ZERO

25 1 0
                                    

A chuva não cessava

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A chuva não cessava. O ruído violento da água batendo no telhado, escorrendo pela calha e desaguando no piso da grande varanda lateral, se tornara contínuo e aflitivo, um tormento psicológico.

Em meio à tempestade, lá estava ela, contando os trovões. Como fazia quando criança, nas situações de extremo pavor, tentava ancorar seus pensamentos em alguma informação menos assustadora. Um, dois, três trovões seguidos. Eram mais estrondosos que o normal, como se os raios arrebentassem bem próximos, no jardim. Mesmo de olhos fechados, podia perceber os clarões e ouvia o estremecer de tudo ao seu redor.

Isabel seguia atordoada. Apesar de consciente, não conseguia abrir os olhos e nem se mover. E, por mais que tentasse, não se lembrava do que acontecera nas últimas horas.

Estava em seu quarto, no alojamento para moças, disso sabia. Mas, estaria imersa entre os cobertores da cama ou estendida sobre o assoalho de madeira? E como havia chegado, lá onde estivesse? Por que não era capaz de se lembrar dos últimos acontecimentos? Instintivamente, morderia os lábios por causa da tensão, mas nada em seu corpo respondia. Sentia-se mergulhada em um intenso torpor, submersa em uma solidão profundamente sombria.

De repente, cogitou a possibilidade de estar sonhando e pensar assim a deixou um pouco mais tranquila. Dessa forma, teria apenas que esperar até que despertasse daquele pesadelo nebuloso.

Talvez, se dormisse em sonho, acordaria do outro lado, em uma manhã ensolarada de domingo, para prosseguir com a sua vida real e previsível, como sempre fazia. Focou novamente sua atenção nos trovões e, quase imediatamente, tornou a adormecer. 

Inimigos ImagináriosOnde histórias criam vida. Descubra agora