Seis

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Caroline

Minha cabeça parece que vai explodir de tanta dor e o som dessa maldita campainha não ajuda em nada.

Se eu ficar quietinha aqui o infeliz pensará que não tem ninguém e vai embora.

Cubro a cabeça com o travesseiro na tentativa de voltar a dormir, mas não resolve nada e mesmo depois de cinco minutos o barulho não para.

Vou matar aquele porteiro por ter deixado Tyler subir outra vez sem meu consentimento. É só meu primo lançar um sorrisinho que aquele safado se derrete todinho.

Passo os dedos entre os cabelos e não quero nem imaginar a luta que terei para desembaraçá-lo.

"Já vai!" Grito ao chegar na sala e o barulho estridente continua. Preciso mudar esse toque urgentemente, porque esse já deu.

Abro a porta e tento fechá-la imediatamente ao ver o infeliz do Mikaelson com um buquê de rosas vermelhas. Claro que ele me impede e entra na minha casa como se tivesse sido convidado.

"Vai embora!" Aponto para a porta, mas ao invés de me obedecer, ele se encosta nela e me olha de cima abaixo, demorando-se em minhas pernas. Então, lembro que estou usando apenas uma camisola de seda rosa muito curta. "Quem te deu o direito de parecer na minha casa em plena madrugada de domingo?"

"São mais de dez horas da manhã." Ele tem olheiras em volta dos olhos e parece cansado. "Desculpe por não ter aparecido ontem e nem ter te ligado, mas..."

"Eu não quero ouvir suas desculpas, Mikaelson." Faço um coque bem mal feito na tentativa de não parecer com uma espiga de milho na frente dele. "Só cumpra sua palavra e me deixe em paz."

"Eu estava ocupado em salvar minha irmã de se matar com as próprias mãos." Ele passa por mim, senta no sofá e coloca as flores no chão. Fico parada sem saber o que falar; eu esperava qualquer coisa, menos algo assim. "Rebekah é dependente química. Começou com o álcool, passou pela maconha até chegar a heroína."

"Como ela está?" Pergunto quando encontro minha voz, ainda parada no mesmo lugar.

"Agora está em uma clínica de reabilitação. Mas poderia estar em uma vala qualquer." Ele apóia os cotovelos no joelho e esconde os rostos com as mãos. "Sempre fiz de tudo para suprir todo o afeto que não tivemos de nossos pais, mas não foi o suficiente. Sabe como dói você tendo que sair durante as madrugadas, procurando nas piores vielas, uma das pessoas que mais ama, rezando para que esteja bem e viva? Imagine você não sendo capaz de impedir a pessoa de se drogar, você a encontrar tendo convulsões e não saber o que fazer..."

Meu coração aperta ao escutar o soluço de Klaus. Ele está chorando e antes que eu pense, meus pés se movem e me ajoelho ao lado dele.

"Eu sinto muito." É a única coisa que consigo dizer enquanto passo a mão em suas costas.

Já vi muitos colegas se afundarem por causa de drogas, morrendo e levando um pedaço da família no processo. Eu nem sei o que faria se um caso assim batesse em minha porta, acredito que não teria forças suficientes para lutar contra algo assim, para ver alguém que amo se autodestruindo.

"Desculpe por isso." Klaus passa as mãos no rosto, tentando secar as lágrimas. "Eu só estou exausto."

E posso perceber que não é só pelo o acontecido na noite anterior, mas sim a soma de toda uma vida pesando em seus ombros. A responsabilidade que assumiu cedo demais com a irresponsabilidade e crueldade dos pais.

"Tio Silas me contou por alto sobre seus pais." Sento ao lado dele, mantendo uma distância segura entre nós.

"Eu não tenho pais. Nunca tive. Mikael e Esther apenas nos colocaram no mundo." Sua voz é raivosa quando aperta as mãos com força. "Sempre fomos apenas eu e Rebekah. Cresci tendo em mente que seria completamente diferente deles, que quando tivesse um filho seria o melhor dos pais. Mas fiz exatamente o contrário, arrumei uma cópia de Esther para ser mãe do meu filho. Uma narcisista insensível que não ama ninguém além dela mesma."

Série Corações Feridos: Você nunca estará só (Vol. 2)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora