C a p í t u l o ▪ 5 ▪

15 2 14
                                    

"Rastejando dentro de minha pele,

essas feridas não irão se curar...

O medo é o que me derruba,

confundindo o que é real."

(Linkin Park - Crawling)

════┵•✾•┲════


É aterrador e tenebroso o sentimento de violação.

Ele segue você, te assombra, te faz pensar em coisas horríveis a respeito de si e te penetra pelos poros, como um vírus novo e forte para o qual o seu corpo não possui anticorpos. Sussurra coisas ao seu ouvido, te faz sentir cheiro de morte em todo lugar. Mexe com sua mente de uma forma que você sabe que quando for dormir, terá pesadelos sombrios e reais.

Elizabeth fechou os olhos enquanto a água quente lhe caía sobre os ombros. Sentiu uma dor aguda percorrer toda a extensão de suas costas, olhou para o chão e viu sangue. Sua cabeça doía, assim como o resto de seu corpo, coração e alma. Costumava cantar toda vez que tomava banho. Dessa vez não teve forças nem ânimo. Ela se sentou, sob a água. Sentia-se exausta, como se não dormisse à mais de 10 anos.

Havia um bloqueio em sua mente, ela não conseguia pensar em mais nada além do que acontecera naquele dia. Isso a estava torturando.

Seus olhos molhados fixaram-se num ponto adiante, seu rosto se contraiu e ela chorou pela milésima vez naquele dia.

════┵•✾•┲════


Estava se olhando no espelho.

Não enxergava o próprio reflexo, mas sim o de sua mãe.

"Você vai ficar bem." - disse o reflexo de Joane. "Vai ficar tudo bem."

- Acho que não.

"Você é forte e eu me orgulho de você por isso..."

- Não sou tão forte quanto pensei que fosse, mamãe. - Eliza responde com a voz embargada.

Toc, toc.

- Senhorita Elizabeth? Está tudo bem? - era Janaína batendo à porta.

Joane sorri para a filha através do espelho. Ela levanta a mão para acariciar o rosto da mãe, enquanto a imagem dela desaparece gradativamente.

- Sim, Jana. Está tudo bem.

Mas não estava.

Nunca esteve.

E ela desconfiava de que jamais fosse estar.

════┵•✾•┲════


Tempo Onde histórias criam vida. Descubra agora