Sim ou não?!

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Os nós se formam tão facilmente de serem embaraçados como fios de lãs soltos em caixa de sapato. Estradas que são idênticas entrando uma pela outra até perder o caminho que fez chegar até ali. Muitas coisas podem não ter mais volta, uma arma disparada, um olhar arremessado, um beijo roubado e as vezes até mesmo um adeus. O silêncio as vezes pode acalmar corpos que apreciam, que mesmo negando o cansaço aparente se entregam, mas nem sempre sobre aqueles que mantém almas inquietas. Fácil seria decifrar um livro latim sem mesmo saber o que está escrito, bem mais fácil que o coração de uma mulher.



- Vai ficar tudo bem, vamos ficar bem! __ A voz soava macia e pausada, mesmo que com dificuldade, as palavras quase espremidas goela a fora.

- Você promete? __ A ruiva olhou para cima, sabia que era um erro, que aquilo tudo havia sido um erro. Mas ela tinha certeza sobre o caminho certo a ser tomado, entre a razão e o coração. Os olhos lhe encarara com compreensão, afáveis e ela os admirava tanto, sabia que por trás havia um coração que estava esfarelado, mas os olhos eram sinceros o suficiente para dizer que estaria feliz por ela.

Horas antes de tomar a tão difícil decisão, que talvez poderia mudar todas as vidas, a partir dali, aliás eram três almas, três corações. Quando se está numa linha, seguindo através da fronteira para enfrentar seus medos e monstros parece ser a coisa mais fácil, até você passar por aquilo.

As pessoas costumam dizer, "o que está fazendo?! Tem que seguir seu coração. Está comentendo um erro." Mas a moeda tem duas faces, e as duas faces tem uma história que em determinado momento uma se torna mais pesada que a outra. Não é difícil se jogar de cabeça em coisas novas, novos amores, não é, até o momento que essa coisa não envolva muitas outras coisas, que podem virar seu mundo de ponta cabeça de uma maneira nada agradável. Não como um brinquedo divertido, mas como um terremoto do outro lado do mundo.

Ela acostumava ser tão centrada em relação a própria vida, mas estava se sentindo com dois dispositivos que teria que apertar em dado momento, um era o sorriso doce, e os olhos castanhos esverdeados, a calmaria e o coração acelerado. Era um sentimento não sentido antes, nem mesmo no início do namoro com Ray. Dom era diferente, a pequena quase podia reluzir, a luz que saía quando ela simplesmente ficava sem graça sobre um elogio bobo, ou quando ela sorria enquanto seus olhos pousavam rasgados se pondo quase adormecidos.

Do outro lado uma vida pré pronta, família de margarina como ela sempre almejou, marido, cachorro e num futuro não tão próximo, filhos. Casar na igreja era seu maior sonho, em qual curva do caminho que ela havia se esquecido disso?! Talvez na curva da cintura salienta da pequena, ou no passeio desenfreado do céu ao inferno em um curto tempo ao se lembrar de como ela enlouquecia apenas com um beijo, e como seu corpo gritava por isso toda vez que ela lhe sorria. Quem era Katherine? Não como se ela nunca se conhecesse, mas olhando no espelho naquele momento era uma pessoa que ela não fazia idéia. Estava perdida dentro dela mesma. Tudo ao seu redor passava lentamente e num mudo total, como se tivesse sem reação para poder ouvir a própria respiração, ou o barulho ecoado que seu coração fazia ao bater contra o peito.

Um sorriso animado no rosto da mãe, enquanto a mesma falava sobre o quanto aquela casa seria bem mais feliz com pelo menos duas crianças correndo pelos extensos corredores com Bernie, Ray concordava com um sorriso sereno, não sabia o que passava na cabeça da ruiva, mas imaginava pelo seu olhar distante, o medo era evidente toda vez que ele a encarava, mas tinha prometido dar mais espaço, ser um troglodita não beneficiária em nada. Ele deveria se sentir seguro, talvez por um pensamento machista ou outro, pois homens sempre faziam isso não é mesmo?! Não, não... Na sua cabeça ele temia, não apenas pela possibilidade de ser trocado por uma mulher, ou por ver Kat tão entregue ao perceber em como seus olhos brilhavam ao se divagar enquanto a pequena falava uma coisa qualquer ou outra, mas por ter que reconhecer que Dominique era uma mulher incrível, quase irreal.

Simplesmente Acontece- BrovostOnde histórias criam vida. Descubra agora