— Me recordei de quando havia combinado de dormir na casa de Juliana para nos divertimos mais e conversarmos sobre coisas fúteis, mas que gostamos de qualquer forma — proclamou Karen — houve um momento da conversa em que o assunto 'histórias sobrenaturais' se infiltrou sem que tenhamos percebido. Nós começamos a contar lendas e histórias de terror semelhante ao que estamos fazendo agora, porém, em vez de fatos reais, não eram nada mais do que meras creepypastas.
A conversa fluiu bem até demais para se conversar com uma pessoa como Juliana, pois a mesma é extremamente medrosa e todo mundo sabe disso. Mas não demorou muito para que, no meio da tal conversa interessante, nós, ou melhor, Juliana resolvesse parar e ir dormir, pois caso contrário, essa doçura não conseguiria dormir bem se contos horrendos lhe fossem adicionados cada vez mais. — Por conta das críticas de Karen, Juliana apenas revira os olhos e abre um sorriso de canto em meio aos seus lábios rosados, explicando em seguida:
— A parte assustadora é que; como vocês já sabem, meu irmão mais velho morreu de câncer, e desde então a cama dele permanece no quarto, pois não queremos e não conseguimos retirá-la ainda; por motivos psicológicos, mesmo que ela não esteja em uso.
— E de qualquer forma, eu não iria me deitar na cama que ele costumava dormir, então me deitei na terceira cama que havia no cômodo, ficando separada de Juliana — ressaltou Karen — como a noite clara tornou-se coberta por nuvens carregadas de chuva, deixando-a ainda mais fria e agitada; com relâmpagos contínuos. Eu, coberta pelo meu medo por trovões, pedi para que Juliana segurasse minha mão; e para meu alívio (somente naquele instante), "ela" segurou e adormeci.
— No dia seguinte — Juliana dá a continuidade — quando ambas despertaram, Karen me agradeceu por ter segurado sua mão, por simplesmente ter me deitado na antiga cama de meu irmão e a segurado para acalmá-la. Porém, de maneira alguma eu o fiz, pelo contrário, pensei que ela havia deitado na cama dele para que eu pudesse assim, segurar sua mão, pois alguém também segurava a minha.
— Este ocorrido me deixou com arrepios, me impossibilitando de ficar mais que cinco minutos no quarto de Juliana — afirmou a garota — sendo assim, não durmo mais lá.
Os adolescentes se espantam com a confusão da história e começam a relatar um por um como reagiriam se um ocorrido deste lhes acontecesse, assim, todos conversavam, mas mais uma vez Isabelly não se concentra em seus amigos.
Em seus ouvidos, a voz de uma criança ganhava vida, se embaralhando em apenas uma frase, uma frase de aviso.
Faça-os parar ou o pior chegará.
Cuja fora repetida mais de dez vezes para a pobre garota, que se desesperava e pedia para que nada disso estivesse de fato ocorrendo.
Seu desespero era silencioso, fazendo-a apenas juntar suas mãos em seus ouvidos, para tampar o som que estava ouvindo repetidamente. Seu ato é tão discreto que poucos de seus amigos realmente notam, sendo um deles, Elisa, que acalmava sua amiga com seu cenho franzido e seus olhos repletos de compaixão, envolvendo Isa em um carinhoso e seguro abraço.
O comportamento estranho da garota pareceu ser uma luz em meio aos pensamentos de sua amiga, fazendo-a lembrar de todos os acontecimentos estranhos que ocorreram em meio às experiências contadas pelos adolescentes, trazendo o medo para Elisa, o medo do que algo pior poderia lhes acontecer.
Agora a dúvida do que ocorria entre eles não permanecia mais apenas em Isabelly e sim, agora, em sua, antes corajosa, amiga.
Baseado na experiência de Ingrid, prima da leitora Emilly Souza.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Noite dos Contos
TerrorLivro vencedor em 1° lugar na categoria Terror do projeto Melhores do Wattys e na categoria Voto Popular do Escritores de Ouro. Em um dia chuvoso, escurecido pelas imensas nuvens negras que cercavam o céu, um grupo de familiares se aproximavam à um...