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Eu me inclinei sob o peitoral de madeira da janela, tendo minha mente ocupada e meus ouvidos capturados pelo barulho da chuva caindo torrencialmente lá fora

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Eu me inclinei sob o peitoral de madeira da janela, tendo minha mente ocupada e meus ouvidos capturados pelo barulho da chuva caindo torrencialmente lá fora. Hoje não era um dia bom para mim, e parecia que o céu decidiu participar de minha melancolia. A moça do tempo não disse que estaria chovendo hoje, então fui pega de surpresa.

Analisei minha xícara fixamente, em sua volta existia pequenos gatinhos alaranjados. Levei a bebida quente à boca e suspirei. A casa estava em total silencio compassivo ao que estava sentindo. De alguma forma o dia estava correspondendo ao meu sofrimento. Hannah ainda não tinha vindo me cumprimentar espirituosamente e Dana estava fazendo qualquer coisa lá em cima.

Não tínhamos nada para fazer até o final de semana, aonde estávamos com dois eventos, um de aniversario de casamento e o outro de nascimento, para fazer. Hannah não quis abrir a loja hoje, dizendo que estava cansada. Mas eu sabia que era mentira. Todo ano, nesse mesmo dia, desde que fui embora, minhas amigas deixavam-me só. Eu tinha uma tristeza em meu coração que não conseguia explicar.

E tudo começou quando o vi pela primeira vez. Foi tão surpreendente, quando timidamente encarei seus olhos avelã, os lábios comprimidos. Ele tinha um olhar crítico e severo, enquanto eu apreensivamente me dirigi para a cadeira a sua frente. Em minha primeira entrevista de emprego.

Naquela época, tinha somente dezesseis anos e tudo era novo. Entretanto, sabia que não poderia voltar atrás, por mais amedrontada que estava, consegui responder suas perguntas, sem gaguejar ou chorar. Ele era intimidador ao extremo.

Maxwell Louis DiNozzo era um italiano quente, que despedaçou minha vida por completo. Estragou minhas futuras investidas românticas até o fim dos tempos. Mas me proporcionou ter o contato com a pessoa mais importante da minha vida.

Meu estado melancólico é um reflexo do que tive que deixar para traz para poder ser feliz. Mas nada adiantou, minha aflição apenas me seguiu durante a viagem e se instalou por todos esses anos em meu coração.

O meu primeiro emprego resultou em minha primeira experiência romântica e também de afeto muito além do que pode imaginar. Foi inexplicável minha conexão com Hope. Eu coloquei meus olhos nela e tudo clareou. Seus pequeninos olhos azuis, seu corpo frágil. Ela era a epifania da minha vida. Eu poderia ter idade de menina, não sabia cuidar de um bebê recém-nascido, mas aquilo era o que eu queria fazer. Queria ser algo para Hope, não importava em qual classificação seria atribuída.

Antes de tudo virar de cabeça para baixo, eu era feliz. Minha avó, May, estava bem. Eu amava meu emprego e tinha recém descoberto o sentimento de estar apaixonada. Tudo ia bem, até ele anunciar que iria se casar. Não antes de me fazer de idiota e pensar que poderia ter alguma chance.

Eu era uma pobre garota caipira, em seu primeiro emprego, tendo que colocar seus próprios sonhos de lado para poder ajudar sua amada avó doente, tendo que lidar com problemas maiores e também ter que afogar seu coração, por que o homem da sua vida não era para o meu bico e muito menos teria algo comigo. Sendo apenas a babá que deu sorte.

Pétalas de Saudades - Quarteto de Noiva - A DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora