Capítulo 12

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Minha cabeça latejava incansavelmente, enquanto meu estômago parecia se revirar dentro de mim. Ainda conseguia sentir o efeito do tranquilizante em meu corpo, e foram necessários alguns segundos até que minha visão deixasse de ficar embaçada. Não tinha ideia de onde estava ou quanto tempo havia se passado, mas naquele momento, minha maior preocupação era apenas me manter de pé.

Quando olhei para o lado, vi uma garota de cabelos loiros e pele clara recostada na parede. Seus lábios um pouco entreabertos, tentavam balbuciar algumas palavras das quais não conseguia entender, e só depois de ver uma mancha de nascença em seu ombro, foi que pude reconhecer quem realmente era aquela garota.

- Merda! Claire, está me escutando? - perguntei, percebendo que ela estava acordada, mas com seus olhos centrados no chão. - Vamos te tirar daqui.

- Ela está drogada, é inútil tentar se comunicar. - respondeu Rachel, encostada em uma das paredes. - Todas elas estão.

Ao erguer meus olhos, percebi que estávamos em uma pequena sala, sem móveis ou janelas, onde várias mulheres de diferentes idades, estavam desacordadas pelo chão. Algumas estavam seminuas, enquanto outras marcadas por hematomas e cortes pelo corpo, gemiam de dor pelos cantos daquela sala. Havia vômito e urina espalhados pelo local, e o cheiro era incrivelmente insuportável. Pelo o que parecia, a droga que estava nos dardos que nos atingiram, era mais fraca do que a usada naquelas mulheres.

- Deus... - sussurrei, ao ver toda aquela gente. - Como vamos conseguir tirar todas elas daqui?

- Não vamos. - respondeu Rachel, esperando minha reação.

- Não podemos deixa-las aqui! - falei, tentando não chamar atenção.

- Viemos para salvarmos a Claire, e é isso que vamos fazer. - lembrou Rachel. - Esse é o acordo. Não sou uma heroína, e se quisermos ter alguma chance de sair daqui vivas, não podemos levar ninguém mais.

- Então vamos simplesmente fingir que nada disso está acontecendo?

- Joy, não estou feliz por ter que fazer isso, mas estamos em menor número e desarmadas! Você deu a ideia de nos infiltrarmos aqui, porque sabia que era suicídio combater essas pessoas. Vamos tirar Claire daqui, e não quero que você deixe seus sentimentos nos atrapalhar.

- Mas...

- Não quero saber Joy. - interrompeu Rachel. - Não temos tempo para discutir, eu estou no comando, e se não quiser ficar para trás, é melhor obedecer e não fazer nenhuma merda.

- Tudo bem. - respondi, vendo que não chegaríamos a lugar nenhum brigando. - Levaram nossas coisas e estamos presas, como vamos sair daqui?

- Em algum momento alguém vai entrar por aquela porta e vamos ser levadas daqui. Foque em observar o lugar, as possíveis saídas, a quantidade de homens armados, qualquer coisa que nos ajude a sair daqui. - disse Rachel. - E tente não chamar atenção. Quanto mais passarmos despercebidas melhor.

Em um dos cantos do quarto, uma crise de tosse interrompeu as instruções de Rachel. Era uma criança, um pouco mais nova que eu, que estava deitada em uma poça de seu próprio vômito. Rapidamente corri em sua direção, e com cuidado, me sentei perto dela, e coloquei sua cabeça sobre meu colo. Ela tinha cabelos curtos e negros, e estava visivelmente debilitada. Ela parecia estar ali a muito mais tempo que a maioria, e se continuasse nessas condições, provavelmente iria morrer.

- Não se apegue tanto Joy, não vamos levá-la para casa.

- Ela é um ser humano, não um cachorrinho. - respondi, começando a perder a paciência com Rachel.

A Promessa - Sobrevivendo Abaixo de Zero - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora