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Ainda sem roupas e congelando. Ele me faz andar até um certo quarto.

Esse quarto era completamente vermelho, não tinha uma única janela. Assim que entro, escuto alguma coisa sendo trancada. A porta. M me trancou com ele.

—Você gosta de dançar? — A pergunta é feita de um jeito que foda-se minha resposta.

—Não — fui obrigada a admitir —, me desculpe, Sr. M.

—Ah — M geme como se simplesmente não ligasse para isso —, que pena que terá de fazer isso de qualquer jeito.

Ele começa a rir. Só o vi rindo algumas poucas vezes, odeio ver isso. Suas risadas me perturbam.

—Você vai dançar para mim, gostando ou não. Entendeu, amorzinho?

—Sim, Sr. M — o respondo com um aperto gigante no peito e com os olhos cheios de água. Não fui capaz de conte-las e algumas lágrimas acabaram caindo.

—Não chore. Se fizer tudo o que eu mando, não vai se machucar.

M vai até o som e coloca a música Thinking Out Loud. Adoro essa música. Não acredito que estou sendo obriga a dança-la nua para um cara que me sequestrou.


Quando a música acabou, parei de dançar e olhei para ele, que parecia estar com um tédio imenso.

—Sério? Só isso? Por favor! Isso não deixa nem um moleque de doze anos de pau duro. Vamos, faça de novo, espero que seja melhor dessa vez.

—Me desc...

—Cale essa maldita boca e dance de novo, vadia! — Ele ordena com os olhos tão vermelhos como o quarto que estamos.

Assim foi feito por mais duas vezes. Duas perturbadoras vezes.

Na terceira vez, M para a música e me ordena ficar parada do modo que estou. Com minha mão esquerda sobre meu seio e minha mão direita próxima a minha vagina.

Ele se aproxima, para me olhando por um tempo, enquanto brinca com meus cabelos.

 Se afasta por uns segundos depois de um certo tempo, para pegar uma corda que estava atrás da cadeira no qual ele ficou me vendo dançar o tempo todo.

Ele puxa meus braços com força para trás e amarra meus pulsos de modo que sinto as cordas cortarem minha pele.

—Ajoelha.

—Por que?

—Eu mandei você ajoelhar. — M rosna para mim, me fazendo tremer. — Para de tremer e se ajoelha porra.

—Sim, senhor M.

~~~

O banheiro, no qual fui supostamente lavada, tinha agora mais sangue. O meu sangue.

Meu nariz sangrava; minha boca tinha machucados e estava com um gosto terrível; meus pulsos tinham algumas linhas de sangue por causa das cordas; minhas pernas também estava sujas de sangue, mas esse sangue, vinha da minha vagina, junto com uma dor horrível como se tivessem a cortado.

~~~

Já se passou, acredito eu, um dia. Estava com frio, dor, fome e sono, estava muito perturbada para conseguir dormir. 

—Venha comigo — Ele diz entrando na cela que eu estava.

Obedeço sem reclamar, M já me mostrou o que acontece comigo se eu não fizer tudo o que ele mandar.

—Acredito que esteja faminta — confirmo com a cabeça, não posso negar que qualquer coisa que me de um pouco que seja de força, seria muito bem-vindo.

Sou levada a uma sala de jantar, M me faz sentar em uma cadeira, ele se senta a minha frente.

A mesa estava cheia, com um lindo frango assado, arroz branquinho, um estrogonofe de carne, batatas fritas, diversos tipos de saladas, legumes cozidos, uma lasanha super recheada e varias garrafas de vinho tinto, suave e branco.

Fiquei com muita água na boca, mal podia ver a hora de saborear tudo aquilo.

—Eu como por três, então essa comida não será para você —M me diz logo depois de perceber como reagir a ver a mesa cheia de comida — mas não me esqueci de você. Ele estrala os dedos e duas mulheres colocam alguns pratos a minha frente. —Espero que goste de sardinha e lagosta, leite, e torta de limão.

—Me desculpe, mas não como peixe e frutos do mar, e sou intolerante a lactose, Sr. M.

—Que pena, bom, agora você tem duas opções: ou come ou morre, e não vai ser de fome.

Fico parada em silencio, não sou capaz de comer aquilo, mas o medo de negar e ser morta me consome por inteiro. Os olhos de M me penetram muito, sinto quase como se ele olhasse através de mim. Tremendo me sento a mesa.

Quase colocando as tripas para fora, coloco um pedaço da lagosta em minha boca, a cuspo longe logo em seguida, ela estava com um gosto terrível, corri o risco e pegue o leite para tentar tirar o sabor da minha língua. Leite vencido, também cuspi, mas infelizmente, alguns respingos chegaram até o frango que M estava tirando para ele.

—Coma e beba tudo.

—Eu... eu... não... não... não consigo, Sr. M...

—Não perguntei se consegue ou não, estou mandando você comer e beber.

—Mas Senh...

Antes que eu conseguisse completar a frase, M avança para cima de mim, puxa meu cabelo me fazendo olhar para o teto com a boca aberta.

Ele pega o leite e o vira inteiro em minha boca. Cuspo tudo para fora no mesmo momento, e acerto seu rosto.

M fica totalmente furioso com minha ação, seus olhos ficam vermelhos como o fogo, de tanto ódio. Ele me segura alto e me joga no chão, começa a me bater, tento segurar o choro com medo de ser pior se ele me ver chorando.

—Eu mandei você comer, mas como não quis, não tenho motivo tentar te alimentar outra vez — Ele não para de me bater por um único segundo.

Depois de um tempo, meus olhos ficaram roxos, meu nariz sangrava, eu estava cuspindo sangue, não sentia mais minhas pernas e braços, e estava cheia de hematomas de varias cores.

Essa foi a minha primeira noite no verdadeiro inferno.

Capítulo Revisado

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