2.

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 Violet Simons

Não dormi muito bem, virei de um lado a outro da cama, agora eu sei como aqueles frangos de padaria se sentem. Fui consegui dormi já passava das cinco da manhã. Acordo as dez, prometi ao meu pai que iria ate sua casa ajuda-lo com uma moto que estava te tirando o sono. Tomo um banho pra terminar de acordar, coloco uma legging preta, uma camiseta cinza, a jaqueta preta da noite passada e coturnos de cano longo, bebi um copo de Coca-Cola. Pego meu celular as chaves da moto e saio do meu apartamento.

***

Uso minha chave para entrar, meu pai ainda não havia aberto a oficina, vou direto pra cozinha, pelo cheiro ele deveria estar fazendo café, eca!

— CADÊ O HOMEM MAIS BONITO DO MUNDO? — grito.

— O bonito eu não sei, mas o feio está aqui! — meu pai responde quando me vê na porta da cozinha. Meu pai já é um senhor de cinquenta e pouco anos, os fios brancos já estão quase tomando conta de todo o seu cabelo e barba, ele é um homem alto e forte, deveria ser bonitão quando era novo, seus olhos azuis são a coisa mais linda que eu já vi.

Eu o abraço forte, faz mais de uma semana que não o vejo, estava morrendo de saudade, ele está mais abatido desde a ultima vez que o vi.

— Que bobagem, o senhor é lindo e sabe disso, as coroa da rua são loucas pelo senhor! — eu brinco me sentando.

— Ah! Minha filha, de velho já me basta. — ele comenta tomando um gole do seu café. Caio na gargalhada, esse seu John é uma comédia.

— Então o senhor está atrás das novinhas, é?

— Não digo novinha, mas pelo menos com todos os dentes na boca e que a gravidade não tenha derrubado tudo. — ele faz um gesto com as mãos como se estivesse segurando seios caídos, não me aguento e caio na risada ate a minha barriga doer.

— Ai! Pai, você não existe, sabia? Mas cadê a moto que está te torturando? — me levanto estalando o pescoço e depois os dedos da mão.

— Violet, não tem moto nenhuma, eu te ensinei tudo que sabe e o que você poderia fazer que eu não soubesse? Só te disse isso pra você vir aqui. — me sinto mal depois dessa, eu sabia que eu estava ausente, mas a ponto do meu pai mentir sobre uma coisa que ele sabe que eu não recusaria fazer. Eu sou uma filha desnaturada! Depois que minha mão morreu há onze anos, eu era a única companhia que meu pai tinha. O que ele poderia fazer com uma menina de treze anos? Ele me ensinou tudo sobre moto e um pouco sobre carros, eu não tive uma adolescência como as outras garotas, enquanto elas estavam indo a lojas escolher suas roupas e essas coisas de garotas, eu estava na garagem consertando a moto que hoje é minha. Demorei cinco anos para reforma-la toda. Meu pai me deu só a carcaça, eu a montei do zero, hoje ela é meu orgulho.

— Pai, você não precisava ter mentido, se queria conversar era só ter me ligado que eu viria. — ele se senta e eu faço o mesmo, ele segura a minha mão.

— É que o que eu quero conversar com você não é muito confortável.

Sinto uma pontada no peito, mas não deixo transparecer.

— Pode falar pai!

Ele se levanta e vai ate a sala, volta com alguns papeis na mão, e me entrega. Começo a ler e meu ar vai rapidamente ficando preso em meus pulmões. Mas que droga. Eu quero gritar, chorar, quebrar tudo, mas não faço isso, continuo com a minha carranca calma.

— Quando... Quando você descobriu? — pergunto segurando as lágrimas.

— Ah alguns dias me senti mal e desmaiei, quando acordei estava no chão com uma poça de sangue que saiu do meu nariz, fui para o hospital o médico pediu que eu fizesse alguns exames e, na ressonância apareceu que estou com um tumor cerebral.

— E agora? — pergunto a ponto de chorar.

— O médico disse que eu posso operar enquanto não está muito grande, mas se eu demorar muito, pode se espalha para todo o cérebro e provavelmente não aguentarei as dores.

— Você vai fazer certo?

— Violet, a cirurgia é muito cara, eu não tenho como pagar. Ele disse que eu posso tomar alguns medicamentos que podem prolongar um pouco, mas é só questão de tempo. — ele para de falar e segura minhas mãos. — Filha, está tudo bem!

— Quanto é a cirurgia?

— Vio... — eu o interrompo.

— Quanto?

— Oitenta mil — ele responde.

Droga, droga, droga. Mais que merda! Eu não posso perder o meu pai.

— Quanto tempo ele deu para você fazer a cirurgia?

— No máximo seis meses.

Eu me levanto lhe dou um beijo na cabeça e saio.

***

Enfrente a um café eu coloco a mão no bolso da minha jaqueta e pego o cartão que o cara me deu ontem à noite, disco seu número e espero ele atender.

— White! — ele atendeu.

— Aqui é a Simons! Fiquei sabendo que está me procurando. — digo séria.

— Senhora Simons, que bom que recebeu o recado! — ele diz todo empolgado.

— Pode me encontrar agora?

— Claro! Aonde? — escuto um barulho de chaves.

— Estou em um café na rua principal. — olho o nome do café. — Café do Donny.

—Tudo bem já estou acaminho. — e desliga. 

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