Julieta desembarcou do avião particular do Vaticano. Voo da Itália para o Brasil. Na bagagem, a esperança de ver um mundo menos poluído pelo vírus que muitos humanos acreditam apenas existir nas páginas de livros de ficção ou em filmes no padrão Hollywood.
“Pra onde a dona quer ir?”, perguntou o taxista, que cercava os passageiros na calçada de entrada e saída do aeroporto Tom Jobim, na Ilha do Governador, zona norte da cidade.
“Obrigado pela ajuda. Eu estou aguardando o meu motorista chegar”, respondeu Julieta num português carregado do sotaque italiano. Havia aprendido o idioma, herdado dos colonizadores portugueses pelos brasileiros, no curso intensivo do Vaticano.
O taxista não insistiu. Correu atrás de outro possível passagei-ro.
O tráfego de pedestres estava elevado e muito satisfatório aos taxistas.
O sol brilhava sem ser importunado por nenhuma nuvem naquela tarde fresca.
Julieta, cinco minutos depois, embarcou no carro de quatro portas (padrão de luxo) que a levaria para um apartamento confortável na zona portuária.
O motorista (a serviço do Vaticano), que ultrapassava uns quarenta anos, porte atlético, trajando terno, gravata e quepe, cumpriu as etiquetas: abrir a porta traseira do automóvel à entrada da dama.
Não havia como perder tempo.
A chegada de Julieta à cidade havia sido cronometrada nos padrões do Vaticano, que investia em resultados críveis, descartando tempos inúteis. Estilo 007, o espião mais famoso em Hollywood.
Silêncio quase sepulcral não fossem os roncos de motores de automóveis em frente ao aeroporto e outras perturbações sonoras a ouvidos mais sensíveis.
Você receberá todo o apoio necessário a sua missão no Brasil. Nunca dirija palavras aos nossos colaboradores se eles estiverem instruídos ao estado de inércia labial. Siga as orientações sem pelejas. O seu sucesso na missão depende da discrição de uma santa, recordou Julieta ao ser atendida pelo atlético motorista, a fala de Antônio.
No caminho para a zona portuária, a passageira contemplava as paisagens que faziam a cidade ser estranha se vista da ótica da exclusão social (com favelas) ao longo da Linha Vermelha, via expressa e trajeto importante para o aeroporto. Cenários que não inspiravam medo, apesar de saber da existência de traficantes de drogas naquelas comunidades sem a presença efetiva do Estado.
Não posso deixar que os vampiros consigam dominar o Rio de Janeiro. Seria muito ruim a existência de bandidos com o corpo todo tomado pela eternidade de um vampiro, abominava Julieta a possibilidade do narcotráfico ou qualquer outra atividade ilegal ser objeto de consumo de vampiros.
Na redação do jornal O Estado, a jornalista investigativa Lisa Carvalho finalizava mais uma reportagem sobre crimes em série. O alvo das investigações havia sido um psicopata que agia em nome de supostas entidades malignas. A polícia havia identificado o matador através de rastreamento das chamadas telefônicas (com autorização da justiça) do serial-killer, que agia nos arredores da zona portuária, matando prostitutas.
Com boas fontes (informantes policiais, entre outras) Lisa havia conseguido fechar mais uma grande reportagem que poderia trazer mais prestígio à carreira no jornal. Caso a reportagem conquistasse o “Esso de Jornalismo” (maior prêmio da categoria no País), aumentaria as chances de se destacar na imprensa. Havia abraçado o jornalismo não só pelo gosto da profissão, mas também pelas vantagens financeiras àqueles profissionais que vencem pelo talento.
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Santuários do Vampiro - volume I
VampireOs assassinatos em série crescem, atingindo mais e mais mulheres indefesas, mendigos e prostitutas no Rio de Janeiro. Até a polícia não escapa dos ataques. Policiais desaparecem sem deixar rastros. Embora vampiros atuem nesse cenário, outro demônio...