Nenhuma testemunha se apresentou à delegacia da Lapa, para descrever as verdades jornalísticas (sobre os cinco mendigos assassinados) que assombravam o delegado Américo que se preparou rápido a uma coletiva de imprensa.
Não era do costume de um representante da lei, na categoria de Américo, alimentar a imprensa sensacionalista com informações privilegiadas. Entretanto, o rastro da morte havia chegado perto demais das autoridades, que poderiam ser muito criticadas se evitassem responder perguntas de jornalistas.
A crise, na área central do Rio de Janeiro, havia sido instalada e, em especial, para uma polícia que se vira obrigada a concordar com os holofotes da imprensa.
Américo não esperava que fosse tanto bombardeado por perguntas sem nexo. Onde estamos caramba?Os jornalistas tão achando que sou um caçador de monstros.
A equipe de O Estado estava de prontidão, mas sem a presença de Lisa, que preferira manter-se distante do local de trabalho do informante Júlio.
Júlio, antes da coletiva de imprensa, havia entrado em contato com Lisa pelo telefone celular. Diálogos frenéticos e de quem passava informações sigilosas para uma jornalista bacana, a mulher ideal para o detetive que sonhava conquistá-la algum dia.
Lisa não se sentia à vontade em estar no território da sua fonte (o informante Júlio). Também o editor-chefe Arlindo não forçaria uma barra para empurrar a subordinada até a delegacia, sabendo que a jovem tinha outras atividades mais importantes, embora o conteúdo da coletiva com o delegado interessasse por causa das mortes dos mendigos.
Na delegacia, o número de jornalistas havia ultrapassado o limite esperado por Américo.
Um enxame de câmeras, microfones, gravadores e muitas parafernálias da imprensa tumultuaram o ambiente que não registrava extravagâncias daquela envergadura midiática.
Parecia um clássico de Flamengo e Fluminense no Maracanã.
Américo resistiu à pressão de expulsar os jornalistas. Preciso dar uma resposta para todo mundo. A minha delegacia que não vai perder o respeito como estão querendo dizer por aí, inventando que não trabalhamos pela segurança do povo carioca.
“É possível que a cidade do Rio de Janeiro tenha sido invadida pelos assassinos em série do país de bebedores de sangue?”, perguntou um repórter de TV.
Outros repórteres não economizaram palavras, que Américo desqualificava em pensamentos, que beiravam o abismo da vergonha para um jornalista mais religioso.
Muitos palavrões habitavam a cabeça de Américo naquela tarde de estraga-prazeres. A perda da paciência o levaria às principais capas de jornais, de revistas e pipocaria em audiência para programas de televisão e rádio.
“Calma, senhoras e senhores. Todos serão respondidos se houver a mínima educação aqui”, disse, serenamente, Américo que bebericava um copo de café como parte da estratégia de manter-se paciente.
Os jornalistas não queriam saber de economia nas perguntas cada vez menos educadas. Atacavam o delegado que revidava com extrema educação respostas, que eram desagradáveis (aos editores) pela falta de provas dos verdadeiros responsáveis pelos crimes.
Ulisses, no apartamento para solteiros, na Lapa, conferia a coletiva de Américo com transmissão ao vivo pela televisão. Realmente, os vampiros venceram de novo. Espalham terror nas populações de rua, iludindo a opinião pública. Tristeza para a polícia que desconhece o teor muito amargo do vinho das trevas. Preparava munição banhada em água benta, para carregar uma pistola adaptada ao estilo de vida de caçador de vampiros. Mordam, vampiros, os inocentes dessa cidade. Vocês estão perdendo o controle sobre os seus próprios atos. O que está havendo com os vampiros modernos? Eu vou pegar um por um. Será mais fácil que eu esperava.
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Santuários do Vampiro - volume I
VampireOs assassinatos em série crescem, atingindo mais e mais mulheres indefesas, mendigos e prostitutas no Rio de Janeiro. Até a polícia não escapa dos ataques. Policiais desaparecem sem deixar rastros. Embora vampiros atuem nesse cenário, outro demônio...