Capítulo 12

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Pelo pouco que Daisy conhecia do Ward do Framework, sabia que seu sono costumava ser tranquilo, pacífico e profundo. Naquela noite, contudo, ele estava bastante agitado, revirando-se incansavelmente na cama e resmungando vez ou outra. E como suas camas estavam praticamente coladas, aquilo já estava perturbando Daisy que não conseguia pregar os olhos diante da inquietação de Ward.

- O que há com você afinal? – perguntou, o volume de sua voz mais alto do que o necessário.

- Cala a boca aí!

- Estamos tentando dormir!

Exclamaram Hunter e Trip com vozes sonolentas.

- Me desculpem – disse Daisy, um tanto constrangida, moderando o tom de voz – qual é a sua, Ward? Quer parar de se mexer? Eu não consigo dormir.

Ele resfolegou, frustrado e enfurecido.

Havia poucos alojamentos na base. E um grande número de agentes e civis abrigados. De modo que cada instalação era ocupada por, mais ou menos, dez camas que brigavam por espaço. Seus ocupantes tinham de se conformar em dividir o quarto e se acostumar com a proximidade.

- Ward...? – ela tornou impaciente, querendo descobrir de uma vez por todas a razão de seu desassossego.

O agente deu um longo suspiro antes de finalmente responder em um sussurro.

- Não importa a era, o local, o contexto histórico... A realidade, se alternativa como vocês sugerem, ou não. Os criminosos sempre têm direito a privilégios e regalias das quais nós, homens justos e honrados, não podemos usufruir.

- Pode parar com o discurso, Ward. Fit... Isto é, o Doctor está em um alojamento para prisioneiros.

- Com a senhorita Simmons o vigiando. Possivelmente, fazendo da estadia dele algo bem mais aprazível do que ele merece.

- Doutora Simmons – ela o corrigiu – E ele está algemado, se não se lembra.

- Como se isso pudesse impedir alguma coisa.

- Quietos! – proferiu Hunter.

Ambos decidiram dar a conversa por encerrada. Até mesmo sussurros incomodavam aqueles que tentavam dormir devido à falta de espaço e a desconfortável proximidade entre as camas.

Já que estavam lado a lado, com suas camas recostadas, Ward aproveitou a oportunidade para tocar levemente o braço de Daisy, que havia se virado para o lado oposto ao dele, tencionando dormir. Ela se esquivou de seu toque.

- Skye...

- Daisy – ela o corrigiu em um murmúrio praticamente inaudível.

Ele deu um novo suspiro.

- Daisy... Por que não posso nem ao menos te tocar? – sussurrou ao pé do ouvido da inumana. A respiração dele em seu lóbulo esquerdo fez com que um ligeiro arrepio percorresse seu corpo.

- Tem muita gente aqui – respondeu, evasiva.

- Hey, não é como se fôssemos reviver o que houve entre nós duas noites atrás... Eu só queria acariciar seu braço. O que há de mal nisso?

Diante de seu protesto, Daisy virou-se novamente na direção dele, encontrando seu olhar súplice e melancólico.

- Olha, Ward... Eu não queria mesmo dizer isso, mas... Aquela noite foi um lapso.

- Lapso? É assim que você define? – havia um legítimo traço de descrença em sua voz.

- Eu já te falei sobre o outro mundo. O mundo real. Eu não posso me render à ilusão de ter uma vida com você aqui... Isso não é realidade.

Amor nos Tempos da HYDRAOnde histórias criam vida. Descubra agora