Capítulo 2: Acordada

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    Alex estava patrulhando a cidade no meio da noite. Estava seguindo vampiros suspeitos de tráfico de sangue humano. Havia acontecido muita coisa nos últimos dias e a caçada o ajudava a pensar. Seu pai iria deixar o posto como diretor do Instituto e consequentemente ele é  quem teria que assumir, o que definitivamente não queria.
   As suspeitas de Alex sobre o tráfico de sangue estavam certas, dois vampiros estavam carregando corpos de mundanos e os descartando como se fossem lixo. Alex que estava sob o telhado do armazém, que provavelmente pela música vinda de dentro deveria ser uma festa e pensou no prazer que teria ao acabar com ela.
      Quando estava desenhando a runa da agilidade, seu celular começa a vibrar.
_ Precisamos de você no Instituto, o número de ataques demoníacos aumentaram e estão chegando cada vez mais perto daqui.
_  Já estou indo! Só preciso cuidar de uns assuntos, mas que não devem demorar muito.
_ Então resolve logo isso, porque  se  Michael ficar mais vermelho aposto cinquenta  que a cabeça dele explode.
   Alex sorriu, era impressionante como ela tinha capacidade de fazer brincadeira com tudo.
_ Não preocupe, até eu acho que em algum momento a cabeça dele irá explodir. Mas agora eu tenho que ir.
  Alex terminou a runa, saltou e aterrissou num  silêncio absoluto.   Quando um dos vampiros se virou  para colocar o outro corpo na lixeira,  Alex colocou uma adaga serafim no pescoço do vampiro estranho, alto e ruivo.
_ Acho que que posso estar sendo rude, mas normalmente gosto dos mundanos vivos.
  O vampiro ruivo não se mexeu.
_ Há o que foi o gato mordeu a sua língua?! Tudo bem então se você preferir sei fazer criaturas como você falar.
_ Acredito mesmo que saiba shadowhunter.
   Alex fez o vampiro se virar juntamente com ele e na sua frente estava Cornélia Lynn a alta feiticeira, e se ela estava ali deveria ser algo altamente ilegal, tanto no submundo quanto para o mundo dos mundanos.
_ Cornélia! Que bom vê-la, como tem passado ultimamente... há você sabe, desde nosso último encontro.
  Alex falou tudo com muito sarcasmo, ironia e um pouquinho de flerte, apesar da última parte ser verdade. Ela o olhou com desdém e quebrou o pescoço do vampiro com apenas um movimento de mão.
_ Muito engraçado shadowhunter. Mas não tenho tempo para rir de suas piadas sujas, a não ser que tenha mais  junto com você, está em desvantagem.
_ Você meio que já viu o que sou capaz de fazer não me desafiaria, - seu sorriso só aumentou ao ver que conseguiu atingi-lá- mas seja o que for que estejam fazendo ali, parem de matar os mundanos, por que se eu voltar e ainda estiverem acabando com eles, eu vou atrás de cada um que esteve nessa festa e fazê-los obedecer de uma maneira não convencional, estamos entendidos.
   Não foi literalmente uma pergunta, mas claramente com muita raiva a feiticeira concordou e voltou a entrar no armazém sendo seguida pelo outro vampiro, e em questão de segundos tudo estava silencioso novamente.
  No caminho de volta ao Instituto Alex encontrou pelas ruas mais demônios, porém não de uma espécie que ele já tenha visto. Estavam a espreita, esperando algo mudar. Alex passou com a lâmina a postos caso algum resolvesse  que aquele era o  momento.
O Instituto estava com o escudo ligado, só sangue nephilim poderia passar. Alex quando entrou foi então que percebeu, todos estavam muito alertas, preparados com suas lâminas, chicotes e alguns com arcos e flexa.
  Alex ouviu a voz de Jess falando sobre relatórios de pontos de interferência demoníaca, quando ela o viu deu para perceber o alívio em sua expressão.
_ Oi, graças ao anjo que você está aqui são e salvo.
Ela o abraçou e apertou forte.
_ Você meio que sentiria se algo acontecesse comigo.
_ Eu sei, mas isso não é desculpa para não me preocupar. Mas pensando bem quem tem que se preocupar é você, Michael  está te esperando na sala dele.
  Ele ficou tenso, Michael  era um cara bem difícil quando queria. Alex estralou o pescoço, fechou os olhos e respirou fundo, deu um último sorriso para sua parabatai e foi em direção a sala de seu pai, como se estivesse no seu próprio corredor da morte.
