Melissa estava correndo com a ajuda de seu pai Gregor durante a noite. Suas condições não eram as melhores visto que a qualquer momento iria entrar em trabalho de parto. Mas não podia se dar ao luxo de parar agora. Estavam fugindo e tudo estaria perdido se os Oficiais do Governo os encontrassem. Era algo que nunca quisera que acontecesse. Estava muito escuro e a floresta estava íngreme. De vez em quando seus pés ficavam presos em algumas raízes, mas ela não caía. Não podia fraquejar.
- Pai! – Ela gritou. – Vai ser agora. Eu não consigo mais! A bolsa estourou. O bebê irá nascer. Gregor já estava com seus cinquenta anos e nunca na vida havia feito um parto. Suas mãos tremiam e ele sabia o que iria acontecer se eles não chegassem ao esconderijo a tempo. Melissa ficaria para trás.
- Vamos, Melissa! Falta pouco. Você consegue. – Ele levou a escassa luz do lampião para o rosto de Melissa, o suor escorria por todo o seu rosto e pescoço, ela não aguentaria. – Certo. Deite-se aqui. Vamos. – Gregor carregava em suas costas uma bolsa com tudo o que conseguira juntar no momento da fuga.
A criança não queria deixar o seu abrigo. Melissa gritava e nada adiantava, cravou então suas mãos na terra coberta de folhas secas, seu esforço retirava o restante de suas energias. Aluz bruxuleante que encobria o seu corpo deixava a cena sombria,algo que não deveria acontecer em um parto. Seus dentes chocavam-se uns com os outros pela força que ela exercia. Sentia algo a lhe rasgar. Eles seriam descobertos e tudo pelo o que estavam lutando não iria significar nada. Todo o esforço para manter o destino de seu bebê intacto iria ser em vão. Eles não poderiam tirar a única coisa que Melissa havia lutado para dar Iao seu filho. Um futuro moldado por ele mesmo e não pela segregação feita pelas Destinis. Gregor conseguia ver feixes de luzes por entre os galhos de árvores. Eles estavam próximos.
- Mais força, vamos. Está quase lá. A criança finalmente saiu de seu útero, gritou e encheu seus pulmões como sendo a primeira, depois de tantos anos, a ter o próprio controle do destino.
Gregor cortou o cordão umbilical com uma tesoura velha. Isso teria que bastar. Enrolou-a em um lençol que guardara especialmente para isso e entregou-anos braços de sua mãe.
- É uma menina?
- Sim.
- Ainda bem que eu posso olhar para o seu rostinho. – Melissa chorava. Ela sabia o que estaria por vir. Todos sabiam de seus destinos e infelizmente ela era uma Desafortunada. Ela sabia de seu destino desde que completara 16 anos. Mas só ofato de poder enxergar o rostinho de sua filha, ela pensou, afinal não seria tão Desafortunada assim. Poder escolher o nome de sua filha e olhá-la era uma vitória. O nome escolhido havia sido Kalina, cujo significado seria filha da sorte. Era este o presente de Melissa para ela. - Ela terá sorte. O futuro é dela, certo?
Gregor assentiu. Melissa lhe entregou sua filha e disse:
- Vá embora. Corra. Eles já devem estar bem próximos. –Ela afastou a mão de seu pai que tentava levantá-la de lá. Que tentava a todo custo carregar ao mesmo tempo sua neta e sua filha. – Não, eu não posso. O senhor sabe tanto quanto eu o que irá acontecer, não sabe? Sabemos disso há anos. Eu não irei resistir mesmo que não seja capturada. Nós sabemos disso. –Ela beijou o rosto de seu pai e afagou a cabeça da criança. – Corra!
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Interferência - A Casa das Máquinas do Destino
AventuraSinopse: Bem-vindo à Diaurum! Não se preocupe com o desconhecido. Sente-se na Destini e tenha o seu destino lido e fixado em sua vida, algo de grande valia para o Governo. Você terá alegria se for um Afortunado, tristeza se for um Desafortunado e se...