20/09/2027 - Na estrada com um oráculo

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     Enquanto eu, Isadora e Wander estávamos nos preparando para uma jornada rumo ao desconhecido, uma estranha figura se aproximou da nossa janela e bateu duas vezes, era uma moça bonita com olhos quase brancos, nunca tinha visto ninguém igual a ela, Wander rapidamente olhou para o lado com se já soubesse quem iria ver, respirou fundo como se estivesse aliviado, virou para Isadora e pediu para abrir a porta e deixar a moça entrar, eu e Isadora trocamos olhares confusos mas fizemos o que Wander pediu, então a moça que se apresentou como Luna agradeceu de uma forma suave por termos deixado ela entrar e por termos ajudado Wander o escondendo na noite passada. Eu fiquei confuso, não entendi como ela sabia que tínhamos ajudado Wander, será que ela estaria nos espionando? E se estivesse, por que ela mesma não ajudou Wander?! Felizmente, Wander percebeu minha confusão e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele me disse Luna era uma das outras cobaias do laboratório mas que ela era diferente dos outros por que ela nunca foi humana, ela foi criada lá dentro a partir de experiências.

      Puxei uma cadeira e me sentei, por um breve momento olhando para aquela mulher em pé na minha frente, eu pude perceber o quão longe tinha chegado a briga pelo poder, o quão longe o ser humano tinha ido, criar seres humanos, usar outros como armas, eu já não sabia mais o que pensar, então, Luna se abaixou na minha frente, me olhou nos olhos e disse que eu não precisava ter medo dela, apesar de ela não ser uma humana, ela nunca faria nada de errado com ninguém, pois ela não queria ser igual as pessoas que a criaram. Eu acenei com a cabeça como quem tivesse entendido, mas continuei sentado, ainda precisava de um tempo para digerir aquilo tudo, e então Wander disse que assim como ele e todos os outros que fugiram daquele lugar, Luna tinha suas habilidades incomuns, ela tinha o incrível dom de... bem... eu não sei explicar direito, mas seria algo como ver alguns momentos de um futuro próximo, como se fosse um oráculo ou algo assim, se Wander estivesse escrevendo aqui, ele explicaria melhor do que eu.

      Luna explicou que havia achado Wander e sabia sobre a gente por causa de uma "visão" que ela teve, e que foi essa visão que a levou até nós, nesse momento eu já estava mais tranquilo em relação a tudo, e depois de ter visto pessoas e animais mortos se levantarem e começarem a agir como criaturas de filmes de terror, eu já não duvidava mais de nada. Luna estava ali para se unir a nós e Wander por algum motivo parecia saber que ela o encontraria, algo me diz que eles já passaram por muitas coisas nesse laboratório que tanto falam, mas isso não é de interesse meu, o fato principal daqui é que enquanto deixávamos a vila dos Kraken e nos despedíamos dos sobreviventes, Luna virou para mim e disse "Essas são boas pessoas, não se apresse, vá e faça desse momento algo que você não se esquecerá", então eu me virei para cada morador da vila e agradeci por tudo que eles fizeram por mim, em seguida Isadora fez o mesmo.

      Nós temos suplementos, armas um propósito e por incrível que pareça, nós temos um carro, isso mesmo, um carro! Luna chegou até a vila dos Kraken numa minivan, acho que era chamada de kombi, não me lembro bem, já faz tempo que carros são incomuns, não era exatamente o que eu esperava de uma "oráculo", mas só de saber que não andaríamos o tempo inteiro, tudo estava ótimo, colocamos tudo dentro da vã e partimos com Wander no volante.

      Foram tantos anos sem sentir a sensação de se estar na estrada, que eu nem percebi o tempo passando enquanto conversávamos sobre o mundo antes da guerra e tudo que a gente perdeu, e tentando explicar para Luna algumas coisas que ela nunca sequer viu. Depois de algumas horas na estrada uma coisa muito estranha aconteceu, o rádio da vã pegou o sinal de alguma rádio qualquer, a estação que o rádio captou estava fazendo um anuncio de passagens para um lugar chamado "Ascantcha" e fazia diversas propagandas sobre suas belezas e incríveis paisagens, todos nós nos entre olhamos dentro da van com olhares diferentes, até que fomos interrompidos por um suspiro baixo da Luna, que se virou para nós e nos disse para acelerar muito a van, que algo muito ruim estava prestes a acontecer.

      Desde que ela deu esse aviso, Wander está dirigindo o mais rápido que pode para um lugar que ele diz ser o destino da gente, já está quase anoitecendo e nós ainda estamos na estrada, espera, tem algo acontecendo lá fora, um barulho estranho e, espera, o chão está tremendo?!

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