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Quando Angeline descobriu que estava gravida, a primeira coisa que fez, foi esconder de mim

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Quando Angeline descobriu que estava gravida, a primeira coisa que fez, foi esconder de mim. Tudo com o intuito de me fazer uma grande e exagerada surpresa, que resultou em meu ridículo desmaio no meio da nossa, incrivelmente decorada, sala de visitas. Lembro que foi a melhor surpresa de toda a minha vida e a segunda notícia que me abalou. A primeira foi quando Angeline, disse, sim – para o meu pedido de casamento.

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COM O ROSTO FRANZIDO, observo Amelie gesticular para o telefone. Rapidamente minha concentração nas minhas lembranças são interrompidas quando ela começa a falar. Acompanho tudo mergulhado em agonia. Não sou um exemplo de paciência, e ela sabe disso.

Amelie, então, sai da sala, me deixando ainda mais perturbado. Quero saber como está a conversa, minha cabeça e coração gritam por isso. Tento controlar minha impaciência com alguma distração referente ao meu trabalho, mas segundos se passam e leio a mesma frase do contrato, uma e outra vez, com os ouvidos focados nos murmúrios do lado de fora do meu escritório.

Quando sua silhueta miúda reaparece na porta, lanço um olhar de anseio e espero, controlando meu desespero, ela entrar totalmente na sala e se sentar na minha frente. Um sorriso preenche seus lábios finos, pintados de roxo, e seus olhos brilham de excitação.

— Primeiro: você vai me dizer o que está acontecendo! — De repente seu sorriso morre e encaro a obstinada, Amelie Lockwood.

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Minha decisão em me casar aos vinte e quatro anos, não foi proposital. Naquela época, eu não tinha nenhuma intenção de me casar. Entretanto, meus olhos capturarão a mulher mais linda e meu coração sabia que ela era a mulher certa. Quando a conheci, ela estava sentada debaixo de uma sacada, lendo um romance dá qual não lembro o nome, porém tinha total concentração naquilo que estava fazendo.

Eu estava de volta à Itália, visitando minha família aglomerada e barulhenta, tinha recém terminado a faculdade. Portanto, viajei dos Estados Unidos para a Toscana, afim de deixar minha família feliz. E assim, que pisei os pés na propriedade, eu a vi. Os cabelos escuros, presos em uma trança mal feita, as vestes simples e o sorriso nos lábios rosados completava a visão mais perfeita que já tinha visto. Fiquei enfeitiçado.

Não esperei muito tempo para me declarar, nos casamos no final do verão, uma cerimônia simples, rápida e memorável.

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O ROSTO DE AMELIE está contorcido em total choque. Estupefata demais para conseguir falar alguma coisa. Eu conheço essa baixinha, sofisticada e volátil mulata desde a faculdade. Ela se tornou minha melhor amiga, confidente e a responsável por me fazer desistir de tudo no último segundo. Salvando-me de um fracasso.

Apoio as mãos na mesa e inclino meu corpo, afastando a cadeira. Ainda encaro seu rosto buscando algum sinal. Ela tem as mãos sobre a boca e nariz, os olhos arregalados. Levanto-me, desviando a atenção dela para a janela. Suspirando pesadamente, perante a minha agonia, tento compreender se não fui longe demais. Talvez, eu tenha ido, desde o início. Mas sou egoísta o suficiente para ter deixado tudo para trás, afinal eu escolhi o que aconteceu. Escolhi sair correndo.

Pétalas de Saudades - Quarteto de Noiva - A DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora