Capitulo 7

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"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada."
- Clarice Lispector


Esfrego minha mão na calça jeans por baixo da mesa. Encarar Rodrigo não é uma opção. As vezes me pergunto o que fiz de errado, em outra vida eu devo ter sido um vilão da Marvel; essa é a única explicação pra minha vida ter se tornado tão ruim.

- Dois pasteis de frango, um refri de laranja e um suco de caju. - fala a moça colocando tudo sobre a mesa, depois de me despertar dos meus pensamentos.

-Obrigado! - digo, ao que Rodrigo apenas da um meio sorriso à moça, que sai em seguida.

Pego meu pastel e o suco afim de comer logo e dar o fora dali, não que eu esteja com medo de o que Thiago possa fazer ao perceber meu atraso, até porque ele já deve ter percebido, mas sim porque falar com Rodrigo não me agrada tanto quanto anos atrás.

- Ainda tem raiva de mim? - Rodrigo dispara meio inseguro. Se o canário fosse outro e se eu não estivesse tão nervoso, eu certamente iria rir de sua cara.

Bebi um gole do suco, agradecendo a Deus por não estar tremendo tanto.

- Não - Digo mordendo meu pastel, que quase queima minha boca com o vapor quente que sai de dentro. -, só acho meio... Meio estranho estar aqui com você. Digo... O que te trás aqui?

Não que me interesse realmente o que ele fazia nessa cidade a anos intitulada por ele de Sem futuro. A cidade havia evoluído bastante em muitas coisas.

- Trabalho - ele disse. - fui transferido da capital pra cá... Na verdade eu pedi que me tranverissem, tenho coisas a resolver aqui.

Ele realmente parecia obstinado a resolver esse tal "problema", pude perceber pelo fogo em seus olhos, havia raiva ali e também mágoa.

- Qual sua profissão? - eu perguntei, olhando finalmente suas íris verdes. - quando a gente era menor você queria ser polícial, mas as coisas mudam. - falei a última parte dando uma olhadinha em seu corpo hiper definido. Na esperança de que ele não notasse.

Em seguida Rodrigo se esticou na cadeira para tirar algo do bolso de sua calça, que pareciam esmagar suas coxas grossas. Um objeto dourado saiu de lá, ao que ele estendeu em minha direção e em seguida pendurou no pescoço, pela corrente também dourada. Parece que alguém conseguiu realizar o planos pro futuro, afinal.

- Delegado! Sou o novo delegado. - disse orgulhoso de si.

Murmurei um parabéns e continuei a comer, sobe o olhar dele que já tinha comido e bebido tudo que pedira, até que me lembrei de algo.

- E que coisas você teria para resolver aqui, Sr. Delagado? - usei de um to de brincadeira.

Rodrigo se indireitou na cadeira e ficou sério.

- Nada com que deva se preocupar. - ele deu um meio sorriso, tentando fazer sua resposta não parecer tão grossa, creio eu. - Mas e você? Se formou em gastronomia? Aposto que já esta trabalhando no melhor restaurante da cidade.


Foi como se uma faca fosse cravada em meu estômago. Eu não queria falar sobre meu relacionamento abusivo com ele, eu não queria falar com ninguém sobre isso. Muito menos sobre como tive que largar a faculdade por conta de um marido possessivo.

- Eu...

Fui cortado por uma música que começou distante e logo parecia se aproximar. Um Rap nacional começou a tocar.

Rodrigo apertou os lábios e sacou o celular do bolso.

- Oi... Entendi. Perto daqui? Estão em quantos? Ok... Beleza, chego ai em 15 minutos. - Remexeu na calça e tirou a carteira, jogando algumas notas sobre a mesa em seguida saiu correndo do lugar, me deixando sozinho. Uns cinco segundos depois de ter saido Rodrigo voltou, percebendo que me deixara sozinho.

- Desculpa. Aconteceu uns problemas na delegacia. A gente se vê por ai, Bruno... - saiu correndo de novo, parou na porta e gritou - ME LIGA!

- Não tenho seu número. - disse para ninguém, já que ele não estava mais ali para escutar.

Verifiquei o valor jogado por ele na mesa, para ver se era o suficiente. O dinheiro ali dava para pagar 5 contas nossa. Sorte da atendente que ganhou uma bela de uma gorjeta.

Peguei as sacolas de compra que estavam no chão ao lado da mesa e sai do local. Agora foi a vez do meu celular apitar notificando uma nova mensagem.

Você tem 15 minutos pra chegar em casa. Contando de agora!

Meu corpo gelou. Olhei pro relógio do celular, seria quase impossível chegar no tempo ordenado. Apressei o passo e rezei aos Deuses das pessoas sem sorte, pedindo para que o tempo fosse o suficiente.



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Desculpem a demora. <3

O Monstro (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora