Capítulo 7

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Nenhuma testemunha se apresentou à delegacia da Lapa, para descrever as verdades jornalísticas (sobre os cinco mendigos assassinados) que assombravam o delegado Américo que se preparou rápido a uma coletiva de imprensa. 

    Não era do costume de um representante da lei, na categoria de Américo, alimentar a imprensa sensacionalista com informa­ções privilegiadas. Entretanto, o rastro da morte havia chegado perto demais das autoridades, que poderiam ser muito criticadas se evitassem responder perguntas de jornalistas.

    A crise, na área central do Rio de Janeiro, havia sido instalada e, em especial, para uma polícia que se vira obrigada a concor­dar com os holofotes da imprensa.             

    Américo não esperava que fosse tanto bombardeado por per­guntas sem nexo. Onde estamos caramba?Os jornalistas tão achando que sou um caçador de monstros.

    A equipe de O Estado estava de prontidão, mas sem a pre­sença de Lisa, que preferira manter-se distante do local de tra­balho do informante Júlio.

    Júlio, antes da coletiva de imprensa, havia entrado em contato com Lisa pelo telefone celular. Diálogos frenéticos e de quem passava informações sigilosas para uma jornalista bacana, a mulher ideal para o detetive que sonhava conquistá-la algum dia.

    Lisa não se sentia à vontade em estar no território da sua fonte (o informante Júlio). Também o editor-chefe Arlindo não força­ria uma barra para empurrar a subordinada até a delegacia, sa­bendo que a jovem tinha outras atividades mais importantes, embora o conteúdo da coletiva com o delegado interessasse por causa das mortes dos mendigos.

    Na delegacia, o número de jornalistas havia ultrapassado o limite esperado por Américo.

    Um enxame de câmeras, microfones, gravadores e muitas parafernálias da imprensa tumultuaram o ambiente que não re­gistrava extravagâncias daquela envergadura midiática.

    Parecia um clássico de Flamengo e Fluminense no Maracanã.

    Américo resistiu à pressão de expulsar os jornalistas. Preciso dar uma resposta para todo mundo. A minha delegacia que não vai perder o respeito como estão querendo dizer por aí, inven­tando que não trabalhamos pela segurança do povo carioca.  

    “É possível que a cidade do Rio de Janeiro tenha sido inva­dida pelos assassinos em série do país de bebedores de san­gue?”, perguntou um repórter de TV.

    Outros repórteres não economizaram palavras, que Américo desqualificava em pensamentos, que beiravam o abismo da ver­gonha para um jornalista mais religioso.

    Muitos palavrões habitavam a cabeça de Américo naquela tarde de estraga-prazeres. A perda da paciência o levaria às prin­cipais capas de jornais, de revistas e pipocaria em audiência para programas de televisão e rádio.

    “Calma, senhoras e senhores. Todos serão respondidos se houver a mínima educação aqui”, disse, serenamente, Américo que bebericava um copo de café como parte da estratégia de manter-se paciente.   

    Os jornalistas não queriam saber de economia nas perguntas cada vez menos educadas. Atacavam o delegado que revidava com extrema educação respostas, que eram desagradáveis (aos editores) pela falta de provas dos verdadeiros responsáveis pelos crimes.   

    Ulisses, no apartamento para solteiros, na Lapa, conferia a coletiva de Américo com transmissão ao vivo pela televisão. Realmente, os vampiros venceram de novo. Espalham terror nas populações de rua, iludindo a opinião pública. Tristeza para a polícia que desconhece o teor muito amargo do vinho das tre­vas. Preparava munição banhada em água benta, para carregar uma pistola adaptada ao estilo de vida de caçador de vampiros. Mordam, vampiros, os inocentes dessa cidade. Vocês estão per­dendo o controle sobre os seus próprios atos. O que está ha­vendo com os vampiros modernos? Eu vou pegar um por um. Será mais fácil que eu esperava.

Santuários do Vampiro - volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora