"Depois do primeiro tapa vai ser tarde demais. "
- PacificadoresEu estava parado no caixa do supermercado, esperando para pagar a pequena feira que se sustentava em meus braços. Imaginando o que iria dizer Tiago sobre minha repentina saída de casa sem avisa-lo.
Desde quê decidi vir morar com ele, a dois anos, minha vida deu um salto enorme, caindo diretamente em um poça de merda. Eu mal podia sair, falar ou olhar para estranhos. Amigos? Zero. Bom, tinha a Clarissa mas ela se mudou para outro Pais com o marido Gringo, a última noticia que eu tive dela foi um convite de casamento que foi rasgado e jogado fora por Tiago. As vezes fico imaginando como a vida dela deve estar: Aposto que ela já tem um filho, era seu sonho cuidar de um pirralho. Deve está mais linda que antes e acima de tudo, deve está feliz. Sorte a dela.
- Senhor? - a moça do caixa me chamou, tirando-me do meu devaneio. - A sua compra senhor. Tenho que passar, mais pessoas aguardam na fila. - ela era rude, mas educada. Olhei para as pessoas atrás de mim na fila e murmurei um Me desculpem, em seguida coloquei as coisas em cima do caixa meio desajeitado.
A moça passava tudo com o maior cuidado. Parecia concentrada no que fazia, como se fosse difícil passar umas coisas no leitor digital.
- Oitenta e oito Reias e setenta Centavos. - ela disse já estendendo a mão.
Olhei para as coisas que acabara de comprar, outro rapaz estava as ensacolando. Duas sacolas. Um preço absurdo por duas míseras sacolas de compra. Que roubo.
A caixa deu uma limpada na garganta para chamar a minha atenção. Olhei para ela saquei a carteira, munido de toda a indignação possível, e paguei as sacolas.
Apos sair do Supermercado me diridi até o local onde eu tinha estacionado o carro. Como o local era pequeno, não tinha estacionamento então o carro estava um pouco longe. Parado de frente à uma pequena pastelaria.
Ao passar na frente dela um cheiro maravilhoso invadiu minhas narinas; cheiro de pastel. Tive que entrar.Coloquei as sacolas no balcão e esperei alguém me atender. A pastelaria era simples, algumas mesas de plastico, poucos funcionários mas muitos clientes.
- Bom dia, Senhor - um moço me atendeu, tinha cabelos raspados, pele negra e um lindo sorriso. - O que vai querer?
Corri os olhos pelo local afim de achar algum tipo de cardápio tipico de lanchonetes: um mural enorme com todos os lanches que têm no local.
Quando estava preste a fazer o pedido uma voz grave vinda de trás me chamou.- Bruno? - olhei pra trás e fiquei surpreso.
Alguns anos antes.
N
a beira de uma estrada deserta, dois amigos observavam o por do sol sentados sobre o capô de um carro. Dizer que ali existia apenas amizade seria uma mentira. Ambos sabiam que avia amor ali, só não sabiam qual tipo de amor.
- Tem mesmo que fazer isso? - o menor perguntou. Ele tinha uma pele pálida, corpo magro e um lindo rosto.
O outro o olhou e depois suspirou. Passou a mão por detrás do magricela e disse:
- Você sabe que sim. Não posso ficar preso nessa droga de cidade pra sempre. - tinha verdade nas palavras dele, mas também avia mágoa, talvez um pouco de arrependimento também.
- Eu sei, Rodrigo. Mas é que... A gente pode ser feliz, né?! Eu e você, não precisa fazer isso com a gente...
Rodrigo, que já estava se sentindo desconfortável com a conversa, saiu de cima do carro. Andou de um lado para o outro e chutou algumas pedrinhas no chão.
- Eu gosto do que a gente tem, Bruno. Eu realmente gosto, mas... - olhou para o horizonte, pensando no que faria. Bruno permaneceu sentado, com as mãos envoltas nos joelhos. - Porque não vem comigo? Você vive dizendo que gosta de mim. Nós vamos ser grandes lá fora. Eu e você.
Bruno se manteve calado. Ele não sabia de muitas coisas, mas sabia que sair daquela cidade não era opção. Ele adora aquilo tudo. E também tinha seus pais.
Apenas movimentou a cabeça em negativa.
- Viu!? Você só pensa em você. O mundo não gira em torno de você. - Rodrigo gritava, com toda indignação. Ele não entendia o que Bruno queria. Não entendia o amor que o outro dizia sentir. Seus olhos Verdes estavam se preenchendo de lágrimas.
- Eu... - o menor desceu do carro e se escorou. - Eu cresci aqui, Rô. Não posso abandonar tudo assim. Nem todo mundo nasce num berço de ouro. Não é tão fácil quanto pensa. - Bruno também já não estava entendo o ponto de vista do outro.
Rodrigo se zangou. Odiava quando o outro tacava-lhe na cara que ele era rico. Nunca tinha o tratado com diferença por conta disso. E se Bruno fosse com ele, o dinheiro seria deles.
- Chega. Não vou mais ficar ai te convencendo a ir comigo. - Rodrigo entrou em seu carro batendo a porta. - se você acha que vou ficar nessa cidade sem futuro, enquanto você brinca de cozinhar esta muito enganado.
Deu partida e deixou o menor para trás. Fazendo assim com que Bruno, aos 16 anos tivesse seu coração partido pela primeira vez.Bruno olhou para o horizonte e bufou. Secou uma lagrima que lhe escorria e rumou ao caminho de casa. Seria uma longa caminhada.
*Agora
Ele estava diferente. Mais bonito, mais forte, mais homem. Seus olhos Verdes continham o mesmo brilho de sempre. A última vez em que eu o vira tinha me machucado muito, mas são tempos que prefiro deixar para trás.
- Rodrigo - eu disse tentando parecer menos ansioso do que estava.
O passado estava diante de mim. O passado me parecia mais lindo do que eu imaginava. O passado fez meu coração acelerar.
-
Notas finais :
Rodrigo vai ser um personagem muito importante nessa porra toda. Amem ele (zuera pessoal kkkk)
Divulguem a história para amigos. Isso ajuda muito <3
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O Monstro (Romance Gay)
RomantizmPode o amor superar tudo? Até o pior dos monstros?