Três

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Klaus



Filhinho de papai!

Caroline acha que sou um desses riquinhos que sempre tiveram tudo na palma da mão como ela, que sempre recebeu amor por toda a família. Até o desgraçado que ela tem como avô soube lhe amar.

Tenho uma grande admiração por Silas. Meu melhor amigo é de longe a pessoa mais altruísta e de coração bom que conheço. Eu no lugar dele teria quebrado a cara do velho e ainda adiantado sua viagem só de ida para o inferno.

Ser separado do grande amor de sua vida e ainda descobrir que sua filha foi roubada e jogada de qualquer jeito em um orfanato por seu próprio pai? Não. Comigo teria sido bem diferente. Do mesmo modo que fiz com o lixo que tentou abusar de minha irmã.

Ainda lembro como se fosse hoje.

Era uma tarde ensolarada. Era dia de folga da babá e a cozinheira estava ocupada na cozinha preparando o jantar. Tinha acabado de chegar de mais uma aula chata de francês quando passei em frente ao quarto de Rebekah e escutei seu choro baixo. Imaginei que estaria chorando por ter conseguido a proeza de ter arrancado mais uma das cabeças das bonecas. Abri a porta com cuidado e o que vi, fez meu sangue ferver.

Eu tinha doze anos e sabia muito bem o que aquilo significava. Eu era bem maior e mais forte que os garotos de minha idade por causa dos inúmeros esportes que Esther me obrigava a fazer, então, sem pensar duas vezes empurrei aquele infeliz de cima de minha irmã, derrubando-o no chão e dei um soco em sua cara que acabou quebrando o seu nariz e fraturando o meu pulso.

O membro asqueroso dele estava para fora da calça e se eu tivesse uma faca, naquele momento, teria o arrancado fora.

"Por que fez isso com ela seu porco?" Gritei furioso e fui até a cama onde Rebekah estava encolhida contra a cabeceira. Tinha os cabelos assanhados, a boca inchada e estava sem blusa. A abracei com força sentindo os soluços balançarem seu corpinho.

"Ela é a culpada por andar se esfregando em mim, sentando no meu colo."

"Ela é só uma criança, seu doente!" Minha irmãzinha só tinha oito anos, nenhuma malícia. Para ela, todos os homens eram como o nosso pai, que poderia ter todos os defeitos do mundo, mas seria incapaz de um ato tão grotesco. "Ela te chamava de tio, seu porco. Eu vou contar para a polícia. Você vai pagar por isso."

Naquela hora Esther chegou e aí nosso verdadeiro inferno começou. Ao invés de ficar ao nosso lado, de defender a filha, armar mais um de seus escândalos e denunciar aquele porco que chamava de namorado, ela fez exatamente o contrário.

Nos ameaçou. Ameaçou os próprios filhos. Não se importou em saber de nossos machucados físicos e emocionais. Só se preocupou em preservar sua imagem de grande dama da sociedade.

Se contássemos para alguém, principalmente para nosso pai, ela disse que ninguém iria acreditar e ainda mandaria Rebekah para o pior internato do outro lado do mundo e nunca mais eu a veria.

"É isso que quer Klaus? Quer sua irmã em um lugar frio e sujo, dormindo no escuro?" Rebekah me abraçou com mais força e voltou a chorar. "Quer que as pessoas pensem que ela é uma garotinha mentirosa e suja por causa do que aconteceu hoje?"

"O meu pai..."

"O seu pai não se importa com vocês." Ela não cansava de gritar aquela frase. "Ele está muito ocupado com a nova vadia e bastardos que arrumou. Se contarem o que aconteceu aqui para alguém, nunca mais vão se ver na vida. Eu separo os dois. E por Deus, pare de chorar Rebekah! Ele não enfiou nada em você, então, pare de drama!"

Esther nem ao menos se importou com o choro compulsivo da própria filha e me lançou um olhar de ameaça antes de sair do quarto. Dando-nos as costas mais uma vez.

Série Corações Feridos: Você nunca estará só (Vol. 2)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora