. Tinha sangue seco em suas coxas e ela estava toda machucada. Seu rosto abatido. Tão magra. Natalie foi destruída naquele lugar.
- Reid, era pra estar com a senhora - JJ me repreende
- Hotch me mandou aqui - me viro pra ela - É o meu trabalho, JJ.
Então, Prentiss segura as mãos de Natalie e diz que a levaremos ao hospital, mas fica para ajudar os outros. Parece que ela vai com o Morgan para a universidade e Hotch e Rossi vão para a casa do desgraçado.
Entramos no carro e JJ pede que ela nos conte tudo, cada detalhe que lembrava. E ela contou, estremecendo com as próprias lembranças. Chorou ao nos contar do estupro e da irmã supostamente viva. Ela disse que tinha visto o rosto dele, que o reconheceu. Andrew Parker. Natalie confirmou tudo o que foi falado na reunião com a minha equipe mais cedo. A cada palavra que saía de sua boca, eu o odiava mais. Sentia vontade de matá-lo.
Por fim, chegamos ao hospital. Fiquei na sala de espera enquanto JJ a acompanhava no exame. Pelo que Natalie nos contou, não daria em nada, mas precisávamos tentar. Então, depois que o exame acabou, deixei as duas no escritório e fui pra casa dos Williams. Entrei e subi as escadas. Me sentia estranho. Entrei no quarto de Natalie e peguei algumas roupas, colocando na mala que achei debaixo da cama. Quando terminei de apontá-la, saí de casa e entrei no carro, dirigindo de volta ao escritório. Não sabia se ela ficaria na casa da JJ ou da Prentiss, ou se ficaria na delegacia mesmo.
As portas do elevador se abrem e me deparo com Morgan:
- Até que enfim! Já estava indo te buscar!
Não duvido. Entramos na sala e a primeira coisa que vejo é Natalie encolhida na poltrona, parecendo alheia a tudo e a todos. Rossi abre um espaço pra mim ao seu lado no sofá. Sento e olho pra ela, que está com os olhos fechados. Quando Hotch vai falar, ela pergunta:
- Ele vai matar minha irmã, não é?
- O quê?
- Por que acha isso, querida?
- Ele queria que torturássemos uma à outra, mas eu fugi. Ela vai matá-la?
- Não, ele virá atrás de você - Rossi responde -, mas é por isso que estamos aqui. Te colocaremos na proteção à testemunha. Ficará no apartamento de um dos agentes, que estará lá com você, e terá policiais disfarçados na entrada, além de viaturas a menos de uma quadra. - ele se inclina e toca na mão dela - Faremos o possível pra te proteger, Natalie.
- Quem é o agente?
- O dr. Reid. - responde Hotch, me surpreendendo
- Por que? - pergunto
- Você prometeu protegê-la e ela confia em você.
- Valeu, Hotch - Morgan agradece ironicamente ao chefe, que o ignora
- Eu acho uma boa ideia - diz JJ, atraindo a atenção de todos - Quando a conhecemos, você o encantou...
- JJ! - protesto mas, assim como Morgan, sou ignorado
- ...e ele é sensível o bastante pra te deixar em paz até que você peça o contrário, além de já ter sua confiança.
- Precisava mesmo dizer aquilo?
- Todos nós já sabíamos mesmo - responde, dando de ombros. Bufo
- Por mim, tudo bem - diz Natalie, apertando os braços em volta de si
- O quê?
- Se você concordar, tudo bem. - diz me encarando e me surpreendendo
- Então, está bem - digo depois de um tempo
Depois daquele dia, Natalie começou a morar comigo. Eu ficava o dia todo em casa, e ela, trancada no quarto de hóspedes. Até que numa noite de tempestade, ouvi minha porta sendo aberta e ela entrou:
- Dr. Reid - me chama -, posso ficar aqui? - apenas assinto
Ela fecha a porta e deita na cama, me abraçando. A envolvo com meus braços, a puxando para mais perto:
- Aliás - sussurro -, me chame de Spencer. - digo e, à luz de um relâmpago, vejo que ela sorri.
Não demora muito e percebo que ela está dormindo. Sorrio, vendo-a em meus braços, e durmo também.
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Promise
RomanceSpencer Reid não esperava se apaixonar, mas quando a viu, sentiu necessidade de protegê-la, como se fosse dele. E, naquele momento, já abalado pela menina, prometeu a ela que seria protegida, e a si mesmo que o faria.