"As pequenas coisas de valor...
Uma presença não física,
uma defesa não explícita,Mãos atadas, um único calor..."
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- AAAAH!!!!
Elizabeth começa a gritar, fazendo Jake dar um pulo do chão e ligar a luz do quarto em velocidade supersônica.
- NÃO! NÃO! TIRA A MÃO DE MIM! SAI DE CIMA DE MIM!
- Elizabeth! Por favor, se acalme! Ei! - Jake toca os braços dela, enquanto a mulher abre os olhos e o encara, respirando forte com o peito subindo e descendo.
Eliza contrai o rosto e cai no choro.
- Está tudo bem. Foi só um pesadelo. - o rapaz diz enquanto ela endireita o corpo e cobre o rosto com as duas mãos.
- Me perdoe. Me sinto uma criança de 5 anos. - a voz de Eliza sai abafada por estar com o rosto enterrado nas próprias mãos.
- Shhhh. Não diga bobagens.
Jake consulta o relógio: são 3h27 da madrugada. Ele suspira e esfrega os próprios olhos.
- Me desculpa te acordar assim...
- Não se desculpe. Você ainda vai fazer isso muitas vezes. É uma consequência do que você sofreu.
A garota chora silenciosamente.
Jake senta no colchão posição de índio, olhando para ela com a cabeça levemente inclinada.
- Eu queria pensar em outras coisas. Mas não consigo. Eu só consigo... Lembrar do som da voz dele em cima de mim... Da dor...
- Pare com isso... - repreende o rapaz.
Eliza o observa, tentando expulsar da mente os maus pensamentos, e substituindo pelos detalhes de Jake.
Suas mãos, os olhos escuros e frios, sua pele, o cabelo... Logo percebe que está encarando demais e que ele está de cenho franzido, provavelmente se perguntando o que foi que Eliza tinha perdido em sua cara. Ou talvez não.- Acho que vou tomar banho. Pode me ajudar a relaxar.
Eliza tinha um objetivo secreto: havia um antialérgico muito forte escondido num frasco dentro do escoveiro. Aquilo à faria dormir como uma pedra.
Eliza entrou, tomou um demorado banho de água quente, se secou e se vestiu. Escovou os dentes e arrumou o cabelo no habitual coque frouxo. Então moveu a mão até o local onde o remédio sempre ficava. Mas ele não estava mais lá. Procurou em todos os compartimentos e nada.
Franziu o cenho e fechou a portinhola. Saiu do banheiro e pendurou a toalha na cadeira da escrivaninha.
Jake estava sentado em posição de índio a encarando com um olhar divertido.
- O que... Foi? - perguntou a garota.
- Você estava procurando seu "sossega leão", né? Isso aqui? - Jake jogou e pegou o vidrinho de remédio que havia sumido do banheiro.
- Quê?! Como você...?!
- Eu sou ex-militar, Elizabeth. Sempre estou alerta. Eu entendo, você só quer dormir. Mas você não precisa disso. - Jake guarda o antialérgico dentro do bolso de seu pijama. - Deita aqui. Vou segurar sua mão essa noite, vou ficar do seu lado até você dormir.
Eliza ficou muito espantada com toda aquela cena. Não esperava absolutamente nada de tudo aquilo, Jake era mais observador do que ela pensava. Estava lutando mentalmente entre classificar aquilo como defeito ou qualidade. Mas seja lá qual fosse o ultimato, não importava. Ele continuaria sendo muito parecido com ela nesse aspecto. E isso já bastava.
Eliza se deitou na cama e ele se arrastou no chão, de modo que pudesse ficar próximo à ela.
Recostou-se no criado mudo, segurou a mão dela e apagou o abajur.Demorou para que Eliza se acostumasse com o escuro, mas logo a luz do poste lá de fora estava revelando parte da silhueta de Jake ao seu lado na beirada da cama. Ele estava segurando sua mão. E a garota não podia negar que estava se sentindo segura outra vez.
Havia provado que estava fraca demais para lutar com os demônios que só estavam esperando ela adormecer. Mas dessa vez... Ao menos teria alguma ajuda.E como se as coisas já não estivessem fora do normal o suficiente, Jake começou a cantar.
Era apenas um som de uma leve canção de ninar. Mas era um som lindo, criado por alguém que tinha a voz naturalmente rouca e aveludada ao mesmo tempo.
Ele tinha a dosagem perfeita.
Não precisava enfeitar ou se esforçar para que ficasse perfeito.
Eliza embarcou num sono profundo antes que pudesse perceber e não acordou até que o relógio marcasse 10h00 da manhã.
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RomanceELIZABETH TINHA PLANOS . . . Estudar mais do que a capacidade humana possibilitava, passar na faculdade e se tornar uma grande engenheira. Mas ainda muito jovem, acaba tendo que assistir seus sonhos escapando como areia entre seus dedos. Sozinha, te...