   Bateu na porta antes de ser autorizado à entrar. Ele ficou surpreso em ver que Jess estava certa, ele estava vermelho, mas assim que viu o filho sua expressão ficou séria, como sempre ficava.
_ Onde você estava?
_Seguindo uma pista de tráfico de sangue.
_ Temos coisas mais importantes que isso no momento. Preciso que fique de prontidão, quero que proteja a nossa hóspede.
_ Vou levar Jess, lutamos melhor juntos.
_Não, você é o único que pode entrar na sala caso aconteça algo e acredito que você não gostaria de deixá-la sozinha.
    Michael  nunca gostou de Jess, quando Alex decidiu que os dois seriam parabatai não melhorou o conceito dele sobre ela, e Alex pagou por sua escolha, mas ele acreditava que valia a pena por ela.
_Não senhor, não gostaria.
_ Ótimo, agora vá.
  Alex com um gesto confirmou e saiu da sala aliviado por não estar mais na presença dele.
  Descendo as escadas até onde os quartos se encontravam, Alex estava tão concentrado em seus pensamentos que não notou quando foi atacado.
   O demônio era maior que Alex, tinha mãos compridas e ossudas, mas apesar de sua evidente magreza, tinha uma força sobrenatural.  Alex conseguiu pegar a lâmina serafim de sua perna direita, mas antes de conseguir atingi-lo, o demônio arranhou seu pescoço causando uma dor aguda, nada parecido com que já havia aguentado, tanto de Michael , quanto de qualquer demônio que já enfrentou. Com um golpe rápido Alex o jogou de costas para o chão e o acertou no peito, assim que ele voltou para seja lá qual for a dimensão demoníaca que pertencesse.  Alex sentiu ainda mais a ferida, além do sangue de demônio que caiu nas suas roupas, que já estavam sendo corroídas pelo sangue e queimando sua pele.
_ Querido você está bem?
  Alex se virou assustado ao reconhecer a voz. Atrás dele estava sua mãe com a roupa suja de sangue e o mesmo olhar da noite em que morreu.
_ Você não está aqui...foi o demônio...  v-você está morta!
_ Não, eu estou aqui com você, sempre estive você sonhou comigo lembra? Me quer por perto.
  Alex se levantou e saiu correndo em direção ao quarto de vidro.
_ Querido, por que está com tanto medo?! Sou eu sua mãe. Venha me dar um abraço, sinto sua falta.
Alex mal conseguia respirar, o medo havia dominado-o completamente. Sua mente girava, a mãe morta estava perseguindo-o e isso o deixava incapaz de lutar, ouvia gritos vindos de cima, mas achou que era  mais uma alucinação de sua mente.
_Está ouvindo isso... são meus novos amigos, eu os encontrei depois que você me deixou para morrer.
    Ela sorriu de  maneira mortal, isso só fez o medo de Alex aumentar. Quando chegou na porta de metal com o escaneador, se atrapalhou com as mãos, seu corpo todo estava tremendo por conta do medo.
   Enfim as portas se abriram e Alex apenas se jogou dentro delas. As portas se fecharam em seguida, deixando sua mãe lá fora. Alex se levantou e olhou pelo vidro.
_ Você vai repetir seu erro novamente me deixando aqui sozinha.
  Ela começa a bater no vidro, Alex se assusta e se desequilibra deixando uma de suas mãos, cair em cima da mulher desacordada. Assim que ele percebe tenta soltar a mão. Sua mão estava presa ali, começou  a sentir que uma parte de sua pele estava  sendo queimada, a sensação era como o toque de uma estela, de algum jeito isso foi familiar e reconfortante.
   A  medida que a runa estava se formando em seu braço, sua mente ficava cada vez mais limpa, e a alucinação da sua mãe ia desaparecendo gradativamente.
   Quando a runa se completou, estava limpo de qualquer que fosse o veneno. Alex finalmente soltou seu braço da garota, olhou a runa que parecia incompleta, porém seu desenho era suave e muito bonito, com suas espirais e linhas. A garota então abriu os olhos. Eram cor de bronze, quando os fechou novamente, uma luz muito forte irradiou de seu corpo e se expandiu para todo lugar, Alex viu o demônio que pensou ter matado, sendo queimado pela luz.
  Ela abriu os olhos novamente e estavam escuros, levantou a mão e olhou o próprio braço, havia uma runa ali também, de repente ela foca os olhos em Alex.
_ Você...
Mas aí seu braço relaxa e ela volta a dormir. Foi naquele exato momento que ele notou o braço da garota, a runa dela também parecia incompleta. Alex aproximou o braço dele ao dela, e as duas runas juntas se completavam.

The world of shadows:The Punishment of AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora