Cap. 104 - Pra sempre

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*João Pedro Narrando*

-O que que tá rolando, hein??   -Tiro o capuz-  O que houve lá na frente??

-F... Foi um acidente... Em meio a perseguição policial.   -Não...

-A... A Luana.   -Me apresso a correr em meio aos carros ignorando os retrovesores que eu esbarrava.  Estava longe, mas ainda assim dava pra ver uma multidão próxima a uma ambulância, e então continuei correndo.  Depois de ter que empurrar algumas pessoas da multidão, consigo ver claramente dois corpos sendo socorridos e uma ambulância já sendo fechada

-Ela vai ficar bem.   -Ele coloca a mão em meu ombro

-E se não ficar?    -Ele abaixa a cabeça

-Vamos, a gente te leva até o hospital.  -Ele me leva até sua viatura e eu entro no banco de trás, enquanto seu colega se senta no banco do passageiro

-Como foi isso? Você viu?

-É... Eu vi. Localizamos o carro... Eles estavam fugindo e...   -Dá uma pausa-  O carro perdeu o controle.   -Eu não queria imaginar. E estava me esforçando pra isso

Acho que já fazia um tempo que a ambulância havia chegado quando finalmente entramos no hospital.
  Meu tio troca algumas palavras com a recepcionista e se afasta até nós

-Vamos esperar noticias no corredor..  -Assinto com a cabeça e ouço a voz de Bruno atras de mim

-Espera..

-Como conseguiu vir?

-Correndo e pedindo um taxi. Já sabem de algo?

-Temos que esperar noticias.  -Meu tio responde e nós caminhamos até o corredor, a espera de algo. Me sento em uma das diversas cadeiras enquanto roia as unhas e tio Zé senta ao meu lado-   Pode ligar pra Yasmin?    -Bruno balança a cabeça positivamente e sai-   E você... Daqui a pouco não terá mais unhas, sobrinho

-Nem paciência

-Calma, nós acabamos de chegar

-Não importa. Eu preciso saber como ela está

-Essas coisas... Normalmente demoram um pouco pra informar sobre acidentes assim

-Eu sei..  -Encosto no banco, ainda roendo as unhas

-Melhor ir dar uma volta, ficar parado será pior pra você

-Não.. Algum médico pode chegar..

-Eu te ligo, não se preocupe.  Vou pedir pro Bruno avisar pra mãe dela também.  -Suspiro e me levanto, seguindo até o fim do corredor

Era lógico que eu queria saber como ela está, porém eu tinha medo. Medo de algum médico chegar e dizer que o acidente foi mais sério do que eu conseguiria imaginar ou, a idéia de que eu poderia não vê-la mais. Eu simplesmente cheguei a conclusão que eu não teria como viver sem ela.

Continuo caminhando por corredores vazios no hospital durante longos minutos e paro em um, também completamente vazio.  Me sento em um dos bancos de uma fileira que estava encostada numa janela e apóio a cabeça em minhas mãos.

-Oi.   -Olho em direção ao fim do corredor-  Uau... É você mesmo.   -Era apenas um garoto de, no máximo 9 anos, com uma perna quebrada e duas muletas

-Sim..   -Ele se aproxima com a ajuda das muletas, mas eu volto a encarar o chão, sem lhe dar tanta atenção

-O que faz aqui?  -Ele continua andando em minha direção. Garotinho curioso...-   Em um hospital, está doente??   -ele finalmente chega e senta no banco ao meu lado

Apaixonada Por Um CantorOnde histórias criam vida. Descubra agora