23° Segundo

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Cheguei no pequeno quarto que chamava de lar, mais rápido do que eu imaginava, pisei no acelerador com toda a coragem que tinha e só tirei o pé quando estava bem longe da fazenda. Entrei tirando minhas roupas no caminho e fui logo tomar um banho, precisa tirar a poeira da viagem e descansar, uma vez que a ressaca estava me matando.

Quando sai vesti a primeira camiseta que encontrei e cai na cama, sem se preocupar com meu coração despedaçado, o casamento do Ben, nem a noite que passei na cama do João. Adormeci profundamente para acordar apenas no dia seguinte, ainda com dor de cabeça e sem saber ao certo como fui parar seminua na cama do João.

Sem respostas para o meu dilema e com a cabeça doendo um pouco menos, eu fui trabalhar no restaurante. Quando cheguei lá contei toda a minha aventura para a Stephanie, para a minha surpresa ela adorou saber que dormi com o João e ainda dei uma tapa no Ben.

Poderíamos ter ficado a manhã toda conversando, mas eu precisava trabalhar, por isso encerramos o assunto prometendo voltar a conversa quando tivermos mais tempo. No entanto não tocamos mais nesse tema, toda vez que ela tentava eu dizia que não queria falar mais sobre isso e pronto.

Depois de uma semana insistindo ela acabou entendendo e parou de perguntar. Quem não entendia era o João que me ligava duas vezes por dia, recusei todas as ligações. Não tinha coragem de falar com ele, o que eu poderia dizer? Se nem lembro o que aconteceu na noite do casamento do Ben.

Continuei conversando com a Nanda sem perguntar por nenhum dos irmãos dela, era difícil e minha prima merecia saber a verdade, mas eu estava naquela bolha de ignore o problema até que ele desapareça, por enquanto estava funcionando, mas eu não sabia até quando iria durar.

Eu estava por minha conta, sem família, sem pais e uma única amiga, para quem tinha tudo a pouco tempo atrás esse caminho que eu estava percorrendo era difícil. Entretanto eu não iria desistir tão fácil, mesmo sozinha e com o coração partido eu precisava seguir em frente.

Era fácil pedir ajuda ao João, mas não era justo. Nem comigo, nem com ele, eu precisava ficar esse tempo sozinha, por isso resolvi enviar uma mensagem.

Eu preciso de um tempo sozinha, sei que quer falar comigo.

Conversar sobre aquela noite, mas ainda não estou pronta, tudo aconteceu tão rápido.

Que estou confusa, espere um pouco, quando eu estiver pronta, aviso.

Depois dessa mensagem o João parou de me ligar, mas mandava duas mensagens por dia. Uma de manhã para desejar bom dia e outra à noite para dizer, durma bem. Eu passei a me acostumar com as mensagens e quando ele atrasava para manda-las até ficava triste. Sabia que não podia me acostumar com isso, mas já era tarde demais estava viciada nas mensagens dele e de maneira nenhuma iria pedir que parasse.

Foi nesse ritmo, lendo as mensagens do João que passei o verão um pouco mais animada e diria até feliz, suas mensagens foram evoluindo para algumas perguntas ao longo do dia e eu comecei a responde-las, quando o outono chegou eu nem pensava mais no Ben e respirava aliviada ao perceber isso.

Durante o inverno apresentei a minha primeira peça de teatro, os ensaios e a ansiedade ajudaram o tempo passar mais rápido. Mas no final deu tudo certo e eu estava orgulhosa por seguir meus sonhos, ser a Julieta foi além do que eu esperava e confirmou que eu estava no caminho certo.

Era um espetáculo pequeno, para poucas pessoas, mas no final fui muito elogiada e decidi que era isso que eu queria para o resto da minha vida, não os holofotes da fama e sim os bastidores. Provavelmente eu nunca seria uma atriz de tv ou cinema, minha praia era mesmo o teatro e o contato direto com o público.

Entre Amor & Laço - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora