Querido Art

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Querido Art,
Quase posso te ver, daqui onde estou, olhando pela janela. O que você ver ai? Quando você coloca a sua cabeça para fora do seu quarto apoiando os braços na mesinha, você encontra algo, ou se esconde?
Já percebeu que seu olhar é como o de olhos fechados? Você não vê nada, porque olhar pela janela para você é como se esconder debaixo da cama. Lá fora tem muita vida para ser encontrada, porém, querido Art, você é medroso demais para abrir a porta, sair para fora e descortinar o mundo, ao contrário disso você abre as cortinas do quarto e se esconde olhando o mundo de fora. Você entende que é lá fora que a vida acontece. Sente-se mal por ter apenas um bom computador para jogar. Quando o comprou sentiu como se estivesse ganhando um amigo, mas com o tempo percebeu que nas veias de uma máquina não há sangue, apenas correntes elétricas que pouco a pouco te dominam. E você está dominado pela sensação de vitória que os jogos podem lhe proporcionar, chats nas madrugadas frias com desconhecidos. Está mais uma vez olhando o mundo por um vidro. Sente-se sozinho... mas é exigente quem está por perto não é bom o bastante para ser a sua companhia. Art, como gostaria de poder um dia vê-lo diferente. Seria um bem que faríamos a nós dois.

Com carinho,

A. A.