QUATRO

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Então, foi em busca dos lençóis da cama

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Então, foi em busca dos lençóis da cama. Escolheu o mais firme, de puro linho, com o qual fez uma espécie de corda torcendo-o bem em toda a sua extensão. Depois, arrastou a cadeira da escrivaninha até o centro do quarto, subindo sobre ela. Amarrou uma ponta no lustre e, na outra, improvisou um laço forte o suficiente para não se desfazer.

Estava mesmo decida, porém, algo dentro dela esperava por um socorro no minuto final, alguém que lhe batesse à porta naquele momento derradeiro. Qualquer manifestação ínfima que a fizesse desistir.

Ainda aguardou algum tempo, olhando para a porta. Viu algumas sombras atravessando a fresta e passando direto. Torcia para que Elisabete fosse ao seu socorro, mas ninguém bateu à porta. Chorou, não era importante para ninguém. Este seria o seu sinal de que precisava continuar.

Então, extremamente nervosa, enfiou a cabeça no laço e ainda hesitou, por alguns segundos, em chutar a cadeira em baixo dos seus pés.

Depois disso não se lembrava de mais nada. Contudo, agora, tinha a certeza de que havia seguido até o fim. Tivera a coragem de concluir o ato mais insano de sua vida. Não podia acreditar no que havia feito! Se tivesse refletido um pouco mais, não estaria naquela situação tão absurda.

Pôde enxergar uma ponta do encosto da cadeira, tombada próxima à cama. Moveu uma das pernas em sua direção quase que instintivamente, sem grandes esperanças de conseguir alcança-la.

Avistou as barras bordadas da camisola de algodão que vestia. O branco do tecido contrastava com o roxo de seus pés descalços e o cheiro de cânfora já não invadia as narinas como antes. Os longos cabelos negros, soltos sobre os ombros, se alinhavam no contorno de seu busto, quase alcançando metade do ventre.

"Por que fizera isto, Isabel?" Lamentou, acessando novamente suas lembranças, que agora se apresentavam mais claras. 

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