CAPÍTULO 20: TREINAMENTO EM GRUPO

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Caminhei até o carro ainda observando Caique quando ele pareceu assustar-se com minha aproximação, olhou para os lados, alarmado e depois me encarou.

— Estava ai o tempo todo? — Perguntou de sobrancelha erguida

— Cheguei agora — desconversei.

Por hora eu não iria tocar no assunto da arma com ele, mas que iria perguntar mais tarde sobre isso iria. Ele tinha autorização para andar com algo assim? Nem era permitido, ainda mais em uma empresa, em um local de trabalho.

— Eiii — Alguém gritou em um tom animado com uma voz fina —Esperem pessoinhas. Esperem! — essa última parte quase saiu em forma de imploração.

Não podia ser.

Belinda, a nova funcionaria saiu correndo do elevador meio desajeitada e parou perto de nós, passando o olhar sobre cada um, por causa do estado dela apostava que ela veio correndo todo o prédio até o elevador e agora até aqui.

— Recebi ordens diretas do senhor Kenneth para ir com vocês. Eu sou uma ótima repórter, não irei atrapalhar.

De dentro do carro observei Betty revirar os olhos e estranhei; Betty geralmente se dava bem com todo mundo, ela nunca julgava alguém pela aparência, cor ou jeito de ser, ela era bem mente aberta e defendia sempre as coisas certas, participava até mesmo de grupos com fins de ajudar animaizinhos, crianças e até mesmo pessoas com algum tipo de problema. Essa era a primeira vez que eu a via revirar os olhos pra alguém com desdém, demonstrava que ela não gostava da moça.

Eu também desconfiava dela, ela parecia estar forçando a simpatia, então entendia o sentimento de Betty naquele momento, mas eu ainda não havia tirado uma conclusão sobre ela. Eu estava indiferente sobre o caso.

Eu e Belinda fomos no banco de trás, enquanto Betty e Caique iam no banco da frente tagarelando sobre o acidente, ela parecia muito animada, finalmente estávamos conseguindo novamente algo bom, não que alguém estivesse feliz com isso, era muito trágico, só que no caso de Betty ela pensava que iria conseguir concluir sua matéria sobre Núvia, Caique esperava conseguir algo digno de primeira pagina e eu esperava respostas.

Por que alguém atacaria uma boate? Por que causar um incêndio e matar pessoas inocentes? Tinha alguma coisa ali, alguma coisa muito importante que estava na cara e ninguém conseguia ver.

— Essa vai ser a matéria, Mhylla. É o que vai definir o destino de todo mundo, o destino de Nuvia, as pessoas precisam saber, elas precisam saber o que a cidade passou todas essas décadas e porque, algumas não irão acreditar, claro, mas mesmo assim eu vou expor. Eles precisam saber ao quê estão sujeitos.

— De quê matéria está falando? — perguntou Belinda em um tom de menininha, se não fosse por esse ar estranho que ela carregava, ela até mesmo pareceria uma criancinha. Tinha um ar meio infantil. Não sabia por que alguém não gostaria dela.

— Ela está escrevendo uma matéria sobre a maldição de Nuvia — Caique falou suspirando — Eu particularmente discordo disso, mas como não tenho que aceitar nada porque sei que ela não vai ouvir...

— É mentira. A maldição — Belinda disse apoiando-se entre os bancos encarando Betty e Caique — Não existe tal coisa.

— Existe sim. — Betty a contrariou — Eles vivem entre nós. Eu sei disso. Andei pesquisando sobre a cidade, sobre quem vive nela. Todas as pessoas sem exceção que tentaram ou saíram de Nuvia morreram algum tempo depois de acidentes ou mortes súbitas. Não é coincidência.

— Acidentes acontecem o tempo todo — Belinda tentou de novo

— Não! Existe algo maior. Algo mais perigoso que vai destruir todos nós. Acredito que uma grande guerra está por vir. Eles chegaram à Nuvia. Eles vão destruir todo mundo e eu preciso avisar a essas pessoas para que elas se salvem.

TOQUE DE SEDUÇÃO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora