Sete - Parte 2

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Incendiário

Assoviei a melodia conforme ia preparando os laços, reservei um deles para um alguém especial. M era a etiqueta que estava no laço, era uma pena eu ter que elimina-lo, mas ele pediu por isso. Negligencia. Ignorar. Fingir que algo não está ali quando está.

Ele era um péssimo pai para aquela menina, deixando-a sempre com uma expressão triste de abandono. Em seu olhar ela era tão parecida comigo quando eu era criança, sua dor era a minha dor. E eu iria eliminar aquele que causou tal dor.

Fiz mais um laço, porém tive de joga-lo fora, estava torto e imperfeito. Aquilo de ter duas pontas desiguais me incomodava, minhas mãos tremeram e cortei o laço em pedaços antes de joga-lo no lixo. A família Cunninghan era o meu próximo alvo, dali sete dias.

Eles haviam enviado a filha para um colégio interno fazia um mês, mesmo a menina protestando, chorando e implorando para não ir. Eles queriam ignorar. Eles eram negligentes e com isso eles iriam ser eliminados, imaginar seus corpos queimando enquanto eles gritam de dor me deixou excitado.

Gritos de desespero. A carne queimando. O último suspiro angustiado. Talvez o pai mije nas calças. Ou a mãe. Por um momento eles irão se perguntar o porquê de isso estar lhes acontecendo. Implorarão a uma entidade invisível por suas vidas e por fim o último grito de dor agonizante. Sorri ao imaginar a cena, o laço estava pronto. Impecável.

Meu celular tocou, era James.

— Alô.

— E aí cara, estamos aqui no bar...gostaria de vir beber com a gente? — Franzi a testa.

— Você num bar senhor certinho, isso é realmente algo de se estranhar.

— Estou comemorando, hoje é um dia especial.

— Posso saber o que você está comemorando? — Perguntei curioso, James não falava muito sobre si mesmo.

— Minha irmã finalmente fez laqueadura. — Ele gargalhou.

— E isso é motivo para comemorar?

— Sim, quando se é um tio com um salário baixo e tem que comprar quase uma dúzia de presentes para todos os sobrinhos. — Ele gargalhou. — E então, você vem?

— Parabéns cara, mas realmente não posso ir hoje, estou cansado.

— Tudo bem. — Encerrei a ligação e fui tomar um banho, meu celular tocou novamente quando eu sai era uma mensagem de texto.

Um policial veio até a minha casa e me encheu de perguntas, você vai ter que me dar mais dinheiro se quiser que eu mantenha a boca fechada.

Cerrei a mandíbula e respondi.

Em sete dias venha me ajudar em um último incêndio, lá te darei a recompensa que você merece.

A resposta veio em seguida.

Sabia que você não me deixaria na mão.

Haveria uma pequena peça a mais no meu plano para dali sete dias, mais um cadáver. Eu iria eliminar quem resolvesse se colocar no meu caminho. O mundo precisava ser limpo de pessoas sujas.

Deitei na cama e adormeci imediatamente.

Flashback

Era meu aniversário de onze anos, mas ninguém lembrou... me colocaram em frente a Tv com um videogame ligado. Eu estava sozinho novamente, como sempre estava.

Papai tinha ido em uma viagem de negócios, e mamãe foi para o Spa descansar a mente, ela disse que eu havia estressado ela ao quebrar seu copo de cristal. Com o canto do olho encarei aquela caixa azul com aquele enorme laço vermelho, o vídeo game veio ali dentro, uma distração para mim, eu era uma inconveniência, então o vídeo game me manteria ocupado para que eu não reclamasse da ausência deles.

Peguei o vídeo game idiota e seus jogos e controles; joguei tudo dentro daquela caixa idiota e resolvi fazer o meu próprio jogo, meu jogo favorito. As empregadas já haviam adormecido e então peguei tudo e fui até a cozinha, onde peguei álcool de limpeza e fósforos.

Segui até a varanda e joguei o álcool sobre o vídeo game, salvei o laço vermelho, ele era tão perfeito e bonito. Joguei o fósforo e vi as chamas começarem a se formar tomando conta do vídeo game, transformando aquilo tudo em plástico derretido e algumas partes em cinzas, senti o cheiro forte de fio queimado.

Depois que o fogo apagou, encarei o laço em minha mão, ele tinha o aperto forte como um abraço, um abraço que nunca recebi. Ele era a coisa mais bela em minha vida, com seu tecido de cetim macio e suas pontas perfeitamente alinhadas.

Pensei no que eu deveria pedir de aniversário desta vez, sabia que eles me dariam qualquer coisa que fizesse com que eu não reclamasse, há muito tempo parei de reclamar de saudades.

Como seria queimar algo vivo? Perguntei a mim mesmo e então decidi. Naquele ano eu pediria um cachorrinho. Sorri e me perguntei que cheiro teria sua carne queimando? Talvez fosse mais divertido com algo vivo, pois teria gritos de dor. E a dor dele curaria a minha. 



O CAPÍTULO 8 COM O ALMOÇO DA EMMA SAI AMANHÃ...ANSIOSAS?

ATÉ AMANHÃ AMORES...QUEM SERÁ NOSSO INCENDIÁRIO? OU INCENDIÁRIA?

Mason - Série Fire - Volume 2 (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora