A Cápsula Do Tempo

CAPÍTULO SEIS

Enzo:

Já estamos á alguns minutos no café, fizemos os pedidos e estamos aguardando, no momento o silêncio predomina, mas não é de todo ruim pois assim tenho o tempo necessário para contemplar os seus traços nada comuns, porém atraentes, os lábios aparentam ser macios e delineados naturalmente, os olhos são castanhos claros daqueles que ficam quase verdes quando expõem ao sol.

As sobrancelhas é perfeita e os cílios são grandes dispensando o uso de cílios portissos, ela é totalmente natural e uma mulher linda, sua beleza é diferente, posso até afirmar que é exótica.

Estou muito curioso para saber tudo sobre ela, como vive, o que faz, e o mais importante se o que ela escreveu na carta era sério e se ainda ela sente algo por mim.

Após quinze anos é possível que ela já esteja casada, quem sabe tenha até filhos, entretanto estou cheio de expectativas, não sei bem o que há comigo, talvez a surpresa de saber que eu fui amado por uma garota diferente e enigmática aos meus olhos, a mesma garota que todos zoavam, e eu covardemente não a defendia, nesse momento queria retroceder quinze anos atrás e mudar a nossa historia, no entanto o arrependimento faz parte do amadurecimento, certamente eu não  era o cara adequado para ela, provavelmente eu amagoaria constantemente.

Os olhos dela são tão expressivos, e a sua forma de olhar me atrai mais do que deveria, não consigo me afastar já estamos nesse impasse à alguns minutos e finalmente ela resolve me dá atenção.

- Enzo, você vai me entregar a carta, preciso resolver logo isso e voltar o quanto antes.

Quebrando o silêncio, ela decide ser objetiva e ir direto ao ponto.

- Depende Irmna, preciso que você me responda todas as minhas perguntas.

Respondi a sua pergunta sem deixar de observar as reações e os seus trejeitos, claro que a resposta que lhe dei não foi satisfatória.

- Cara você não é o centro do universo não, as pessoas trabalham e tem uma vida para gerir, você está me prendendo aqui e tudo que eu quero é simplesmente essa carta onde está provado minha total insanidade enquanto era uma estudante boboca que se apaixonou por um idiota popular da escola.

Tenho que admitir que a mulher é chumbo grosso uma personalidade que não condiz com seu belo rosto de garota simples e delicada.

- Tudo bem Írmna, vou ser direto com você, eu li a carta, na verdade li mais de uma vez, e confesso que me surpreendir.

Falei o que realmente estava entalado.

- E daí Enzo isso não lhe dar o direito de se apoderar da carta.

Retruca sem se dá  conta do que realmente eu quero dizer.

- Írmna me ouve, eu gostei de ter lido a carta, na verdade eu gostei de saber que você me amava entende, eu gostei.

Depois de praticamente berrar, eu notei a confusão em seus olhos, como se não acreditasse no que os seus ouvidos ouviram.

- O quê você disse? Você por acaso está de brincadeira comigo Enzo, saiba que não somos mais adolescentes para participar desses tipos de joguinhos.

Como sempre ela responde de imediato, deixando bém evidente seu ponto de vista.

- É verdade Írmna, eu realmente gostei, e queria poder voltar no tempo para corresponder esse sentimento puro que você descreveu na carta.

A cada frase dita por mim, notava seus lindos olhos se arregalarem e me fitarem de forma intensa, acho que tanto ela como eu, não esperávamos ter essa conversa nesse momento.

- Olha Enzo, eu não preciso que você  diga essas coisas, eu não sou mais uma adolescente alvo de bullyng, não  necessito de sua pena por favor vamos parar por aqui, eu preciso ir, fica com a carta se você assim desejar.

Depois de dizer essas palavras ela simplesmente sai correndo sem que eu possa alcançar-lá, tento impedi-lá  mais sou enterrompido pelo atendente trazendo a conta, porém  antes que eu perdesse todas as esperanças de reencontra-lá eu avistei o seu celular na mesa, ao sair ela não se deu conta de ter-ló esquecido aqui, e com certeza essa é a garantia que a verei o mais breve possível.

Írmna solís:

Estou até agora com o coração disparando, não acredito que ele me disse aquelas coisas, quem ele pensa que é para inventar tudo aquilo. Nunca vou deixar de me odiar por ter sido tão boba.

Vou a casa dos meus pais, preciso velos antes de voltar para minha vida, não quero mas insistir que o Enzo me entregue a carta, a muito tempo deixei de me importar com que as pessoas pensam de mim, se ele quiser me expor ao ridículo usando aquela carta, que seja não vou parar a minha vida por isso, seguirei em frente, pois nada é mais importante que a minha carreira e o meu compromisso com o meu trabalho.

Chego em casa e recebo um abraço sufocante do meu pai e minha mãe, o cheiro de casa me transporta para a minha infância por uns breve momentos e nesse momento esqueço do dia de cão que tive hoje, esqueço até dEle por um tempo.

Faz um bom tempo que não venho aqui, e sei que meus pais vão fazer o impossível para que eu não retorne tão cedo, não vou negar que eu amo ser paparicada desse jeito, sei que minha mãe vai fazer os meus pratos preferidos e o meu pai irá comprar o meu doce favorito banaiaba, uma mistura de doce de banana com goiaba, tudo isso para tentar evitar que eu vá, sei também que teremos aquele papo sério de familia onde eu serei bombardeada por perguntas sobre a minha vida amorosa, serei acusada da falta de netos na vida deles e muitas outras coisas.

Tenho que disfarçar, que estou tensa em relação ao que passei com o Enzo a algumas horas atrás, a minha mãe me conhece bem e sabe quando algo não está bem comigo, que necessito com urgência de colo e carinho de mãe.