CAPITULO 11- IDA AO SOHO

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-Sinceramente não sei o que eu estou fazendo aqui. –resmungou Aaron de terno e gravata, olhando-se entediado no espelho gigantesco que ficava ao lado dos provadores.

   Sentado perto dele, em uma poltrona preta super confortável, Marvin recuperava-se boquiaberto do susto que havia levado. Não conseguia acreditar que naquela loja a maioria dos ternos valiam quase o salário anual de seu pai. Afinal, entre o Armani que Aaron estava experimentando para o casamento da senhora Stonewell, e o terno que sua própria mãe havia feito com sua pequena máquina de costura para a formatura da irmã, a única diferença real encontrava-se nos dizeres da etiqueta.

   -Linda ficaria emocionada se o visse agora, Aaron. Nunca vi um terno ficar tão bem em uma pessoa como ficou em você. Acho que nem precisará de ajustes. –elogiou Albert aproximando-se do futuro enteado.

   -Obrigado, senhor Fenner, mas eu não gosto muito desse estilo engomadinho. Meu jeito é bem diferente desse cara que eu to vendo no espelho. É como se eu não me reconhecesse vestido desse jeito.

   -Eu entendo, filho. Já fui adolescente um dia e assim como você também não gostava de terno, gravata, sapato lustrado. Só que com o tempo nós amadurecemos e acabamos fazendo quase tudo que tanto odiamos um dia. Assim é a vida, rapaz. Cheia de mudanças. E você ainda vai passar por muitas delas. Bem, se precisar de mim estarei no provador experimentando o fraque. Ah e, por favor, não se preocupe com o preço dos ternos, escolha o que quiser. – disse ele com gentileza para o garoto.     

   Aaron concordou balançando de forma afirmativa a cabeça e voltando a entediante situação que estava, analisou-se mais uma vez diante do espelho. Logo depois disto, Albert dirigiu-se até os provadores sendo escoltado por um verdadeiro batalhão de vendedores.   

  Sem paciência para escolher outro terno, Aaron resolveu ficar com aquele mesmo e em um gesto mais de preguiça do que cansaço abandonou-se na poltrona ao lado de Marvin, desafrouxando logo em seguida o odioso nó duplo de Windsor da gravata cinza que o enforcava.

   -E aí, como você está se sentindo? – quis saber Marvin, lançando um olhar interrogativo ao amigo.

   -Em relação a quê? O casamento?

   -Não cara, Sophie! Você finalmente conseguiu o que tanto queria, não é verdade?

   -Ah, é... – respondeu Aaron afundando-se ainda mais na poltrona parecendo pouco animado. – Nem acredito que vou sair com ela amanhã à noite. É tão...sei lá...estranho...

   -Ok, mas não esquece que você prometeu me ajudar com Chloe, hein! Aquela ideia que você falou hoje de manhã quando foi pegar a guitarra lá em casa ainda está de pé, não está?

   -Pode ficar tranquilo, M.J. . Eu já falei com a Mel. Ela vai ligar pra Chloe e combinar tudo. Amanhã você vai poder se declarar pra sua amada, quero dizer, isso se não ficar tremendo de medo como ficou na festa da Vicky. – alfinetou o amigo.

   -Claro que não!  Cara, você me inspirou depois que conseguiu esse encontro com a Sophie. Eu aposto que vou falar tudo o que sinto pra Chloe e mais, vou conseguir beijá-la!

   -É, mas vá devagar “Romeu”. Primeiro conversa com ela e aí depois, se pintar um clima, você a beija.  Se for com essa pressa toda e forçar a situação, a Chloe pode ficar com medo e sair correndo.

   -Eu sei, não vou estragar essa chance. Pode deixar comigo. – disse Marvin sorrindo. –Agora mudando de assunto, você recebeu alguma notícia daquela prova que a gente fez há pouco tempo?

   Despertado da preguiça que o dominava, Aaron sentou-se direito na poltrona parecendo agora muito mais interessado do que antes.

   -Não. Eu passei algumas vezes no meu antigo prédio e não tinha carta alguma do Conservatório Schubert. Talvez eu vá amanhã pra ver se chegou algo. Mas por que a pergunta? Você recebeu alguma carta de lá?

Uma Garota em Nova York (Livro Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora