CAPÍTULO UM.

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Não entendo o por que de tudo isso agora, depois de tantos esforços para conseguir superar tudo que me aconteceu durante a minha infância e minha  adolescência, surge ágora essa droga de cápsula do tempo para mim tirar do eixo, se bem que não é exatamente a cápsula do tempo em si, e sim ele,"o Enzo " o carinha por quem eu fui completamente apaixonada desde o primário até antes de ir para a faculdade.

A verdade é que existe uma certa carta onde eu declaro todo o meu amor por ele, e o pior de tudo é que essa mesma carta está depositada dentro da maldita cápsula do tempo da escola estadual Dawton Schindler, e agora a atual direção da escola começou uma reforma para modernizar a mesma. Porém no meio disso tudo a tal cápsula que só seria aberta daqui a mais ou menos 100 anos acabou sendo danificada, então os familiares dos fundadores resolveu que  abrirão a cápsula.

É óbvio que por trás dessa ação haverá uma estratégia de marketing, visto que essa escola é bem tradicional  e gerações passadas estudarão lá ajudando a compor a história do colégio, e para atrair visibilidade para a mesma, nada melhor que um grande acontecimento desses. por esse motivo eu recebi um email solicitando a minha presença pois todos os alunos da oitava série e das outras turmas que quiseram deixar algo na cápsula para as suas futuras gerações, deveriam assinar uma espécie de lista de participação e foi o que eu fiz assinei a tal lista para os meus descendentes saberem que uma antepassada deles também fizera parte desse feito.

Porém eu não esperava que uma reforma no colégio fosse virar a minha vida aos avessos a ponto de expôr os meus sentimentos mais profundos, sentimentos esses que nunca foi revelado a ninguém pois eu fiz com que ele se sufocasse dentro do meu coração o que não adiantou nada visto que estou prestes a ser ridicularizada, porque a reforma está fazendo com que a nova direção da escola faça um evento que reunirá ex alunos da mesma para abrir a cápsula e eu preciso estar lá para impedir qua a carta chegue nas mãos do Enzo, você deve estar se perguntando porque a carta não pode chegar nas mãos de seu destinatário, e eu respondo que não foi endereçada para ele e sim para a cápsula que só seria aberta nas próximas gerações, onde obviamente nós não existiriamos mais. Mais o inesperado aconteceu, o que era para se fazer com cem anos será feito com apenas quinze anos.

O meu amor por ele foi amor platônico que não virou realidade eu o amei durante toda a minha juventude, ele nunca soube eu não me atreveria a me declarar pessoalmente pois Enzo era o tipo popular mauricinho filhinho de papai pegador e esnobe, jamais olharia para um tipo gordinha dentuça com aparelhos e estranha até no nome, " Irmna" isso mesmo Irmna é o meu nome que aprendi a gostar depois de me tornar adulta e começar a utilizar muito a frase "que se dane o que pensam de mim".
Voltando ao tema minha paixonite, vocês devem achar insano se apaixonar assim por alguém com todos esses adjetivos, mais o amor é isso insanidade, o Enzo jamais pois seus olhos em mim, mesmo estudando na mesma escola e se cruzando pelos corredores a todo tempo, junto a sua turma ele espalhava desafetos por toda a escola e se comportava como um idiota, a mim ele nunca fez nada talvez por eu ser invisível ao seus olhos, porém outros alunos não tiveram a mesma sorte, mais pior que insultos é não ser notada, não ter nenhum olhar da pessoa que você nutri um sentimento direcionado a sua pessoa, eu sofri muito por gostar dele, e acho injusto passar por tudo isso quando ainda se é praticamente uma criança, mas não importa pois superei minhas espectativas e não vou passar pelo ridículo de ter aquela carta nas mãos dele.

Nesse momento a ansiedade me consome pois não estava nos meus planos voltar para a minha terra natal, o lugar onde eu passei a pior infância e adolescência que alguém pode ter, apelidos do tipo baleia fora dágua, songamonga aterrorizavam os meus sonhos durante muito tempo, precisei de ajudá psicológica para superar tudo isso, foram muitas noites de insônia, muitas idas ao consultório psicológico para finalmente poder levar uma vida normal e me encaixar nessa sociedade que julga as pessoas por seu tipo físico, cor da pele e condições financeira.
Fui criada num lar com muito amor, nunca me faltou nada, apenas ter uma vida social, não tive amigos, e não ia em festas, pois o medo de sofrer uma humilhação em público me paralisava já era o bastante no ambiente escolar, eu nunca contei aos meus pais tudo o que eu passava coloquei na minha cabeça que tudo aquilo fazia parte do meu desenvolvimento como pessoa, imaginem só uma adolescente com uma visão dessas a respeito do que acontece em sua volta.

Por esses motivos e outros que me consideravam esquisita pois eu não me comportava como todos da minha idade, sempre mostrava maturidade em tudo, e as vezes agia como uma adulta sem nem ao menos me dar conta de que o meu jeito de ser causava estranheza nas pessoas ao meu redor. Para os meus pais eu era uma adolescente comum e minha vida era normal, me lembro que para disfarçar a falta de amigos indo na minha casa eu as vezes dizia a minha mãe que iria a casa de alguma colega para fazer trabalhos escolar e na verdade eu ficava na biblioteca do bairro por horas viajando no mundo dos livros, já havia pensado até em me tornar uma escritora mais a vida me levou para outros caminhos, fui  fazer faculdade e morar sozinha em outro estado e acabei mudando o meu jeito de ser, acho que ágora já estou pronta para voltar e rever todos do passado.

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