Acordo dentro do que parecia uma barraca, e me situo rápido. Então não era tudo um pesadelo, infelizmente.
Eu realmente esperava acordar no palácio, com aqueles edredons confortáveis, o ar de luxo, a banheira já cheia me esperando, com Rebecca e Suzan loucas para me arrumar. Ou até mesmo no orfanato, com minha coberta preferida, com o quarto cheio de beliches e algumas camas sozinhas, que por sinal, eu tinha uma dessas; com Miranda me chamando para o café e com os ouvidos ansiosos para ouvir a voz de Gina. É, preferia estar no orfanato.Me levanto sentindo uma leve dor de cabeça. Estava tudo muito escuro, devia estar de noite. As coisas ao redor eram poucas e estranhas para mim. Edredons escuros, um travesseiro e algumas bolsas no canto da barraca.
Havia um relógio perto daquelas caixas de roupa, queria ir até lá, queria ter noção de por quanto tempo apaguei, queria sair daquela barraca claustrofóbica. Me sento e abro a frente da barraca devagar, não sabia que horas eram, mas pelo silêncio, já deviam estar todos dormindo.
Quando saio vejo uma fogueira que está esbanjando suas chamas finais, mas é o suficiente para iluminar o caminho até as caixas. As barracas estavam todas fechadas e, de uma ou outra, eu ouvia roncos.
Ando com cautela sobre os galhos, mas alguns quebravam inevitavelmente, fazendo um barulho notável. Eu parava, respirava, esperava alguns segundos para ver se alguém levantava ou se ouvia passos, e então continuava andando.
Consigo chegar na caixa sem acordar ninguém e suspiro de alívio. Meu vestido não estava mais ali, notei. Mas não me importava.Pego o relógio pequeno e aponto na direção da parca luz que vem da fogueira para conseguir enxergar. Duas e quarenta da manhã.
Será que se eu fugisse agora, alguém veria?
Eu podia tentar ir andando até onde conseguisse e tentar chegar ao muro. Quando chegasse longe o bastante do acampamento, poderia correr. Procuro mais dentro da caixa, em busca de alguma lanterna. Tento não fazer muito barulho e encontro uma minúscula no fundo da caixa. Apesar de ser fraca, podia iluminar o suficiente.
Esperança. Esperança. Esperança.
Fazendo a mesma tática de andar e parar, me afasto do acampamento, mas continuo andando por algum tempo. Só iria correr quando as barracas sumissem de vista e tivesse certeza que ninguém me ouviria. Que quando acordassem ficariam furiosos e me caçariam, mas eu já estaria longe, de preferência segura.
Ando por mais de vinte minutos. Eu já podia correr, mas simplesmente não queria. Estava gostando de sentir a brisa leve penetrando as mangas da minha blusa, da sensação dos tênis sobre a terra, do céu tão maravilhosamente estrelado, das árvores avermelhadas e calmas e até dos animais, que respeitaram minha passagem sem vir até mim e me atacar. Afinal, quantas mil cobras devia haver aqui?
Ainda era cedo, então não precisava correr, eles ainda iriam demorar despertar, podia desfrutar um pouco daquele momento de paz em meio a tanta confusão. No fundo eu desconfiava que, mesmo que chegasse ao muro, eu não conseguiria escalar, e não haveria ninguém, nenhum guarda, para me ajudar.
Não tinha escolhido uma direção certa, apenas estava andando, só esperava que não estivesse andando em círculos e acabasse de volta ao acampamento, ou ficasse perdida.
Uma borboleta passa perto de mim. Parece a mesma, de um pálido azul, mas dessa vez reparo seus detalhes em preto também, contornando as bordas de sua asa e fazendo linhas. Sorrio ao vê-la, ela parece tão livre e alegre. Parece a pura imagem da esperança, da beleza.
Então vejo aquela árvore enorme, já devia saber que estava perto, já que fui recebida por aquele inseto maravilhoso. Elas parecem rondar só aqui onde a natureza havia criado este santuário com o perfume acolhedor das flores, o frescor causado pelos galhos da grande árvore e a grama, tão macia e sedosa que não parecia real.
Coloco a lanterna virada pra cima, no chão. A pequena faixa de luz bate em um dos galhos grossos e lisos; e se espalha por um pequeno espaço da grama, me permitindo enxergar melhor.
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Floresta do Sul
Фэнтези• Livro I • Segundo livro já disponível: Colina do Sul. Chloe Lidell. Desde a barriga foi destinada a algo grande. Ao posto de princesa e logo depois, rainha. Mas ela não queria isso. °•°•°•°•°•°•°•°• Ao ver que sua esposa estava grávida, Marcus, qu...