Melhor amargas verdades, do que doces mentiras.

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Notas iniciais: (Mores, acordei as 5 da manhã cheia de energia e inspirada, mas não sei o que aconteceu dei uma travada no meio da escrita, então como odeio encheção de linguiça decidi fechar e postar, espero que gostem, e espero que estejam ouvindo as musiquinhas também.. rs. Beijos no miocárdio, deleitem-se e ótima leitura)

O silêncio se instalou no interior do carro, Kat sabia, o beijo penetrara a mais fina camada da incerteza, um gatilho para despertar mil razões do porquê que ela vinha sufocando todo aquele sentimento.

- Eu não sei se estou feliz ou triste com isso. __ Dominique sentia o mundo girar, e dessa vez não era nem por causa da bebida. Kat lhe sorriu docemente, mas sentiu um ardor no peito pois tinha a mesma sensação que a outra. - A quanto tempo? __ A ruiva a encarou de canto antes de voltar a encarar um rapaz trançar as pernas tentando se manter em pé sobre o meio fio e a calçada. Katherine suspirou pesado.

- Acho que desde o início! __ Dominique estava chocada com aquela confirmação, e ela deixou isso transparecer. - Você é simplesmente incrível, Dom! Quando passei no teste e descobri que seria seu par romântico, pesquisei mais sobre sua vida.. E você era simplesmente fantástica, dançava, cantava e... __ Ela sorriu de canto ainda com admiração. - É uma atriz incrível! Na nossa primeira cena eu sentia a minha carne tremer, estava muito nervosa em contracenar contigo, as vezes a ignorância é preciso, mas a minha curiosidade sobre você era maior__ Dom estava ruborizada seu sentimentos oscilavam de uma estranha felicidade e angústia. Mas percebeu que sentir tudo aquilo até ali havia sido válido, porque a todo tempo ela era correspondida em segredo. - E um ser humano brilhante, você é apaixonante Dominique__ Katherine sentiu a saliva rasgar entre os nós de sua garganta. - Eu nunca me senti atraída por nenhuma mulher antes Dom, e me sentir assim, é novo e dolorosamente confuso. __ Dominique preferiu apenas ouvi-la desabafar, parecia tudo tão pesado, que a cada frase terminada parecia que ela conseguia respirar aliviada novamente. - Estou noiva! __ Ela olhou para aliança umidecendo os lábios como se ainda não acreditasse na sua finita realidade. - Eu nunca conversei antes sobre meu relacionamento com você, porque sentia traindo os meus próprios sentimentos, estou constantemente em conflito com a minha razão e a minha emoção. __ Ela suspirou.

- Como não percebeu que eu sentia o mesmo?! __ Dominique estava confusa.

- Achei que fosse coisa da minha cabeça, sabe?! Quando você quer a todo custo ser correspondida? __ Dominique concordou positivamente com a cabeça ainda sem palavras. - Mas é tão egoísta da minha parte Dom, também tenho medo de estragar  tudo, a nossa amizade, nossos papeis, Wynonna, e... __ Ela apertou os olhos como se já pudesse se enxergar no traje de noiva. - Outubro está quase aí! __ A pequena estremeceu ao perceber isso pela primeira vez.

- Você.. __ Ela não tinha certeza que gostaria de saber a verdade sobre aquilo, mas era necessário. - Você o ama?  __ Katherine voltou os olhos cheios de dúvidas.

- Não sei! Não tenho certeza.__ A ruiva se virou encostando o rosto sobre o banco para encará-la. - Quando era criança sonhava em casar na igreja, filhos, cachorro.. Literalmente brincar de casinha. __ Dom sorriu imaginando uma mini Barrell. - O que? __ Sentiu o contágio daquele sorriso iluminado.

- Te imaginei bebê agora. __ Kat se embasbacava a cada pequeno gesto da pequena, como ela conseguia ser simplesmente um raio de sol no meio de uma tempestade, e como se seu mundo pudesse despencar a qualquer minuto, e bastasse um sorriso pra ela perceber que tudo ficará bem. Abriu o porta luvas retirando a carteira, e de dentro da mesma uma foto dela pequenina. __ Dom se derreteu pela imagem da bebezinha gordinha que Katherine era.

- Pode ficar com ela. __ Respondeu encarando-a, um sorriso surreal sobre o rosto de Dominique que lhe tirava o fôlego.

- Sério? __ Dom estava absorta.

- Sim, tenho outra. __ Elas ficaram momentaneamente em silêncio se encarando. Dom enconstou o rosto sobre o banco, a mão direita segurava a lateral do encosto da poltrona, Kat buscou a sua mão com urgência, como Waverly procurou as mãos de Nicole quando ela estava de luto, a pequena sorriu ao sentir o calor e leves arrepios que aquele simples toque era capaz de fazê-la sentir.

- Eu não sei se quero saber. __ Dominique quebrou o silêncio. - Mas.. E como se sente sobre mim?  __ Katherine fechou os olhos num meio sorriso corando imediatamente, Dom continuou a encarando, ela abriu os olhos e a pequena percebeu mesmo pela fraca luz da rua, suas pupilas dilatadas.

- Nunca senti algo tão doce e mágico por ninguém. __ Ela respondeu com uma certeza latente, e o coração celerou, ela podia senti-lo batendo com voracidade contra a sua caixa torácica. Mas mesmo Kat se mostrando completamente vulnerável aos seus sentimentos por Dominique, a pequena tinha receio sobre tudo aquilo. - Eu.. __ A ruiva umideceu os lábios como se as palavras precisassem de combustão para que criassem vida, uma alavanca. - Eu costumo sempre colocar tudo numa balança, Dom. __ Como ela já imaginava. - Sou mais razão que emoção, e eu não quero te iludir. __ As palavras eram como pontas afiadas em seu coração, mesmo com ele aos pedaços ela tinha que ser sincera. - Preciso de um tempo para organizar tudo, nunca estive tão bagunçada como agora, entende? __ Dominique tentava ser um pouco mais racional, nem todo mundo era como ela que se entregava de corpo e alma, e desde quando conheceu Katherine percebeu que ela era misteriosa, uma concha, talvez seu jeito fechado era uma forma de se proteger. - Não vou te prender a mim, e nem pedir que espere porque isso é egoísmo. __ Dominique tinha que admitir que apesar de querer o contrário, era admirável a sua atitude altruísta.

- Mas eu esperaria, por você vale a pena. __ Kat sentiu o corpo arrepiar com aqueles olhos cheios de desejos.

- Eu sei que esperaria, mas eu não quero que faça isso! Se encontrar alguém que te mereça... __ A saliva grossa desceu cortante entre os nós da garganta. - Está livre pra isso. __ As palavras saíram sopradas, sufocadas eDom suspirou triste, queria que ela pedisse que a esperasse, isso era uma esperança que ela pudesse desistir do casamento, e notou o quanto egoísta estava sendo com esse pensamento.

- Tudo bem, mas.. Quero que saiba também, que não importa com quem eu esteja, se algum dia você desistir, basta um chamado seu, não pensarei duas vezes para voltar. __ A ruiva sorriu amargamente ao encarar os castanhos e notar o quanto era difícil resistir o que ela lhe fazia sentir, seus olhos correram brevemente para os lábios rosados entreabertos, a vontade de senti-los novamente era inelutável. - Ok? __ Ela acordou do seu breve pensamento carnal.

- Ok! __ A ruiva se arrumou sobre o banco, precisava sair dali antes que perdesse o juízo novamente. - Vou te levar pra casa. __ Ela encarou pequena que apenas concordou com a cabeça com a feição impenetrável.

Quando chegou em casa, ao olhar e notar o silêncio, ela finalmente pode perceber que era plena. Tinha amigos, e mesmo que as vezes transbordasse era mais fácil conviver com um não do que estar em cima do muro por "obrigação". A vontade dela era de pegar Katherine pelos ombros e mostrar que aquilo era errado, que a vida é uma só, e como ela poderia viver sentimentos tão vagos, algo superficial que nem ela tinha certeza sentir?! Mas ela sabia que era inútil agir assim, cada um tem suas escolhas, alguns decidem pular no meio do oceano e mergulhar com os peixes, e outros apenas, colocam os pés na água com medo de se afogar.

- Pois que eu me afogue, prefiro morrer plena do que sufocada com a irrealidade dos meus sentimentos. __ Ela encarou o apartamento escuro. - E estou conversando sozinha novamente. Sorrira triste com a presente solidão, retirara a roupa jogando tudo em cima do sofá. - É isso.. Vou adotar um gatinho, assim não fica tão estranho conversar com os objetos, pelo menos é um ser que respira também. __ Caminhou sobre a ponta dos pés, pegou a foto de Kat toda lambuzada de chocolate, sorriu abóbada antes de colocá-la em seu mural de memórias, rumou para o quarto deitando na cama quente e convidativa, olhou um ponto qualquer na parede, e sorriu mesmo sabendo o quanto aquilo era tão confuso e impossível, mas era bom se sentir tão desejada o quanto ela sentia, "reciprocidade é magnífico". Suspirou fundo abraçando o travesseiro dormido enfim.

Simplesmente Acontece- BrovostOnde histórias criam vida. Descubra agora