1

95 24 18
                                    

Acordo, estou sentindo frio. É noite, o céu está cheio de estrelas, de onde estou mal consigo ver a lua e não existe uma única nuvem.

Escuto passos vindo tranquilamente em minha direção.

Tento me mexer, procurando o lugar no qual o som vinha. Não consigo, tem alguma coisa me segurando, é gelado e incomoda. Correntes. Eu estava presa ao chão com corrente.

—Vejo que minha linda Estrelinha acordou. —Ele diz aos meus pés.

Seu rosto é estranho, sem vida, ao mesmo tempo, seus olhos negros contém desejo. Ele me olha como se eu fosse o melhor pedaço de carne do mundo.

Quando percebo que estou sem minha roupas, minha respiração se acelera com o medo, e faz com que meus seios se movam contra as correntes.

Ele nota meu desconforto e aparenta se divertir muito com isso.

—Quem é você? Onde estão minhas roupas? Quer me matar? O que fez ou quer fazer comigo?  — Faço essas perguntas quase uma sobre a outra. Eram mil e uma delas. Essas foram as primeiras que saíram pela minha boca.

Ele começa a rir, rir muito, rir muito alto. Isso me faz ficar encolhida, com vergonha do que falei.

—Em primeiro lugar, me chame de Sr. M; segundo, enquanto estiver comigo, não ira precisar de roupas; terceiro, se eu quisesse te matar, já teria feito; quarto,  eu não fiz nada com você. Ainda.

Essa ultima parte me assustou. Me assustou de um modo que senti o ar sumir, meu coração parar e lagrimas brotaram em meus olhos.

—Venha comigo, Jeniffer. Vamos dar um jeito em você. — Assim que termina de falar, solta as correntes e me levanta.

—Como sabe o meu nome? — Estou quase sussurrando, não sei se ele ouviu e não estou lembrada de ter dito como me chamo.

—Escute — ele para na minha frente e olha no fundo de meus olhos — , você não tem mais direito a perguntas,  sempre que as fizer, ou seja, nunca. Comece com Sr. M, e sempre que eu te der uma ordem ou fizer uma pergunta, me responda do mesmo modo no final. Me entendeu? — Seus olhos não piscaram e não se distraíram dos meus nem por um segundo enquanto me dava a explicação.

—Sim. — Me apresei em responder.

—Sim o que, garota? — Sr. M levanta a voz para mim.

—Me desculpe. Sim, Sr. M. —  O respondo com a cabeça baixa.

—Boa menina. — Ele sorri e começa a me puxar pelos braços, apertando com força.

Enquanto andávamos para sabe-se-Deus-lá-onde, comecei a pensar sobre seu nome, Sr. M. M. Por que M?

Foi quando reparei em uma tatuagem em sua nuca com as palavras "Senhor Mikael".

Mikael, esse é o seu nome. Esse é o seu nome?

~~~

Sou jogada em um quarto, cheio de azulejos, manchados com alguma coisa vermelha. Sangue seco.

Nessa hora estava ainda estava sem roupas, jogaram água gelada em mim.

Estava batendo os dentes, tremendo, os dedos estavam azuis. Aquela água jogada em mim, parecia gelo.

—Você está com frio, Estrelinha? — M me pergunta depois de ficar alguns minutos me olhando.

Aceno positivamente com a cabeça.

—Sim, Sr. M. — Sua expressão aparenta mostrar muita felicidade com minha resposta.

—Ah — ele geme junto com uma pequena risada —,então vamos para outro lugar, para ficar mais quente. Eu, pelo menos. — Antes de entender o final, M sorri maliciosamente e tudo fica escuro.


Capitulo Revisado

IdentidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora