Vinte e quatro

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Caroline

Estou enorme, inchada, com os pés e pernas numa calamidade só. Nem dormir direito a noite, eu consigo, porque nunca acho uma posição confortável. Mal vejo a hora do meu bebê nascer. Faltam oito dias ainda para que eu possa finalmente ver seu rosto e tê-lo em meus braços.

Uma gravidez tranquila sem nenhum enjoo ou desejo estranho. Um bebê saudável que a cada consulta, mostra-se cheio de vida e com um crescimento admirável.

Klaus, se possível, tornou-se ainda mais amoroso, presente e dedicado. Em todas as consultas, levamos Gabriel para que ele não se sinta excluído de nada e para que o seu amor pelo irmão só se fortaleça. Dividimos cada pequena descoberta como a família que somos e quando Klaus não está em casa, meu menino é quem fica comigo, cuidando de mim e do irmãozinho que ainda nem nasceu.

A primeira ultra-som foi a mais emocionante de todas. Ouvir seu coração bater com tanta força e energia, foi o suficiente para derramar lágrimas de nós três.

Meu coração sempre transborda de amor todas às vezes que Klaus beija, acaricia e passa horas conversando com minha barriga. Nosso menino até fica quietinho, ouvindo tudo o que o papai fala. E eu entendo que para Klaus isso é tão mais novo quanto para mim. Com Gabriel, ele não teve a oportunidade de acompanhar a gravidez, as pequenas mudanças que o bebê provocou dia após dia na barriga daquela cascavel. Sempre me pergunto como não amar uma criança que cresce dentro de você, sangue de seu sangue, mas cheguei a conclusão que Gabriel nunca foi dela e sim meu. Mãe não é aquela que põe no mundo e sim a que dá amor.

"Eu vou ao banheiro fazer xixi." Deixo Gabriel na cama e vou pela nona vez esvaziar minha bexiga em menos de uma hora. Quando termino de lavar as mãos, sinto uma dor forte nas costas e outra na barriga, parecendo com dores de cólicas. Respiro fundo quando a dor passa tão rápida quanto chegou.

Volto ao quarto, pego meu celular e retorno ao banheiro. No segundo toque Klaus já atende a ligação.

"O nosso bebê já está querendo nascer." Digo de uma vez e passo a mão na minha barriga dura, o bebê se mexe lentamente.

"Eu já estou indo para casa. Daqui a pouco chego aí. Vai dar para me esperar não é?" Escuto portas batendo e sua respiração pesada.

"Agora que tive a primeira contração e a bolsa ainda não estourou. Cuidado na estrada."

"Eu te amo, Sweetheart." Ele fala antes de encerrar a ligação.

"Filho, vai lá na cozinha chamar a Maisa, por favor." Gabriel pausa o filme e sai correndo do quarto.

Pego minha bolsa de dentro do closet e a do bebê. As duas estão prontas há duas semanas esperando o grande dia, que chegou antes do esperado.

"Chamou, Caroline?" Maisa olha para as bolsas sobre a cama e abre um sorriso de compreensão. "Chegou a hora não é?"

"Sim." Bato no colchão e chamo Gabriel para sentar ao meu lado. Seguro seu rosto e encaro os olhos azuis esverdeados que me miram com curiosidade. "Nosso bebê já vai nascer."

"Já?" Ele coloca a mão sobre a minha barriga e os olhos brilham. "A Mel disse que os bebês nascem por onde sai o xixi." Se Klaus estivesse aqui era até capaz de perder a cor do rosto.

"Mamãe vai para o hospital para o médico examinar o bebê e no máximo em dois dias estaremos de volta. Mas eu prometo que o papai vem te pegar para conhecer seu irmão antes disso." Mordo o lábio inferior quando uma nova contração surge e tento não fazer uma careta de dor para não assustar Gabriel.

"Mamãe, eu já escolhi o nome do meu irmãozinho." Gabriel passa as mãos na minha barriga e se abaixa para beijá-la. "Ele vai chamar Gael."

O bebê chuta onde as mãos do irmão estão.

Série Corações Feridos: Você nunca estará só (Vol. 2)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora