8.

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Violet Simons

Acordo às oito horas da manhã com o sol batendo nos meus olhos, eu estava tão cansada ontem a noite que me esqueci de fechar as cortinas. Levanto-me e vou direto para o banheiro, e que banheiro! Tá de parabéns! Eu poderia morar nesse banheiro. Visto uma saia jeans preta, uma blusa branca rendada de manga e a bota longa ate o joelho, fiquei gostosa!

Depois de me perder um pouco, consigo achar a sala de jantar e me sento pra tomar café, todos estão sentados, de repente entra uma garota ruiva e uma mulher mais velha com pinta de perua.

— Bom dia! — diz Martin

— Bom dia papai! — a ruivinha lhe deu um beijo na bochecha, eu respondo um bom dia sem ânimo.

A perua mor olha pra mim depois para o "papai" e pergunta.

— Quem é essa garota, Martin? — senti daqui o respingo do seu veneno.

Ele pigarreia e se levanta da cadeira, olha pra mim depois para as duas e finalmente diz.

— Essa é Violet, minha filha!

O rosto da mulher parece que vai explodir de raiva com a notícia.

— Sua filha? Você tem certeza disso? — ela olha pra mim com desdém, eu lhe dou um sorrisinho de deboche, ela volta o olhar para ele e prossegue. – Tem certeza que não é qualquer uma querendo dar um golpe?

Nessa hora eu estava me empanturrando com um bolo de chocolate que estava uma delicia, só apreciando o show, com certeza ela é a mulher dele, por isso que está dando esse chilique.

— Não Eleonora, ela não é qualquer uma, ela é minha primogênita! — qualquer um poderia vê que ele está furioso, mas esta se segurando.

Eu escutei a Rebecka rir com um copo de suco na boca, e o Matt a cutucando para fazê-la parar, mas também esta se segurando para não rir. A tal Eleonora os fuzila com o olhar.

— Primogênita? Eu pensei que seu primogênito fosse o Scott.

— Eu também! Mas descobri que não, ela é mais velha que ele por alguns minutos. — nesse momento eu parei com o copo a alguns centímetros da minha boca, eu ouvi direito? Ele disse que eu era mais velha por alguns minutos?

— Como assim mais velha por alguns minutos? — olhei pra ele esperando uma resposta.

Ele deu um sorriso de lado e se senta, toma um gole do seu café.

— Você nasceu três minutos antes do seu irmão?

— Você está me dizendo que eu sou a gêmea de alguém? Eu tenho um irmão gêmeo? Onde ele está?

— Sim, vocês são gêmeos, logo vocês vão se conhecer, ele também esta ansioso.

— Até que você parece com a Marisa! — ela diz olhando pra mim enquanto pegar um morango da mesa.

— Por falar nela, onde ela está? — pergunto curiosa.

— Ela morreu quando vocês nasceram! — essa mulher não cansa de jorrar veneno não.

Talvez se ela não tivesse morrido eu não teria sido abandonada por eles.

— Tá escorrendo! — passo o dedo no canto da minha boca.

— O que? — ela fez igual.

— O seu veneno! — Rebecka joga todo o seu suco que estava na boca pra fora de tanto ri, ate o meu pai ri, espera, o que? Meu pai não, o Martin.

— Sua abusada, como ousa falar assim comigo? — ela se levanta e joga o seu guardanapo em cima da mesa.

— Abaixa a bola, a última que me irritou, acabou com o nariz quebrado. Então, se não quiser fazer a sua centésima plástica, fica na sua! — levanto-me e me viro para o Martin – Estarei te esperando no seu escritório.

***

Depois de alguns minutos fuçando os livros nas estantes e admirando os quadros, vou em direção à janela e fico admirando o jardim, ouço a porta ser aberta e me viro e vejo Martin entrando.

— Pode se sentar! — ele se senta e aponta a cadeira de frente a mesa. Sento-me.

— A mocreia é sua esposa?

Ele ri.

— Graças a Deus não! Ela só é mãe da Helena. — ele responde mexendo em alguns papeis sobre a mesa.

— Eu acho melhor você contar isso pra ela, acho que ela ainda não sabe disso.

Ele solta uma gargalhada, acho que já sei de quem puxei o humor.

— Vamos aos negócios? — pergunto curiosa, pois estou muito curiosa, tipo, muito mesmo.

— Mas antes gostaria de te explicar algumas coisas. — eu assinto e ele continua. — Eu não sabia que você existia. Quando a sua mãe entrou em trabalho de parto, eu não estava na cidade, eu tinha viajado a trabalho, mas parece que tudo conspirava contra mim naquele dia, meu celular foi roubado junto com a minha carteira, e como não consegui falar com ninguém não fiquei sabendo, mas quando voltei três dias depois, me deparo com a casa vazia, em completo silêncio, encontrei meu pai no escritório e ele me contou que a Marisa havia caído da escada e quando chegou ao hospital já era tarde, vocês três já estavam mortos.

— Por que ele mentiu? Por que ele tirou seus filhos? — não dava pra entender.

Ele passa as mãos pelo rosto e logo em seguida passa para o cabelo, ele esta frustrado.

— Eu não tenho a mínima ideia, eu descobri o Scott por acaso. Semanas depois do acidente, meu pai foi parar no hospital e entrou em coma, e continua até hoje. Eu fiquei responsável pelos negócios.  Um dia eu estava procurando por alguns contratos nesse escritório quando me deparei com a gaveta trancada, eu a abri e lá dentro tinha vários recibos de depósitos que cairiam automáticos no nome da sua avó, mãe da Marisa, não tinha por que ele fazer esses depósitos, então fui até o México pra tirar essa história a limpo.

Ele faz uma parada dramática na história e, eu já estou para arrancar meus cabelos de tanta curiosidade.

— Chegando lá eu encontrei um garotinho de cinco anos...

— Scott. — eu sussurro.

— Isso! Coloquei-a contra a parede, mas tudo que ela disse foi que o meu pai pediu que ela cuidasse do Scott por algum tempo, mas eu trouxe o meu filho pra casa.

— E eu? — poderiam ter me deixado com ela também, eu cresceria junto do meu irmão, não interpretem mal o meu pensamento, eu amo meus pais adotivos, mas todos os filhos adotivos pensam como seria a sua vida se não tivessem sido abandonados.

— Ela não sabia sobre você, ninguém sabia, só o seu avô. Mas há alguns meses o advogado do meu pai entrou em contato comigo e me contou sobre você.

— Então você não me abandonou? — eu estou a ponto de chorar, eu o odiei esse tempo todo, sendo que ele não tinha culpa alguma, o único culpado é o meu avô.

— Jamais te abandonaria! — ele está com lágrimas nós olhos, eu estou com lágrimas, eu nunca achei que fosse fazer isso, mas eu pedi que ele se levantasse, então, eu o abracei. E chorei.

—Você me perdoa? — ele pede chorando.

—Não tem o que perdoar.

—Eu deveria ter imaginado, eu nunca vou me perdoar! — ele me aperta em seus braços.

—Isso não importamais.

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