Capítulo 3 - Promessas.

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Aka encarou aquela mulher a sua frente ainda sem fé, a pessoa de que se lembrava era tão diferente, o seu olhar naquela noite era a coisa mais esperançosa e marcante de que tinha memória, tão diferente daqueles olhos afugentados que a fitavam agora. Contudo, de fato algo nela parecia familiar.

— Não é não! — Aka retrucou. Masaki virou seu olhar para Valerie e Akamatsu, então ambos entenderam que era hora de deixa-las a sós. Assim que Masaki ouviu o barulho do correr da porta voltou a fitar a garota.

— Sim, sou eu, pequena Hoyashiro! — Ela delicadamente pegou nas mãos feridas e arredias de Aka e a encarou no fundo dos olhos, quando piscou era como tivessem voltado no tempo. 

Aka olhou ao redor, toda a fumaça e o caos, muros e casas em ruínas eram tão reais e assim que olhou para frente estava segurando suas mãos àquela mulher que a salvou.

Mesmo que quisesse, Masaki não conseguiria conter as lágrimas pesadas que teimosamente caiam sobre suas bochechas, eram lembranças muito fortes que traziam de volta temores e feridas que nunca cicatrizaram. Ela passou a palma da mão rapidamente pelo rosto o enxugando e tornou a encarar a menina de cachos avermelhados, que observava ao redor com tormenta e desolação. 

Buscando evitar que o pesar daquilo a afetasse mais, Masaki estalou os dedos e ambas retornaram à realidade.

Perdoe-me! — Foram as únicas palavras que conseguiu proferir antes de abraçar Aka. 

Era como se parte do peso de suas costas virasse pó naquele instante. Aquele momento era muito mais que um reencontro, era o romper dos grilhões de um coração aflito por muitos anos. 

— Não foi sua culpa, não foi culpa de ninguém e é uma pena que só agora, depois de tantos anos, eu venha a saber disso... — Aka confessou olhando para Mikadzuki ao seu lado. 

A garota de cachos rebeldes balançou os braços sentindo as correntes que a prendiam às grades da cama. Recordou-se então que ainda era a vilã ali e que as pessoas tinham plena convicção de que fora a responsável por toda aquela destruição. Levantou um dos braços com indiferença, mostrando-as a Masaki.

— Lamento informa-la, mas receio que tenha que me levar a masmorra. — Declarou carrancuda. 

A Xogum franziu o cenho, confusa, e então novamente Aka apontou para as janelas e Masaki caminhou até elas, apoiou-se no peitoril e pôs-se a observar o panorama de destruição pela primeira vez. Engoliu seco ao ver a gravidade que aquilo havia tomado, justificava as correntes, mas não toda a devastação e complacência de Aka ao aceitar aquela culpa.

— O que aconteceu? — Masaki a questionou séria desta vez.

— Eu poderia te contar, mas prefiro que seus soldados a relatem. Eu não confio nas minhas lembranças quando Harpas toma meu lugar. — Aka a respondeu com sinceridade, a Xogum então assentiu e suspirou de modo pesado.

— Tudo bem, atenderei o seu pedido, mas por hora você fica aqui! Mas, não pense que se tiver alguma parcela de culpa eu irei poupá-la... Não existe essa possibilidade, de modo algum! — Masaki virou seu olhar para Mikadzuki e tornou a falar — Eu odeio a guerra, e ainda que se fundamentem em antigas mágoas, tendo razão ou não, eu não tolerarei uma em meu território! — Declarou concisa.

 Aka assentiu novamente e desviou seu olhar evitando uma má resposta.

— Não se preocupe, eu não farei nada, mas também não hesitarei se ela me atacar. — A ruiva respondeu contra-atacando e Masaki limitou-se a ignorá-la, por mais que aquele momento mexesse com seus sentimentos ela ainda ditava as regras ali.

The Flaming Woman - A guerreira CarmesimOnde histórias criam vida. Descubra agora