Capítulo 4 - Vingança.

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Mikadzuki ainda observava Aka sem compreender como havia tanta convicção em suas palavras, que até pouco tempo atrás pareciam fruto de uma insanidade. A maior problemática ali era encontrar algum sentido para atribuir àquelas suposições dada importância.

— Você enlouqueceu, Hoyashiro!? — Indagou ainda não aceitando aliar-se. Aka a fitou, convicta do desafio, sabia que seria difícil convence-la, ainda mais depois de anos alimentando uma rivalidade.

— Não, Atsuko! Reflita nas palavras que eu acabei de falar, eu tenho certeza do que eu vi! Porque, pela primeira vez em tanto tempo eu revivi aquele dia com outros olhos, ou seja...

— Com outra perspectiva! — Mikadzuki a interrompeu complementando a frase e silenciou-se, tudo fazia sentido, mesmo que fosse difícil aceitar.

— Pode confirmar se quiser. — Aka pronunciou-se, dando uma garantia de suas palavras e suposições.

— E como farei isso? — Indagou a loira ao seu lado.

— Com a Xogum, foi ela quem me salvou naquele dia e foi ela também que abriu meus olhos hoje! — Aka a replicou enquanto virava seu olhar pra porta. Aquele dia seria longo.

— Eu topo! — A resposta veio mais rápido que o esperado. Mikadzuki parecia mais séria que outrora.

Aka balançou o braço quebrando as correntes que a prendiam, levantou-se da cama e caminhou até o outro futon ao seu lado. Mikadzuki balançava a cabeça em sinal de negação, ela encarou a mão estendida de Aka e com os olhos semicerrados tornou a espreitá-la, suspirou pesadamente e a apertou.

A garota Hoyashiro caminhou de volta para a cama e colocou de volta as correntes que outrora envolviam seu pulso, as esquentou até moldá-las ao estado original e permaneceu deitada e calada o restante do dia, nem mesmo o silêncio constrangedor a faria falar, não, de maneira alguma, estava concentrada em seus planos, em seu futuro. Teria uma oportunidade única e não podia desperdiçá-la.

— Já ajeitou as correntes, Hoyashiro? — Perguntou Mikadzuki fitando a porta.

— Há muito tempo, por quê? — Aka Indagou direcionando seu olhar para a garota ao lado.

— Seus novos companheiros acabaram de chegar!

— E como você tem tanta certeza? — Aka questionou interessada, arqueando uma de suas sobrancelhas.

— Mirtilo. Jun e Taresu, os guerreiros treinados por Akamatsu, geralmente passam por muitas plantações quando saem em missões e eu posso sentir o aroma do mirtilo a milhas, assim como pude sentir sua presença quando colocou os pés na ilha.

— E qual o aroma que eu exalo, além da suave essência de fumaça? — Aka perguntou novamente, Mikadzuki virou-se e a respondeu sem se alterar.

— Gardênia. E é incomum, até por que só encontram-se gardênias em Takahashi, mesmo agora, mesmo após toda a destruição. Tem ido muito lá, Hoyashiro? — A Atsuko questionou deixando-a, pela primeira vez, sem uma resposta rápida. 

Aka piscou nervosamente e desviou o olhar, até o barulho da porta de correr chamar a atenção de ambas fazendo com que olhassem naquela direção. Mikadzuki estava certa, eram os dois guerreiros. Jun, um homem alto um pouco robusto de olhos azuis celestes e cabelo dourado e Taresu, um pouco mais baixo que o colega, de olhos verde-folha e cabelo castanho.

— Você agora é uma mulher livre, Aka Hoyashiro! — Jun exclamou enquanto retirava do pulso de Aka as várias camadas de corrente. Ela mirava o olhar nos olhos azuis cintilantes do samurai o desconcertando.

The Flaming Woman - A guerreira CarmesimOnde histórias criam vida. Descubra agora