Capítulo 2 - Ela Era de Leão e Ele Tinha Dezesseis

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"O amor e a razão são dois viajantes, que nunca vivem juntos na mesma hospedaria: quando um chega, parte o outro." – Walter Scott.

-Alô?

-Mônica? – chamou Eduardo, sorrindo, mesmo sabendo que ela não podia ver.

-Eduardo? – ela também estava sorrindo.

-Vamos sair? Quero dizer, eu e você, nos encontrar. – sem perceber, ele estava corando.

-Claro, amanhã?

-Sim! – ele respondeu, quase imediatamente – Lanchonete?

-Na verdade... – ela respirou fundo – Eu queria ver o filme do Godard.

-Ah... – ele murmurou, não fazia ideia de quem diabos era Godard. Os dois ficaram em um silêncio constrangedor.

-Há! – Eduardo gritou ao telefone, deixando o ouvido de Mônica zumbindo – Desculpe! Que tal o parque da cidade?

-Sim, claro!

******

Meio-dia em ponto. Eduardo já estava lá, no parque. Aguardava Mônica ansiosamente. Não a via desde a festa. E lá estava ela, estacionando sua moto. Ele foi até ela com um sorriso largo no rosto. Mônica cumprimentou-o e se desculpou pelo pequeno atraso. Andando atrás dela, Eduardo percebeu que havia tinta no cabelo dela. Ele já estava prestes a chamá-la e avisar, mas achou melhor não comentar. Enquanto conversavam, iam percebendo que eram diferentes demais um do outro. Eduardo descobriu que Mônica era uma pessoa diferente, era uma pessoa culta, apreciava a cultura. Gostava de gente que ele nunca ouvira falar, como o tal Godard, Bauhaus, Rimbaud. Usava uma regata estampada com uma das pinturas de Van Gogh. Gostava de Mutantes e Caetano. Além disso, ela era mais velha do que ele.

-Estou cursando Medicina. – ela disse, colocando uma mecha de seu cabelo para trás.

Mônica falava alemão e era do signo de Leão, embora Eduardo não fizesse a mínima ideia de quê aquilo significava. Eduardo, no entanto, não tinha muito que contar sobre ele. Tinha 16 anos, ainda fazia curso de inglês, admitiu gostar de novela e jogar futebol de botão com seu avô. Tinha uma vida simples, gostos simples. Em certo momento do dia, Mônica começou a contar sobre magia, meditação, Planalto Central e etc. Ela gostava de meditar pelo menos meia hora por dia. E tudo isso deixou-os com medo de que fossem diferentes demais para se amarem.

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Eduardo & MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora