Capítulo Dois

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Como já não bastasse ter aula de História, matéria que eu odeio, no primeiro horário; fiz a proeza de levantar atrasada. Mas em vez de correr para chegar uns 30 minutos depois do horário de entrada, deixei para ir para a aula do segundo tempo. E porque também eu não queria ver a cara do Samuel hoje. Afinal, nem sei como ele veio falar comigo, como pensou em mim para ajudá-lo já que nunca falou um "a" comigo no colégio.

Coloquei minha calça jeans de barra dobrada (eu amo calça cropped); minha blusa do "The Cranberries" (banda que eu amo desde mais nova) e meu amado All Star Preto (que eu faço um charme amarrando o cadarço na perna). Fiz um coque no cabelo e peguei uma maçã na cozinha. Eu não estava com muita fome hoje, mas nunca saio sem comer nada, porque morro de medo de passar mal.

Assim que coloquei os pés na sala de aula a Raysa veio ao meu encontro me puxando para o banheiro.

-Giulia Negrini, você vai ficar de boca aberta com o que eu vou te contar!!!

-Fofoca agora, Raysa? -eu fiz uma cara de cansaço.

-Ei, eu não faço fofoca. Eu só te informo das coisas que estão acontecendo.

-Tá. O que está acontecendo hoje?

Ela começou a dar risadas e a pular naquele entusiasmo que só ela tem.

-Você está bem? -eu coloquei a mão em sua testa.

-Hoje, quando eu cheguei adivinha quem veio falar comigo perguntando de VOCÊ?! -ela soletrou a última palavra.

Eu gelei. Só podia ser o Samuel. Agora ele vai ficar me perseguindo no colégio? Era só o que me faltava.

-Quem? -eu disse aflita.

-A Melanie. Ela perguntou se você ia querer tentar mais uma vez entrar para a banda dela -eu me encostei na pia do banheiro e até bufei.

-Isso tudo é emoção, Ju? -Ray me olhou confusa.

-Põe emoção nisso.

Meu sonho era poder participar da banda da Melanie. Uma vez até tentei entrar só que a Lindsay acabou ganhando o lugar para a vocalista. A Ray era a que mais me incentivava pois dizia que eu tinha que participar de alguma coisa na escola e claro, por ela amar minha voz. Ela entrou a pouco tempo para o time de líderes de torcida mas eu não curtia muito esse negócio de ficar dançando.

-E aí, você vai entrar?

-Não sei. Tenho que pensar.

-Pensar no quê? É a sua chance Giulia.

-Eu sei. Mas eu não sei se estou segura para isso. Estamos praticamente na formatura já.

-Tudo é uma questão de ensaio.

Nesse instante, a dona Nancy, a inspetora, entrou no banheiro e nos mandou ir para a sala.

-Vocês duas amam ficar de conversinha no banheiro. O professor Nicholas já está em sala.

-Já estamos indo dona Nancy -falei enquanto saímos do banheiro.

-É que eu a Giulia estávamos resolvendo um assunto muito sério.

-Ah sei! -ela fingiu acreditar. -Boa aula meninas.

-Obrigada -falamos juntas.

Fomos para a sala e no momento que eu ia fechar a porta, vi o Samuel. Ele estava parado em frente a cantina e acenou para mim sorrindo. No mesmo instante, fechei a porta e fui para o meu lugar. Eu já até havia me esquecido do que tinha acontecido ontem. Precisava contar para a Raysa. Peguei o meu caderno e escrevi um bilhete.

Tudo por essa garotaOnde histórias criam vida. Descubra agora