TRÊS

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Estava enforcada

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Estava enforcada.

Só então a memória foi retornando aos poucos.

Isabel trabalhava como assistente no laboratório de botânica de um renomado professor, que havia dispensado seus serviços, na noite antecedente, sem nenhum motivo justo. O que a pegou totalmente desprevenida.

Lembrou-se que após a triste notícia, abandonou o laboratório com a alma em pedaços, deixando para trás todos os seus pertences e dignidade. Humilhada, sentia-se a mais desprezível de todas as criaturas.

Chegou em seu quarto sufocada pela angústia, com o peito explodindo de ódio e pena de si mesma.

Precisava muito chorar com alguém. Pensou em ir ter com sua mãe ou sua irmã, mas já era tarde e não conseguiria autorização para sair do alojamento naquele horário. Então, foi ter com Elizabete, uma grande amiga e colega de classe que dormia na acomodação ao lado. Bateu várias vezes em sua porta e como não obteve resposta alguma voltou para o seu aposento, sozinha e amargurada.

Lembrou-se que realizou todo o ritual noturno costumeiro. Descalçou as botinas, retirou todas as roupas de passeio, despiu-se dos trajes íntimos e vestiu a camisola de dormir que, assim como as outras, tinha um intenso odor de cânfora.

Relutante, ergue-se com dificuldade e conseguiu caminhar até a cômoda. Abriu a primeira gaveta, onde descansavam alguns muitos frascos de remédios adquiridos no boticário, para as frequentes crises de enxaqueca. Tremendo, abarrotou uma das mãos com as capsulas, contudo, não teve a coragem de engolir. Visualizou-se agonizando sobre a cama durante longo sofrimento.

Logo derramou novamente as cápsulas, maquinando sobre outra solução mais eficaz. O fim precisava ser breve, pois tudo o que ela menos desejava era sofrer uma morte longa e dolorosa.

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