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—CADE A VACA MAIS NOVA? — M grita para alguém me fazendo tremer com o susto no qual tive.

—Está no mesmo lugar que a deixou da ultima vez, Sr. M — Não sei quem falou com ele, mas não é Catarina disso eu tenho certeza.

—Então pegue as chaves para mim.

—Sim, Sr. M - Outra mulher responde as ordens de M.

—Aqui estão as chaves, Sr. M - Uma terceira mulher responde.

Quantas mulheres existem dentro desse lugar? Antes de Catarina aparecer, eu acreditava estar sozinha, com apenas as outras duas mulheres que estavam servindo comida para M, mas agora, apenas agora acabo de ver que existem mais 3 mulheres aqui dentro, me fazendo crer que existem no minimo 8.

O que elas fazem aqui? Elas são ou já foram prisioneiras como eu? Depois de tudo o que acontecer comigo, vou acabar como elas?

M entra na cela e vai em minha direção, me arrasta pelos cabelos de uma forma que não consigo ver para onde estávamos indo.

Ele me solta, me fazendo cair no chão gelado.

Olho para cima de vejo uma pessoa vestida toda de preto. Uma mulher. A versão feminina de M, mas ao mesmo tempo, seu rosto também lembrava muito o meu.

—O que você está olhando? Vai se juntar com as outras pragas. Vá! Ande logo — Incrível, até o jeito dela falar é idêntico ao de M.

Outras? Ela disse "outras"?

Olho para trás e vejo um grupo de mulheres de mais ou menos minha idade, somos muito diferentes fisicamente, mas todos temos coisas em comum: estamos no inferno onde diabo, na verdade começa com M.

Assim que me junto a elas, a mulher sai e volta alguns minutos depois com mais uma garota, ela à joga do mesmo jeito que M havia me jogado.

Quando a garota se junta a nós, a mulher sai do cômodo e fecha uma porta, olha para nós e sorri assustadoramente.

Água gelada começa a cair sobre nós. Ela está tão fria que faz parecer que a pele está queimando.

Ficamos lá por um tempo.

Quando a água para de cair, estamos encolhidas e batendo os dentes de frio.

M entra no cômodo e puxa duas mulheres ao mesmo tempo para fora, logo em seguida fecha a porta.

Alguns minutos depois, escuto gritos de dor e pedidos de socorro. Esse som é terrivelmente perturbador, é o tipo de som que mesmo depois que acabou, sua mente faz questão de continuar reproduzindo ele.

Se passam mais alguns minutos e esses gritos param. O único som que estava ouvindo era a respiração ofegante das outras, isso me deixou mais apavorada do que eu já estava.

M volta sem as outras garotas, entra e pega as duas que parecem terrivelmente fracas, em outras palavras elas pareciam ter apenas pele e ossos.

Quando ele sai a água é ligada novamente.

Olho para as minhas mãos, elas estão enrugadas e minhas unhas estão ficando azuis.

Dessa vez não escuto os gritos. Fracas do jeito que elas estão, não devem ter força para isso.

Mas o que está acontecendo com elas? O que vai acontecer comigo?

A água é desligada e M está me puxando.

—Aproveite que estou de bom humor hoje — Ele diz sorrindo de um jeito que me faz tremer, tanto de medo quanto de frio.

Chegamos até um quarto. Está quente aqui, quente e um jeito bom.

"Que diabos ele quer?" Essa pergunta fica na minha cabeça por um tempo, por todo o tempo que ele leva para me entregar uma toalha e um cobertor pesado, no qual me enrolo para me esquentar.

—Você tem algum sonho, estrelinha? — M se senta em uma cadeira e aponta a outra que está à sua frente. Me sento, antes que seu bom humor acabe.

—Sim, Senhor M — me sinto obrigada a falar com ele de cabeça baixa, tenho nojo de seus olhos, não sou capaz de encara-los.

—Que bom. E qual é?

—Me tornar atriz, Sr. M.

—Não precisa ficar me chamando de "Sr. M", por hora — Mesmo sem olhar para seus olhos, sei que seu olhar está sobre mim profundamente.

Ficamos em silêncio por um breve tempo. Não sei se ele está preparando o que vai fazer comigo, ou se por algum motivo quer que fale alguma coisa.

—Nenhum dos dois — Sou obrigada a olhar para ele dessa vez. Eu não havia dito nada, mas ele conseguiu responder a pergunta que estava em minha mente.

—Como você fez isso? — Não consigo evitar a pergunta. Não tem como evita-la.

—Muito simples, Jennifer, quando se é filha do Diabo, todas as respostas estão na ponta da língua.

—Filha do Diabo... — Falo essas palavras baixas, mas foram altas o bastante para M me ouvir e seu suposto bom humor acabar no mesmo instante.

Ele se aproxima de mim e tudo fica escuro, já não sabia mais o que estava acontecendo.

Capítulo Revisado

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