26° Segundo

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Dizer que fiquei surpresa com toda aquela história do Ben é pouco, eu fiquei chocada com a quantidade de equívocos que tinham acontecido entre nós. Aquilo podia ser mentira dele, claro que podia. Porém, muitas coisas faziam sentido, por isso o mais sensato seria acreditar que aqueles absurdos eram verdadeiros.

Depois de ouvir cada uma das explicações e apear do cavalo, entrei apressada na casa. Não era maduro nem sensato da minha parte, mas eu corri mesmo e me escondi no quarto. Sabia que não podia me manter ali para sempre, mas os poucos minutos em que eu conseguisse ficar sozinha seriam suficientes para eu poder pensar um pouco sobre o que faria em seguida.

Na hora do jantar, resolvi sair do quarto. Caminhei devagar pelos corredores, temendo encontrar o Ben. Ao entrar na sala de jantar, encontrei a mesa posta, minha tia e a Nanda sentadas no mesmo lado, enquanto no outro não havia ninguém. Cumprimentei ambas e logo em seguida me sentei à mesa, na esperança de Ben ter evaporado.

— Onde você se meteu a tarde toda? — perguntou Nanda desconfiada.

— Eu fui à cachoeira e depois fiquei dormindo no meu quarto — expliquei olhando entre elas para tentar descobrir algo. Tinha certeza de que ambas estavam unidas contra mim.

— Você foi sozinha até a cachoeira? — questionou a Nanda revirando o risoto no prato, como se sua pergunta não fosse importante.

— Fui, mas quando estava voltando, o Ben apareceu, e voltamos juntos — respondi sem olhar para ela e comendo uma garfada bem cheia de risoto, impossibilitando que a conversa continuasse, pelo menos até eu mastigar e engolir minha comida.

— Vocês conversaram no caminho? — indagou parando de comer para esperar a minha resposta.

— Claro — respondi seca.

— Sobre o quê? — continuou o interrogatório. A essa altura ela já tinha abandonado completamente a comida, enquanto minha tia passava o garfo no prato, remexendo o alimento em busca de algo para falar.

— Pode parar de rodeios e dizer logo o que você quer saber? — inquiri desistindo de comer também.

— Eu quero saber... — ela hesitou por um momento, mas depois conseguiu terminar a pergunta: — Eu quero saber se vocês se acertaram.

— Ele me contou um monte de coisas, mas, para ser honesta, não acreditei em nenhuma delas.

— Mas precisa acreditar, é a verdade, e nós aqui podemos confirmar — insistiu preocupada em defender o irmão.

— Tem certeza de que toda aquela história sobre a Angélica é verdade? — repeti para ver se ela confirmava o que o irmão contara sobre a melhor amiga dela.

— Ela era minha melhor amiga, mas eu não sabia de nada, só descobri quando eles já estavam casados e eu não podia fazer mais nada para impedir, além disso, tinha o bebê. Ficamos todos de mãos atadas.

— Não pensou em me contar quando eu te ligava triste? Sabia que eu sentia falta do seu irmão. No entanto, não disse uma única palavra para aliviar meu sofrimento. Agora, que eu estava bem e seguia com a minha vida, vocês resolvem aparecer e estragar tudo — disse nervosa, levantando-me da cadeira e olhando para elas.

— Não era a minha história para contar, eu te disse naquele dia na varanda — explicou também se levantando para me acompanhar na discussão.

— Agora não adianta mais, não vou voltar correndo atrás do seu irmão como um cachorrinho sem dono. Ele me traiu, não explicou nada e ainda achava que era culpa minha toda a situação. Agora é tarde demais, não sou a mesma Laís, tenho orgulho de quem me tornei, e essa nova mulher não quer ficar com seu irmão. Por favor, entenda isso de uma vez por todas.

Entre Amor & Laço - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora