Cinco

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As pessoas se aproximam de mim. Nenhuma delas havia piscado por nenhum segundo sequer, e aquela situação me assustava, principalmente por não saber o motivo. Elas chegam mais perto e começam a tocar em meu rosto. Todas elas querem ver a não marcada. Como se uma espécie de milagre tivesse aparecido. Tento me desvencilhar de tantas mãos, mas não consigo. Elas tocam meu cabelo esperando que ele volte a ficar branco - é o que deduzo.

- Saiam! Saiam! – Grito para todas elas. Se pudesse estaria chutando todo mundo para que me deixassem em paz. Onde estava Nícias no meio de toda aquela multidão? Não o encontrava, mas sei que é ele quem manda aqui, e poderia fazer com que todas aquelas pessoas fossem embora. Uma mão está perto o suficiente da minha boca e consigo arrancar um pouco da pele com uma mordida, consequentemente sinto o gosto de ferrugem de seu sangue e cuspo com nojo. Finalmente depois desse meu ato Nícias parece intervir.

- Pessoal, pessoal, ela está assustada. Vamos dar tempo a ela. – A multidão recua e Nícias aparece, cauteloso, estudando o jeito certo de se aproximar de mim. Eu parecia um animal selvagem e se mais alguém tentasse tocar em meu rosto eu arrancaria a mão fora.

- É a segunda vez que escuto falar a respeito disso! Interferência. O que é isso? - Pergunto e minha voz soa como um rosnado de tanto ódio.

- Tudo a seu devido tempo. Por enquanto saiba que uma Interferência é uma pessoa não marcada. Agora nós iremos soltar você e lhe dirigir para seus aposentos. – Já havia esquecido que meus braços estavam presos e quando me desamarraram eu senti um alívio imediato e um leve formigamento.

- Onde estão os outros? – Não confiava plenamente nele e não vira nenhum de meus "companheiros de viagem" em todo o tempo em que havia estado lá.

- Eles foram designados para os seus aposentos.

- Como posso saber se o que você está me falando é verdade? – Pergunto rispidamente.

- Não pode. Tem que ver por você mesma.

Incrível como os abutres de mais cedo sumiram depois do que ele disse. Nícias era respeitado e não sobrava nenhuma dúvida em relação a isto. As bolhinhas iam à nossa frente iluminando nosso caminho. Estávamos no que eu pude perceber em uma caverna. Mesmo apresentando locais íngremes era visto que um árduo trabalho fora feito para minimizar o esforço de deslocamento. Nícias seguia do meu lado.

- O que são essas coisas? – Apontei para a bolhinha.

- Ah, isso fui eu que inventei. São Glumps. – Ele me responde como se estivesse falando do tempo.

- Glumps? – Que danado de nome era aquele? Um soluço? - Elas são ao mesmo tempo luzes e comunicadores, certo?

- Sim... – Ele parou um pouco pensando se poderia ou não me falar a respeito de sua invenção, mas continuou: - Os Glumps servem para muitas coisas. Um Glump sozinho pode ser-vir como um comunicador e uma câmera. Nós estávamos observando vocês. Tínhamos suas imagens projetadas em um coletivo de Glumps. – Quando ele termina de falar isso percebo que várias bolinhas azuis se juntam de forma homogênea e somente uma havia ficado em frente ao meu rosto. Quando olho para o pequeno grupo de antes vejo que o meu rosto está sendo transmitido ali. Então era assim que eles podiam nos ver. Ele continuou falando de forma orgulhosa por sua criação. – Veja bem, eles mesmos emanam esta luz e regulam sua intensidade. Você pode imaginá-los com algumas propriedades físicas da água. Sobre a sua forma maleável e ao mesmo tempo resistente e a sua reflexão e absorção da luz. Eles também podem adquirir vários formatos. – Quando ele disse isso todos os Glumps se transformaram em um lobo ao meu lado. O estranho ser olhou para mim e uivou.

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⏰ Última atualização: Oct 13, 2017 ⏰

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Interferência - A Casa das Máquinas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora