Capítulo 23

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Logo após a sentença de Gregory, foi pedido ao Major que nos encaminhasse para uma espécie de prisão improvisada, já que levaria algumas horas até todo o aparato estar pronto para que fosse cumprida a sentença de Noah. Ao chegarmos na tal prisão, percebemos que nada mais era que apenas um grande depósito, separado por algumas barras metálicas soldadas do teto até o chão. Enquanto Rachel, Jake e Claire foram colocados na primeira cela, Noah e eu ficamos na segunda, que era um pouco menor. 

— Você também já foi pai, Anthony! — disse Jake. — Sabe como é a dor de perder um filho! Noah é tudo o que me restou, e não estou preparado para perdê-lo! Eu vi o que você fez na estrada, é uma pessoa boa, mas se não nos soltar irá cometer uma injustiça muito grande.

— Se não fosse por mim, todos vocês estariam mortos agora! — respondeu Anthony, transtornado. — Eu convenci Gregory a fazer isso, porque não vi sentido em todos vocês morrerem. Não tinha como saber que seu filho ia querer bancar o herói! Ao menos estarão livres depois de tudo isso. 

— É essa a história que vai contar a si mesmo antes de dormir, Major? — respondeu Jake, nervoso. Besteira! Você conversou com Gregory porque sabe que não somos culpados! Isso tudo é um erro, e você estava apenas querendo limpar sua consciência!

De repente, Thomas entrou, interrompendo a discussão.

— O que faz aqui, Sargento? — perguntou Anthony.

— Ordens do Vice-Presidente, senhor. Ele me pediu para fazer a vigia.

— Os prisioneiros não precisam ser vigiados, está tudo sob controle.

— Gregory não me mandou aqui para vigiar os presos, me mandou para vigiar o senhor. — respondeu Thomas.

— Como? — perguntou o Major, franzindo o cenho.

— Ele percebeu que não trouxemos os suprimentos e perguntou por eles. — disse Thomas. — Eu precisei contar o que aconteceu, me desculpe. Agora ele quer que o senhor seja constantemente vigiado. 

— Tudo bem Thomas, você fez o correto. Vamos embora, precisamos descansar, tivemos um dia longo. — disse o Major. — E Jake, estou dando a você a oportunidade que não me foi concedida. A oportunidade de estar com seu filho na hora de sua morte. Não tem ideia do quanto eu queria ter a chance de me despedir do meu filho. — completou Anthony, que em seguida, fechou a porta.

Quando a porta foi fechada, todo ambiente se tornou escuro, e a nossa única fonte de luz era algumas brechas na parede, e uma pequena janela, que refletia as lanternas e tochas que os guardas usavam nas rondas. Nas celas onde estávamos, não havia colchões ou cobertores, apenas um pequeno pano jogado em um dos cantos daquele cubículo.

— Você deve estar me odiando agora. — disse Noah, percebendo que estava calada.

— Eu queria muito te odiar, mas não acho que temos muito tempo para isso. — respondi, indo em sua direção e lhe dando um abraço. — Está com medo?

— Sim, estou. — sussurrou.

— Eu também. — disse.

— Feche os olhos. — disse Noah, enquanto me envolvia seus braços.

— Não vai dar certo dessa vez, sabe disso.

— Apenas feche os olhos, ok?

Quando éramos crianças, sempre que tinha medo de algo, Noah me fazia fechar os olhos e nos imaginar em uma história. Um novo mundo, uma nova situação, algo que nos fizesse esquecer completamente de que estava com medo. Durante várias noites depois dos pesadelos, fazíamos essa brincadeira até me acalmar, e conseguir voltar a dormir.

A Promessa - Sobrevivendo Abaixo de Zero - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora