Capítulo 8

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Julieta, distante da realidade da imprensa, que especulava sobre mortes escandalosas em áreas próximas a delegacias, dava con­tinuidade aos contatos com Antônio.

    O notebook, com acesso à Internet wireless, permitia cone­xões ágeis, em alta velocidade para que houvesse rapidez nos cumprimentos das ordens do Vaticano.

    A Internet, por mais que facilitasse viagens a vários portais de empresas de comunicação, ficava restrita aos esquemas secretos de chats com Antônio em horários pré-determinados.

    Estava na hora de receber dados importantes de Antônio.

    Havia sinal de conexão disponível na caixa de entrada da ja­nela do chat da página (extranet) do Vaticano. Um sistema bas­tante seguro para aquela comunicação em tempo real. 

Bispo Antônio: Julieta, eu soube que houve um descarregamento de caixões no cais do porto do Rio de Janeiro

Julieta: Deve ser comum a entrega de cai­xões no porto.

Bispo Antônio: Seria se não fosse para acobertar não humanos. São vampiros que

utilizam cenários de transatlânticos como rota de fuga, Julieta.

Julieta: Eu não desconfiava que os vampi­ros agissem no meio de turistas. Na minha preparação, para vir caçar vampiros, nin­guém me relatou estratégia semelhante por parte dos vampiros.  

Bispo Antônio: Há informações que ficam restritas, Julieta. A sua segurança é muito importante para o sucesso da missão. Assegure-se que seus equipamentos de caça estão em perfeitas condições para a guerra. A sua missão, agora, começa de verdade. 

O que mais será que vem por aí? Eu pareço uma marionete. As informações chegam com atraso. O Vaticano é mesmo um mistério para mim. Eu pensava que havia conquistado o meu espaço no Vaticano.                  

    Julieta, à noite, no mesmo dia que se surpreendera com as palavras de Antonio no chat a despeito da chegada de vampiros em transatlânticos, levantou voo do apartamento, na zona portu­ária.

    Eram 11h50 no relógio digital de pulso, protegido por uma pele (resistente a feridas de caninos) que se estendia pelo corpo inteiro. Uma armadura que não lembrava cavaleiros medievais, mas sim modelos em destaque pelo figurino super atraente (preto brilhoso) valorizando as silhuetas bem valorizadas da ca­çadora.      

    Agora, estava menos perdida quanto aos raios-x da cidade, onde, pelas novas coordenadas de Antônio, havia vampiros, com certeza.

    Voou em direção aos transatlânticos, que estavam atracados por ali.

    Nos prédios, na região da Avenida Presidente Vargas, no centro financeiro da cidade, serviam de trampolim para Ulisses (um animal arisco enquanto não liquidasse os vampiros) pular com o apoio de cordas e ganchos arremessados por um lança dardos.

    Fazia aqueles malabarismos sempre que estava numa metró­pole. Acostumado a caçar vampiros na Europa, no Brasil não seria diferente, mas apenas uma questão de tempo para a adapta­ção que devia ser rápida.

    Ele seguia, naquela mesma noite em que Julieta partira para averiguação de transatlânticos, para a zona portuária, onde havia indícios muito fortes de vampiros, segundo os registros de mor­tes de mendigos e prostitutas naquela região. Deixara o aparta­mento na Lapa para, mais uma vez, acertar os passos pelo ar, alcançando, agora, a Avenida Rio Branco, cercada de edifícios até o cais do porto.

    Às vezes se imaginava como o homem aranha dos gibis, em­bora vivesse uma vida muito real para quem crescera sendo edu­cado sobre a existência de vampiros.      

    Nos subterrâneos da cidade, ratos se confundiam com ratos que se transformavam em homens atléticos naquela noite de caçada para Julieta e Ulisses.

    A sujeira, nos túneis de esgoto, não atrapalhava os planos de Alexander e Michel (ratos e morcegos, às vezes), amigos insepa­ráveis pelos mais de duzentos anos de existência, desde que fo­ram viciados em ingerir sangue para a manutenção da vida eterna. Ao contrário, a necessidade de excrementos ajudava a alimentar camuflagens aos dois seres que divergiam dos planos do senhor das trevas: vencer os humanos com a escravidão.  

    Desprezavam diálogos audíveis a outras criaturas e, princi­palmente, as humanas. As mentes se conectavam para falas mais discretas que não escapariam aos desejos do senhor das trevas, caso ele descobrisse que havia traidores para empobrecimento da cultura do mal.

    Enquanto suportassem viver à margem do senhor das trevas, fariam de tudo para conseguir matar o maior número possível de indigentes: mendigos e prostitutas. Desde que não se apaixonas­sem por alguma mortal, como acontecera em épocas de recolhi­mento para segurança da espécie.

    De novo a luz da noite estava simpática a uma saída do sub­terrâneo.

    A transmutação para morcegos aconteceu logo. A beleza dos corpos nus à imagem e semelhança dos humanos não fazia sen­tido para uma caçada bem-sucedida pelo ar. Uma dama mais afoita se apaixonaria fácil pela dupla com corpos de deuses olímpicos.

    No meio do caminho, avistaram Ulisses que quase esbarrou neles em pleno voo. Perceberam, logo, a agilidade do homem, que lhes era muito familiar dos tempos de caça a vampiros no século 19, na Europa.

    Ulisses, que parou na ponta esquerda de um prédio de dez andares, com vista para a Avenida Rio Branco, achou muito es­tranho aqueles dois morcegos em voos rasantes que quase o atingiram.

    Os morcegos desapareceram entre os prédios, na direção da zona sul da cidade.

    Ulisses preferiu não suspeitar que havia encontrado vampiros. Seria muito fácil se aqueles dois morcegos tivessem alguma li­gação com vampiros. Se eu os encontrar outra vez assim, mando bala pra cima.     

    Michel e Alexander se recordaram do parentesco daquele ca­çador de vampiros no centro da cidade.

    “Ele é a mesma pessoa, Alexander?”

    “De jeito nenhum. Apenas um mortal que parece dar conti­nuidade aos trabalhos dos antepassados”

    “Vamos matá-lo rápido, depressa. Ele vai querer destruir-nos, Alexander”

    “O nosso senhor saberá nos instruir, Michel”

    “O senhor das trevas nos destruirá pela impaciência que su­jeitamos nossas vontades pelo sangue das prostitutas e mendi­gos”

    “Impossível. O nosso senhor chega em breve à cidade. Esta­mos prontos para mostrar o Rio de Janeiro para a escravidão do nosso senhor. O nosso senhor ficará orgulhoso da nossa pes­quisa prévia”

    “Os outros amigos não quiseram se unir a nós. Eles vão ser maltratados pelo nosso senhor que desaprova insubordinação”

    “Devemos aguardar a chegada do nosso senhor”

ATENÇÃO: Caros leitores. Este foi o último capítulo do volume I de Santuários do Vampiro. Será postado o volume II de Santuários do Vampiro. Os 3 volumes estão disponíveis no www.amazon.com.br ou pela www.livrariasaraiva.com.br

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⏰ Última atualização: May 20, 2014 ⏰

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